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Filosofia
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Eugenia – a teoria que busca uma “raça melhorada” ainda vigora no mundo moderno

Eugenia é uma teoria que visa a seleção de seres humanos com a finalidade de criar uma raça melhorada. Até hoje essas ideias promovem mortes e segregação racial.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
7/11/2022 11:28
-

Eugenia é uma teoria que atenta contra a humanidade e fere os direitos mais invioláveis da dignidade humana. Ainda é necessário estudar eugenia porque, com contornos mais sutis, ela permanece presente na sociedade, ocultada por uma nova roupagem ideológica. 

Algumas culturas ao longo da história tinham o costume de eliminar pessoas deficientes ou enfermas logo que nasciam. Espartanos, celtas e povos indígenas são exemplos. Essa prática, hoje claramente vista como um atentado aos direitos humanos, visava manter as tribos apenas com os mais aptos à sobrevivência. O problema é que isso ainda acontece hoje.

O que antes era fruto de culturas menos civilizadas ganhou contornos científicos e adesão de intelectuais. A eugenia é uma prática que ainda não foi totalmente abolida da sociedade moderna. Discriminação e racismo são exemplos das motivações atuais.

Foi o Movimento Eugenista que emprestou suas ideias ao Nazismo e fundamentou teorias de pureza racial. As principais consequências do movimento foram:

  • o nazismo;
  • a esterilização da população pobre e negra nos EUA;
  • a criação da Planned Parenthood e a industrialização do aborto.

Contra os eugenistas, os pensadores G.K. Chesterton e C.S. Lewis estão entre os que mais mostraram como a eugenia é consequência de uma ciência destituída de moralidade.

O que você vai encontrar neste artigo?

O que é Eugenia?

Certa vez, um pensador se perguntou como identificar quem eram os melhores seres humanos da sociedade. Em outras palavras, na espécie humana, qual ser humano é melhor para se reproduzir e manter as melhores características para as próximas gerações?

Para responder a essa pergunta, o matemático Francis Galton (1822-1911) cunhou o termo “Eugenia”. A etimologia deriva do grego e significa “bem nascido”, ao misturar as palavras “Eu”, que significa “bom” e “Genia”, que é “nascimento”.

O conceito de Galton defendia a seleção de pessoas que podem nascer e se reproduzir com base em características como cor de pele, atributos físicos e aptidões intelectuais.

O estudioso definiu eugenia como:

“O estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente”.

O intuito de Galton era identificar quem são os membros ideais da sociedade. Esses seriam incentivados a se reproduzirem visando o aperfeiçoamento dos genes das gerações futuras.

Francis-Galton
Foto do matemático Francis Galton

Para os eugenistas, alguns indivíduos eram indesejáveis na sociedade e deveriam ser impedidos de gerarem filhos. Os critérios de exclusão abarcavam condições socioeconômicas, fenotípicas, vícios e doenças físicas e mentais.

Segundo esses defensores eugenistas, prostitutas, deficientes, negros, pobres e alcoólatras deveriam ser extirpados da sociedade.

Galton acreditava que era preciso impedir a reprodução de “indesejáveis” para impedir uma “piora racial” na espécie humana.

Inspirado em Charles Darwin, Jean-Baptiste de Lamarck e outros pesquisadores influentes da época, o matemático aplicou conceitos da seleção natural ao ser humano.

A intenção desses pensadores era usar a eugenia para criar uma nação mais forte ao aperfeiçoar e fortalecer características físicas, psicológicas e comportamentais dos indivíduos, selecionando quem pode se reproduzir.

No seu livro, Galton propunha que “as forças cegas da seleção natural, como agente propulsor do progresso, devem ser substituídas por uma seleção consciente e os homens devem usar todos os conhecimentos adquiridos pelo estudo e o processo da evolução nos tempos passados, a fim de promover o progresso físico e moral no futuro”.

O argentino José Ingenieros publicou, em 1900, um texto, posteriormente divulgado como “La simulación en la lucha por la vida”. Neste texto incluem-se algumas considerações eugênicas:

“Por acaso, os homens do futuro, educando seus sentimentos dentro de uma moral que reflita os verdadeiros interesses da espécie, possam tender até uma medicina superior, seletiva; o cálculo sereno desvaneceria uma falsa educação sentimental, que contribui para a conservação dos degenerados, com sérios prejuízos para a espécie”.

A teoria eugênica ganhou adeptos ao redor do mundo. Em 1908, foi fundada a “Eugenics Society” em Londres, primeira organização a defender essas ideias de forma organizada e ostensiva. Um de seus líderes era Leonard Darwin (1850-1943), oitavo dos dez filhos de Charles Darwin.

Diversos países criaram sociedades eugênicas:

  1. Alemanha;
  2. França;
  3. Dinamarca;
  4. Tchecoslováquia;
  5. Hungria;
  6. Áustria;
  7. Bélgica;
  8. Suíça;
  9. União Soviética;
  10. Estados Unidos;
  11. Argentina;
  12. Peru;
  13. Brasil.

Sob o pretexto de melhoria genética, o conceito fortaleceu práticas de exclusão e segregação social.

