Um comercial da marca de roupas e acessórios American Eagle tomou os noticiários mundiais. A propaganda explodiu em popularidade e em polêmica com apenas 15 segundos de tela.
No vídeo, a atriz americana Sydney Sweeney aparece falando das qualidades do seu jeans enquanto veste uma calça da marca.
A campanha, que fugiu da atual onda politicamente correta da comunicação corporativa, foi um estrondoso sucesso. Porém, não demorou muito para que o comercial fosse acusado de transmitir “mensagens eugenistas” e reforçar “padrões brancos de beleza”.
Sydney, que é loira e de olhos azuis, se tornou o centro de um debate para além da moda, que envolveu políticos, celebridades e milhões de usuários de redes sociais.
Até a Casa Branca entrou na discussão. Enquanto isso, as ações da American Eagle dispararam na bolsa.
Mas como uma propaganda de calça jeans se transformou em um caso de guerra cultural?
Confira agora o que está por trás do comercial da American Eagle com Sydney Sweeney.
A campanha “Sydney Sweeney Has Great Jeans (Sydney Sweeney tem ótimos jeans)” apostou no humor de duplo sentido. A atriz diz no comercial: “My jeans are blue”, que significa: “O meu jeans é azul.”
Acontece que a fonética da palavra “jeans” se assemelha ao termo em inglês “genes”, que significa genes. Neste caso, fazendo referência à genética da atriz.
A polêmica começou pela combinação do trocadilho com a escolha da protagonista: uma atriz jovem, branca, loira, de olhos claros, enquadrada como o retrato perfeito do “ideal eurocêntrico” de beleza.
A partir dessa leitura, militantes e comentaristas passaram a associar a peça a ideias eugenistas, uma teoria pseudocientífica do século XX que defendia a “melhoria” genética da população.
A reação foi tão intensa que a American Eagle removeu versões do vídeo de alguns canais oficiais. Em resposta às críticas, postaram que todos podem usar seus jeans, mas o assunto já havia se espalhado.
Durante a polêmica do jeans, outro caso histórico foi lembrado: em 1980, a Calvin Klein lançou um comercial com a então adolescente Brooke Shields, do clássico “A Lagoa Azul”. Nele, a jovem atriz diz:
“Quer saber o que fica entre mim e minha Calvin? Nada.”
A frase gerou indignação pública pela interpretação de teor sexual e fez com que o comercial fosse proibido em várias emissoras de TV.
Naquele tempo, a polêmica girava em torno da sensualidade e dos limites da publicidade. Quarenta e cinco anos depois, no caso de Sydney Sweeney, a discussão migrou para o campo ideológico da estética.
Assim como no caso de Shields, a repercussão não foi unânime: enquanto uns acusavam, outros defendiam a liberdade criativa da marca e a ausência de qualquer intenção discriminatória.
A seguir: quais foram as reações do público e como este caso contrasta com marcas que seguiram o caminho inverso.
O público alinhado à militância feminista acusou a marca de “propaganda racista disfarçada de piada”.
Alguns chegaram até a comparar a peça com publicidades nazistas da Segunda Guerra.
A cantora de rap americana Doja Cat publicou um vídeo no TikTok imitando Sydney Sweeney com sotaque caipira, ridicularizando o comercial. O vídeo se tornou viral entre o público de esquerda, ultrapassando 14 milhões de views.
No outro campo político, o senador republicano Ted Cruz defendeu a campanha publicitária, ironizando que os democratas odeiam mulheres bonitas.
Donald Trump também comentou o caso. Em sua rede Truth Social, elogiou a atriz e a campanha, dizendo que ela tem o anúncio mais quente que existe.
Trump também ficou surpreso em descobrir que a atriz era filiada ao partido republicano e reagiu com alegria:
O resultado foi surpreendente: no dia seguinte ao post de Trump, as ações da American Eagle subiram mais de 20%, registrando a maior alta desde o ano 2000.
Estimativas apontam que o ganho de valor de mercado superou a casa das centenas de milhões de dólares.
O caso contrasta com o da Jaguar. Em 2024, a montadora britânica lançou uma campanha de reposicionamento chamada Copy Nothing. Voltada para a diversidade, o material de lançamento sequer mostrava carros.
A campanha foi criticada por se afastar da identidade da marca e se associar a pautas da cultura woke, tentando “desconstruir” o conceito tradicional de luxo automotivo.
O resultado foi uma enorme perda de valor de mercado: as vendas caíram 97% e o CEO da companhia se demitiu.
Situações assim são frequentemente usadas para ilustrar a expressão popular no meio corporativo dos Estados Unidos: “go woke, go broke” — algo equivalente a “quem lacra, não lucra” no Brasil.
A frase sintetiza a percepção de que empresas que se distanciam de seu público tradicional para adotar uma comunicação excessivamente politizada correm o risco de perder relevância e mercado.
A “cultura woke” é um termo originalmente usado para indicar consciência social sobre questões de justiça e igualdade.
Críticos alegam que o movimento passou a abranger um conjunto de práticas de censura social, boicote e policiamento da linguagem.
Dentro deste guarda-chuva, a chamada cultura do cancelamento atua como braço operacional: mobiliza redes sociais para destruir reputações, pressionar empresas e silenciar vozes dissidentes.
Marcas que buscam constantemente aderir a essas pautas correm o risco de serem acusadas de oportunismo ou incoerência. As que rompem com elas podem enfrentar ataques e boicotes, mas também conquistar um público que vê nisso um ato de coragem.
Casos recentes mostram uma mudança: parte significativa do público parece cansada de mensagens excessivamente politizadas na publicidade.
O caso Sydney Sweeney — intencional ou não — se encaixa nessa tendência.
O episódio mostra como até uma propaganda de roupa pode se tornar palco de batalha ideológica, sendo símbolo de resistência ou de opressão, dependendo de quem analisa.
Entre elogios e ataques, a American Eagle descobriu que o custo de ir contra a maré pode ser alto, mas, em alguns casos, também pode ser lucrativo.
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