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História
3
min de leitura

O que é o fascismo? Veja o que os maiores especialistas internacionais explicaram a Brasil Paralelo

Descubra o que é o fascismo e por que ele continua relevante hoje: ideologia ultranacionalista, regimes totalitários, culto ao líder e violência política.

Por
Lucas Brandão Pelucio
Publicado em
25/8/2025 17:54
Conhecimento Científico

O fascismo é uma ideologia política que defende o totalitarismo estatal e o nacionalismo, tendo emergido na Itália em 1919, sob Benito Mussolini. A ideologia se espalhou por outras partes da Europa, especialmente a Alemanha nazista. 

Para o historiador Stanley Payne, formado na Universidade de Columbia, entrevistado pela Brasil Paralelo para a trilogia História do Fascismo, as principais características do fascismo são:

  • ultranacionalismo
  • culto ao líder carismático
  • violência organizada
  • controle total do Estado sobre a sociedade.

Para entender o assunto de forma didática, com muitos dos maiores especialistas no tema, toque aqui para saber mais sobre a trilogia História do Fascismo.

O que você vai encontrar neste artigo?

Origens históricas

De acordo com a produção História do Fascismo, produzida pela Brasil Paralelo a partir de entrevistas com alguns dos maiores especialistas do mundo, o fascismo nasceu diretamente do trauma da Primeira Guerra Mundial. 

A Itália, embora estivesse no lado vencedor, saiu do conflito marcada por frustração territorial, crise econômica e instabilidade social.

O historiador Donald Sassoon (Birkbeck College, University of London) explica que esse ambiente foi terreno fértil para o surgimento de um movimento que se apresentava como capaz de restaurar a força nacional. 

Já Stanley Payne (formado na Universidade de Columbia) observa que o fascismo foi uma resposta radical ao colapso do liberalismo e ao medo de uma revolução socialista internacionalista como a que havia ocorrido na Rússia.

Mussolini, militante socialista, soube canalizar esse descontentamento: reuniu veteranos de guerra, nacionalistas e jovens militantes em torno de uma promessa de renascimento da pátria italiana. 

A virada de Mussolini: de socialista para fascista

O grande nome do início do fascismo é Benito Mussolini. Nascido em uma família socialista, seu nome foi uma homenagem a Benito Juárez, herói da Revolução de Ayutla no México, porque seu pai — um ferreiro socialista — admirava líderes revolucionários que lutavam pelo comunismo.

Mussolini começou sua trajetória no Partido Socialista Italiano (PSI), chegou a ser diretor do jornal Avanti! e era um dos quadros mais promissores da esquerda italiana.

Ele defendia a luta de classes e a revolução contra a ordem burguesa, inspirado por Marx e Sorel.

A virada da Primeira Guerra Mundial

O ponto de ruptura foi 1914–1915, quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial.
Enquanto a maioria dos socialistas defendia neutralidade (“nem aderir, nem sabotar”), Mussolini passou a pregar a intervenção da Itália no conflito. Ele mesmo foi soldado na guerra.

No início, ele até via a guerra como oportunidade para precipitar uma revolução social, mas logo trocou o foco: começou a enxergar a nação, e não mais a classe, como o sujeito da história.

Influências intelectuais

  • Georges Sorel → já havia influenciado Mussolini antes, com a ideia da violência como mito regenerador. Mussolini reaproveitou isso, mas trocando o motor revolucionário: em vez da classe, a nação.

  • Charles Maurras (Action Française) → ultranacionalista francês, que defendia a união do povo em torno da pátria contra inimigos internos.

  • Os nacionalistas italianos (Enrico Corradini, Alfredo Rocco) → defendiam a ideia de “nações proletárias”, ou seja, países como a Itália que seriam explorados pelas potências vencedoras da Primeira Guerra.

  • Veteranos da guerra (a “trincheirocracia”) → também foram influência decisiva: a experiência brutal das trincheiras ensinou a muitos italianos, Mussolini incluído, que a violência, a disciplina e o sacrifício pela pátria eram virtudes supremas.

Resultado

Ele rompeu com o socialismo, foi expulso do PSI em 1914 e, a partir daí, começou a fundir a revolução com o nacionalismo

Foi assim que nasceram, em 1919, os Fasci di Combattimento, embrião do fascismo enquanto movimento de massas.

  • Essa história é longa e complexa. Para entendê-la em detalhes, assista à investigação definitiva sobre o fascismo, a trilogia História do Fascismo, da Brasil Paralelo. Com análises de especialistas internacionais, você vai entender de onde ele veio, como conquistou milhões e por que esse termo é usado até hoje de forma equivocada - toque aqui para saber mais.

A política como nova religião

O fascismo não surgiu apenas de crises políticas e econômicas. Ele também foi fruto de um ambiente intelectual marcado pelo secularismo radical, pelo culto à força e pelas teorias do darwinismo social que circulavam na Europa no fim do século XIX e início do XX.

A elite intelectual europeia da época via o cristianismo como um entrave ao progresso e à disciplina social. 

A crítica de Nietzsche à moral cristã — que ele acusava de valorizar a fraqueza e negar a vida — foi reinterpretada por ideólogos fascistas como justificativa para substituir a religião tradicional por uma “religião política”: o culto ao Estado e ao líder.

O historiador Stanley Payne ("University of Wisconsin"), em entrevista para a Brasil Paralelo, explica que esse deslocamento da fé para a política deu ao fascismo uma aura quase espiritual, capaz de mobilizar multidões como se fosse uma crença religiosa.

A exaltação da força e da violência

Influenciados por pensadores como Georges Sorel, que defendia a violência como mito mobilizador, Mussolini e Hitler viam a política como uma guerra permanente, onde apenas os fortes deveriam vencer. 

Marchas, milícias de rua e confrontos abertos não eram apenas táticas, mas também símbolos de que a nova ordem se fundava no poder e não no consenso democrático.

Darwinismo social e a ideia de “raças superiores”

As teorias do darwinismo social, que aplicavam a lógica da seleção natural às sociedades humanas, foram fundamentais para o nazismo. Hitler acreditava que a história era uma luta racial na qual povos “inferiores” deveriam ser subjugados ou eliminados. 

O fascismo, nesse sentido, se apresentava como um movimento de regeneração biológica e cultural, onde a nação mais forte deveria prevalecer.

Como observa Richard J. Evans ("University of Cambridge"), entrevistado no épico História do Fascismo, o nazismo levou essa ideia ao extremo, transformando o Estado em máquina genocida, ao mesmo tempo que justificava sua política expansionista como se fosse uma lei natural da sobrevivência dos povos.

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