O que é felicidade? Ao longo da história, filósofos de diferentes épocas se dedicaram a responder a essa questão, oferecendo ideias que discordam e se complementam entre si.
Aristóteles defendeu que a vida feliz é virtuosa e guiada com razão, assim como Sêneca. Santo Agostinho concorda, mas acrescenta que isso só é possível na presença de Deus. Em contrapartida, Epicuro defende que para ser feliz é necessário viver com prazer. Já Schopenhauer e Nietzsche defendem que viver sem sofrer é impossível.
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Para Aristóteles, a felicidade (eudaimonia) é o bem supremo, aquilo que todos os seres humanos buscam por si mesmo, e não como meio para outra coisa. Em Ética a Nicômaco (Livro I, capítulo 7), ele afirma:
“A felicidade é algo perfeito e autossuficiente, sendo o fim de todas as nossas ações.”
Aristóteles diz que a verdadeira felicidade não está nos prazeres momentâneos, riquezas ou honrarias, pois esses são bens externos e dependem de fatores fora do nosso controle. Em vez disso, a felicidade está em viver de acordo com a virtude (areté) e exercer a razão, pois o ser humano é, por essência, um animal racional.
No Livro I, capítulo 13, ele explica:
“A função própria do homem é uma atividade da alma em conformidade com a razão ou que implique a razão.”
Portanto, a vida feliz é aquela em que nossas ações estão alinhadas com a razão e a virtude moral, desenvolvendo qualidades como coragem, justiça, temperança e prudência. Aristóteles destaca ainda que essa felicidade é algo duradouro, alcançado ao longo de uma vida inteira, e não um estado passageiro.
Assim como seu mestre, Platão e o mestre dele, Sócrates, Aristóteles também liga felicidade à virtude e ao conhecimento, mas diverge em dois pontos principais:
Sócrates acreditava que quem conhece o bem necessariamente o pratica e que a virtude é suficiente para a felicidade. Já Aristóteles diz que a felicidade também requer bens externos (como saúde, amizades e alguma prosperidade), pois, sem isso, a vida virtuosa pode se tornar impossível.
Platão colocava a felicidade na contemplação do Bem e do mundo das Ideias, algo transcendental. Para Aristóteles, ela é imanente, prática: consiste em atividades humanas concretas, guiadas pela razão, sem depender de um mundo inteligível separado.
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Para Sêneca, a verdadeira felicidade não depende da sorte, da riqueza ou de acontecimentos externos, mas da nossa atitude diante da vida. Em Da Vida Feliz (cap. 3), ele afirma:
“O homem feliz é aquele que confia em si mesmo, que não depende das coisas externas.”
Isso significa que a felicidade, para ele, está em viver de acordo com a natureza e a razão, mantendo-se livre das paixões desordenadas e dos desejos excessivos.
Como bom estoico, Sêneca ensina que devemos aceitar aquilo que não podemos controlar e agir com virtude no que está ao nosso alcance.
Em suas cartas, ele reforça:
“Não é pobre quem tem pouco, mas quem deseja mais.” (Carta a Lucílio, IX)
Portanto, a felicidade não se encontra no acúmulo, mas na autossuficiência (autarkeia) e na tranquilidade da alma (ataraxia). A sabedoria consiste em compreender que as coisas externas são indiferentes, enquanto a virtude é um bem verdadeiro e inalienável.
Para Sêneca, o homem feliz é aquele que possui liberdade interior, capaz de permanecer sereno mesmo diante das adversidades. Essa paz nasce da prática da virtude, da razão e da aceitação do destino.
Em contraste, Epicuro (341–270 a.C.) afirmava que a felicidade está no prazer (hêdoné), entendido não como excessos, mas como ausência de dor no corpo (aponia) e tranquilidade na alma (ataraxia). Em sua famosa Carta a Meneceu, ele escreve:
“O prazer é o princípio e o fim de uma vida feliz.”