As teorias eugenistas no Brasil

O Brasil foi um dos primeiros países da América do Sul a criar um movimento eugenista organizado. No começo do século XX, o termo “eugenia” já aparecia em artigos e pesquisas médicas. Em 1918, a corrente se consolidou com a fundação da Sociedade Eugênica de São Paulo.

Na década de 1930, com a publicação do Boletim de Eugenia, o movimento ganhou ainda mais força no Brasil.

Um médico eugenista brasileiro defendeu a limpeza da linhagem brasileira de qualquer resquício de povos indígenas e negros. Renato Kehl, um dos fundadores da Sociedade Eugênica de São Paulo, escreveu dezenas de livros defendendo as práticas racistas.

Em seu livro “A Cura da Fealdade”, o médico defende abertamente a limpeza da linhagem brasileira e o embranquecimento da população.

As teorias eugênicas no Brasil se consolidaram com o intuito de embranquecer a população, o que hoje pode ser visto como uma mancha na história. Em 1820, com as primeiras regras restringindo o tráfico de escravos, o Brasil incentivou em massa a migração europeia.

Além de trazer mão de obra qualificada para o Brasil, engenheiros sociais desejavam embranquecer o país.

As imigrações portuguesa, alemã, italiana e japonesa foram incentivadas no século XIX. Outras políticas públicas foram feitas no Brasil motivadas pelas teorias eugenistas.

Entre 1853 e 1870, a então capital do Brasil, Rio de Janeiro, passou por uma reforma. O modelo de inspiração era a cidade de Paris, com largas avenidas arborizadas. Mas o centro do Rio era tomado por casarões antigos do período colonial.

As velhas estruturas abrigavam cortiços, casarões onde coabitavam muitas famílias de condição humilde.

Para os reformadores do Rio de Janeiro, a capital do país que desejava se modernizar não poderia ter seu centro tomado por pessoas tidas como “indesejáveis”. Motivados pelas teorias eugênicas, as autoridades do Rio de Janeiro expulsaram os moradores dos cortiços do centro e demoliram os casarões.

  • A reforma do Rio de Janeiro deu origem ao processo de favelização da cidade. Toque aqui e saiba mais.

Sob um pretexto científico, a teoria eugenista lamentavelmente promoveu a exclusão de pessoas

As piores consequências das ideias eugenistas

As ideias eugenistas influenciaram diversos movimentos no século XX e XXI. As principais consequências do movimento foram:

  • o nazismo;
  • a esterilização da população pobre e negra nos EUA;
  • a criação da Planned Parenthood e a industrialização do aborto.

O Movimento Eugenista emprestou suas ideias ao Nazismo e fundamentou teorias de pureza racial.

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Margaret Sanger pregava uma limpeza étnica da população dos Estados Unidos. Antes da Segunda Guerra Mundial, grupos eugenistas dos Estados Unidos promoviam feiras para eleger bons casais reprodutores.

Esses casais eram julgados conforme o seu biótipo, aparência e critérios que eram fundamentados em ideologias evolucionistas. Essas ideias estão profundamente arraigadas e ligadas à origem do abortismo contemporâneo.

Margaret Sanger dizia:

Todo portador de debilidade mental é uma possível fonte de uma descendência defeituosa interminável; damos preferência à política de esterilização imediata para que se proíba completamente a procriação dos débeis mentais”. O Eixo da Civilização.

O Nazismo e a eugenia

Campo-de-Concentração
Foto de crianças judias presas num Campo de Concentração Nazista.

Uma das maiores mazelas da humanidade tem a eugenia em sua fundação. A Alemanha hitlerista desenvolveu teorias da superioridade da raça ariana a partir das ideias eugenistas de pensadores como Francis Galton e Margaret Sanger. Defenderam uma raça supostamente pura da qual o povo alemão descendia dos antigos povos germânicos.

No programa do Partido Nacional-Socialista Alemão, publicado em 1920, os nazistas revelavam sua intenção de segregar judeus da sociedade alemã. Em 1933, quando chegaram ao poder, emitiram cerca de 400 decretos contra o povo semita.

Em 1933, restringiram o acesso de judeus às escolas e universidades alemãs, depois limitaram o número de servidores públicos de origem judia. Em 1934, proibiram a entrada deles em espaços públicos como teatros.

Em 1935, foram publicadas as Leis de Nuremberg. Elas excluíram definitivamente os judeus da vida pública e proibiram que eles se casassem com arianos. Até que, em 1938, foram criados guetos para os povos semitas.

Em 18 de agosto de 1939, foi emitida uma circular do Ministério do Interior do Reich que obrigava médicos e enfermeiros a notificar crianças nascidas com deformidades. Elas eram tiradas de seus pais e recebiam injeções letais.

Depois foram criados os campos de concentração e os campos de extermínios de judeus e outros povos considerados indesejáveis aos nazistas. Como eram considerados inferiores, muitos prisioneiros foram vítimas de cruéis pesquisas científicas.

Richard Weaver afirma que “as ideias têm consequências”, e uma das consequências da eugenia foi o fomento ideológico que surgiu para os ideais nazistas.

Em 1953, após a Segunda Guerra Mundial, os crimes dos campos de concentração foram expostos. Isto não impediu que novos experimentos eugenistas surgissem.

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