A Origem do Socialismo
No final do século XVIII, a Europa viveu o período que ficou conhecido como Revolução Industrial. A implementação do modelo de produção fabril promoveu mudanças econômicas, urbanas e sociais.
As cidades se desenvolveram, a necessidade de mão de obra aumentou e, consequentemente, as relações sociais e familiares ganharam uma nova dinâmica.
Muito do desenvolvimento das fábricas seguiu um processo orgânico sem um planejamento e sem regras que acompanhassem as rápidas transformações.
Além do enriquecimento que as indústrias permitiram, os novos produtos e a nova relação de consumo e produção, houve problemas decorrentes do processo, como jornadas de trabalho longas, insalubres e perigosas.
Diante destes problemas, novas questões sociais foram surgindo: poluição, miséria e violência nos centros urbanos. Alguns estudiosos e pensadores se debruçaram neste cenário para entender o que estava acontecendo e como poderiam fornecer alternativas para os problemas.
A teoria socialista foi uma das vias para contornar todas as questões que o desenvolvimento industrial trouxe. Seus idealizadores almejavam uma sociedade sem desigualdades.
O que é Socialismo?
O socialismo é uma ideologia política e socioeconômica que orienta de forma prática como instaurar a revolução materialista e igualitarista. A finalidade é alcançar uma sociedade igualitária, sem classes e apátrida, sem nacionalidade.
Os primeiros pensadores dessa corrente são: foram Saint-Simon, Charles Fourier e Robert Owen. Eles são considerados os primeiros pensadores socialistas.
O primeiro autor a usar o nome socialismo foi Pierre Leroux, em 1834. Para ele: "a doutrina que não desistiria dos princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade", da Revolução Francesa.
A Revolução Francesa foi o período de convulsão política vivido na França entre 1789 e 1815. Uma rápida sucessão de governos, líderes e tendências políticas, grande agitação social, guerra com países estrangeiros, fome e crise econômica: tais foram apenas alguns dos eventos que agitaram o país.
Noël Babeuf (1760 – 1797), jornalista e ativista político francês também é considerado um dos primeiros socialistas da história. Dentre as suas teses políticas, Babeuf defendia que os governos deveriam implantar reformas agrárias e tributárias.
Marx nomeou o socialismo dos três primeiros pensadores como Socialismo Utópico, porque acreditava que suas ideias nunca conseguiriam implementar a ideologia de fato.
Saint-Simon, Fourier e Owen acreditavam que o consenso social e a boa vontade em prol do bem comum levariam a sociedade ao socialismo.
As principais ideias dos socialistas utópicos são:
- transição gradual para uma sociedade ideal;
- cooperativismo;
- trabalho coletivista;
- igualdade social.
Posteriormente, Karl Marx e Friedrich Engels trouxeram uma nova proposta que consolidou o que é socialismo.
O conceito de socialismo
Em 1848, Marx e Engels escreveram o Manifesto Comunista e apresentaram ao mundo o socialismo científico. O conceito de socialismo científico concretizou a ideia do que é socialismo, sendo uma etapa anterior ao comunismo.
Karl Marx e Friedrich Engels eram amigos, boa parte da filosofia marxista foi pensada em conjunto por eles. Juntos eles desenvolveram os principais ensaios sobre o socialismo.
Os dois enxergavam a disputa entre classes em toda a realidade. Eles consideravam que a diferença entre patrão e empregado era uma injustiça. Por causa disso, a diferença deveria deixar de existir para que os trabalhadores não fossem mais oprimidos.
Karl Marx e Engels condenavam:
- O sistema capitalista;
- A propriedade privada;
- A família;
- A liberdade individual;
- A religião.
Motivado por seus ideais, Marx fundou a Sociedade dos Trabalhadores Alemães para fortalecer o movimento operário europeu.
Tanto ele quanto Engels pertenciam à Liga Comunista, que defendia a luta de classes, ou seja, a guerra armada entre operários e patrões, isto é, entre proletariado e burguesia.
Eles entendiam que era necessário criar o caos na sociedade para derrubar a ordem vigente. Assim, acreditavam que do terror a ordem surgiria, bem como a igualdade. Tudo isto por meio de um governo socialista que seria implementado.
Essa noção que os dois pensadores desenvolveram tem origem nas ideias de Georg Wilhelm Friedrich Hegel.
O filósofo ensinava que do combate entre os contrários surgiria algo melhor. Em suas palavras, dizia que o embate de uma tese com sua antítese levariam a uma síntese, que seria uma nova tese a ser combatida.
Assim, tudo estaria sempre em mudança, alcançando uma síntese após a outra. Marx herdou isso e formulou seu jeito de pensar.
O socialismo científico é o verdadeiro socialismo e é ele que leva ao comunismo. Em resumo, é uma doutrina que orienta as práticas necessárias para se instaurar a revolução. Somente assim ele crê que conseguirá uma sociedade igualitária.
Socialismo científico x socialismo utópico
O socialismo pode ser entendido em duas formas básicas:
- Socialismo utópico: Corrente de pensamento que pretende alcançar uma sociedade ideal de forma lenta, gradual e pacífica.
- Socialismo científico: teoria socialista desenvolvida por Karl Marx, na qual ele ensina que é preciso uma revolução e uma luta armada para mudar a sociedade e acabar com as injustiças. Por isso, ele fez uma análise crítica e científica do capitalismo.
Existem outras versões e nem todas envolvem a violência. Mas a essência permanece sendo a teoria da luta de classes e a abolição da propriedade privada.
Não ter propriedade privada é não possuir nada próprio. Tudo será do Estado, que terá a responsabilidade de distribuir tudo igualmente. Na prática, o governo passa a ser o único detentor de propriedades. Isso recebe o nome de capitalismo de Estado ou Partido único.
Originalmente, o Marxismo defende que pela revolução a classe operária deve tomar os meios de produção dos burgueses e depois o governo, implementando a ditadura do proletariado, ou o socialismo.
O governo deve suprimir os burgueses para que percam a hegemonia na manutenção do poder, suprimindo-lhes as estruturas de dominação tradicionais, quais sejam, a família, a religião, as escolas, o poder e a economia.
Feita a transição das estruturas sociais, o Estado socialista é suplantado e o comunismo é a nova ordem.
Para quebrar as estruturas de classes é preciso opor: empregados contra patrões, homens contra mulheres, ricos contra pobres, negros contra brancos e homossexuais contra heterossexuais.
A intenção é levar a sociedade ao caos, dividindo-a e causando o máximo de antagonismos.