Para Epicuro, a vida boa é simples: cultivar amizades, satisfazer necessidades naturais (como alimento e abrigo) e evitar medos inúteis, sobretudo o medo da morte e dos deuses.
Enquanto o estóico busca a imperturbabilidade pela virtude, o epicurista busca tranquilidade pelo prazer moderado.
Sêneca foi um dos maiores filósofos estóicos. Leia o artigo da Brasil Paralelo sobre o estoicismo e aprenda sobre a filosofia que a ensina como agir com calma e controle.
Seguindo muito de perto o pensamento de Aristóteles, Santo Agostinho acredita que a felicidade é o fim último da vida humana, mas ela não pode ser encontrada nas coisas do mundo, e sim em Deus. No livro X das Confissões, ele afirma:
“Fizeste-nos para Ti, e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti.” (Confissões, X, 27)
Essa frase resume sua concepção: o ser humano tem uma sede infinita que nada de finito pode saciar. Riquezas, prazeres e honras são limitados, e por isso não trazem felicidade verdadeira. Apenas Deus, sendo infinito e eterno, pode satisfazer completamente a alma humana.
Em A Cidade de Deus (Livro XIX), Agostinho diferencia os que buscam a felicidade na Cidade dos Homens (focada em bens terrenos) e os que a encontram na Cidade de Deus (voltada para a eternidade). Para ele, a verdadeira felicidade é “a vida eterna”, onde a alma goza da visão e amor de Deus.
Além disso, Agostinho considera que a virtude é necessária, mas não suficiente, pois a felicidade depende também da graça divina. A razão é importante, mas precisa estar iluminada pela fé. Ele critica filosofias que buscam a felicidade apenas pelo esforço humano.
“A vida feliz é a alegria proveniente da verdade.” (Confissões, X, 23)
Além de felicidade, Santo Agostinho versou sobre diversos outros temas através do prisma do cristianismo. Conheça as principais idéias de Santo Agostinho
Para Schopenhauer, a felicidade, tal como normalmente concebida, é uma ilusão. Ele parte da ideia de que o mundo é movido por uma força cega e irracional que ele chama de "vontade", um impulso incessante que nunca se satisfaz.
No fundo, todos os seres humanos estão submetidos a esse desejo constante que, quando satisfeito, logo dá lugar a outro.
Ele escreve:
“A vida oscila, como um pêndulo, entre o tédio e a dor.” (O Mundo como Vontade e Representação, Livro IV)
Enquanto se deseja algo há sofrimento por não tê-lo (dor), mas quando é conseguido, o sentimento seguinte não é satisfação, mas decepção ou vazio (tédio). Nessa lógica, a felicidade duradoura é inatingível. O máximo que podemos conseguir são momentos de alívio do sofrimento, e não uma felicidade positiva e permanente.
“A felicidade negativa, isto é, a ausência de sofrimento, é tudo o que podemos esperar.”
Contudo, Schopenhauer não é um niilista. Ele oferece caminhos para minimizar o sofrimento:
Em seus Aforismos para a Sabedoria de Vida, ele também sugere que uma vida simples, afastada de grandes ambições e cultivando a interioridade, pode oferecer algum grau de paz.
Nietzsche (1844–1900), que começa como leitor de Schopenhauer, rompe radicalmente com esse pessimismo. Para Nietzsche, a vida não deve ser negada, mas afirmada, mesmo com sua dor e caos. Em A Gaia Ciência (aforismo 276), ele pergunta:
“Quero cada vez mais aprender a ver como belo o necessário nas coisas; assim serei um daqueles que fazem belas as coisas.”
Sua concepção de felicidade não é ausência de sofrimento, mas a capacidade de dizer “sim” à vida inteira, com suas alegrias e dores. Isso é o que ele chama de amor fati (amor ao destino).
Para Nietzsche, a força vital (vontade de poder) se expressa na criação de valores, na superação de si mesmo e na vivência intensa, não na fuga do querer como dizia Schopenhauer.
“O que não me mata me fortalece.” (Crepúsculo dos Ídolos)
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