A ética utilitarista surgiu no século XIX e logo se espalhou pelo mundo. Jeremy Bentham criou um método para calcular as melhores ações éticas que inaugurou a mentalidade do mundo moderno. Sua intenção era dar uma base científica para o funcionamento dos governos e grupos sociais, sendo sua teoria usada até os dias de hoje.
“Tornar feliz a vida humana, tanto no sentido comparativamente humilde de prazer e ausência de dor, como no sentido mais elevado de tornar a vida, não aquilo que ela é agora quase universalmente, algo pueril e insignificante, mas tal como podem desejá-la seres humanos com faculdades plenamente desenvolvidas”. (trecho do livro O Utilitarismo, de John Stuart Mill)
Este artigo é baseado na aula Ética Utilitarista, do curso As 5 Grandes Correntes da Ética Contemporânea, presente no Núcleo de Formação da Brasil Paralelo.
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A ética utilitarista é uma corrente da filosofia que defende a validade de uma ação caso ela busque o bem do maior número de pessoas, geralmente atrelado ao aspecto materialista dos benefícios.
Essa teoria surgiu no século XIX com Jeremy Bentham, e foi posteriormente desenvolvida por John Stuart Mill. A base dessa ética é afirmar que uma ação é boa quando gera prazer e ruim quando gera dor.
O cerne da ética utilitarista é o consequencialismo.
Segundo o consequencialismo, o fator que determina a bondade ou maldade de um ato, ser ele louvável ou reprovável, são apenas as suas consequências.
Por exemplo:
Para a teoria utilitarista, um terrorista que desejasse armar uma bomba num hospital, mas que, por erro próprio, explode um prédio habitado por bandidos, age de forma ética, teve uma boa ação, porque muitas pessoas serão beneficiadas com o resultado.
Para os teóricos do utilitarismo, o certo e o errado universal não existe: essas categorias são definidas a partir do que gerará prazer para o maior número de pessoas.
Desde o início da elaboração desta teoria ética, a preocupação principal sempre foi com o coletivo, e não com as pessoas em particular, explica o filósofo Henry Sidgwick.
No livro que inaugurou e explica o que é a ética utilitarista, Os Princípios da Moral e da Legislação, Jeremy Bentham já afirmava que o utilitarismo é uma ética voltada para a ação dos governos.
Segundo Bentham, os governantes precisam tomar suas decisões visando gerar o maior prazer possível para o maior número de pessoas possível.
O prazer preconizado pelos teóricos utilitaristas é o prazer material. Seus principais intelectuais eram empiristas, negavam completamente a metafísica e a religião.
Bentham elaborou o utilitarismo para ser aplicado de maneira matemática, a partir de um único método algorítmico: o método hedonístico.
O método deveria ser aplicado segundo o único princípio da ética utilitarista: o homem busca prazeres e foge do sofrimento.
Esse princípio, adotado nas vidas particulares, segundo Bentham, deveria ser a pauta do agir coletivo, que, não podendo agradar a todos, pelo menos deveria gerar a maior satisfação possível para o maior número de pessoas, defende Derek Parfit no livro Reasons and Persons.
Bentham começou a publicação das ideias utilitaristas em 1789, ano da Revolução Francesa. Ele foi muito criticado logo após a publicação de suas teses.
John Stuart Mill veio em defesa de Bentham e desenvolveu ainda mais a ética utilitarista.
Em 1863, Mill publica o livro Utilitarismo, gerando o nome definitivo da teoria.
O livro buscava tornar a ética utilitarista mais aceitável para os críticos de Bentham.
Mill introduz na teoria utilitarista conceitos de outras correntes éticas. Agora, o utilitarismo aceita conceitos de virtude, consciência moral, autonomia e liberdade.
Mill também tentou explicar o princípio da utilidade (o que Bentham afirmava ser impossível) e adicionou ao utilitarismo princípios secundários, especialmente o princípio da justiça.
Contudo, mesmo adicionando elementos inéditos à teoria, a essência permanece a mesma.
Segundo Mill, todos os conceitos e princípios secundários adicionados servem apenas para auxiliar o princípio fundamental: favorecer com que o maior número de pessoas atinja o maior prazer possível.
As principais características da ética utilitarista são:
Seus autores afirmavam que o homem deve agir buscando apenas para si as maiores vantagens possíveis. Para eles, as pessoas devem favorecer o próximo na medida em que elas mesmas serão beneficiadas.
Por exemplo:
Uma pessoa deve ser caridosa na medida que ganhe prestígio social. Atingir um nível de caridade maior do que esse é prejudicial para o utilitarismo.
A ética utilitarista rechaça qualquer tipo de argumento que vá além do mundo material. Seus principais fundadores seguiam o pensamento empirista.
Para os utilitaristas, o bem é apenas o que traz gostos materiais, como alimentar-se bem e ter relações sexuais.
Práticas como estudos e caridade devem ser buscadas na medida em que poderão fornecer maiores gozos carnais.
Por não aceitar a metafísica e buscar o prazer material, a ética utilitarista é uma teoria relativista. Segundo esse segmento da ética, qualquer coisa que gere prazer próprio e ajude no prazer dos demais é lícito.
Caso uma pessoa sinta prazer ao se drogar, ela deve poder usar seus produtos sem interferência alheia, mesmo que seja prejudicada.
Após John Stuart Mill, outros intelectuais defenderam e desenvolveram a ética utilitarista, fazendo com que esse pensamento se tornasse muito utilizado no mundo moderno.
Alguns dos principais teóricos do utilitarismo moderno e suas obras são:
A ética utilitarista é uma das principais éticas utilizadas no mundo moderno.
O utilitarismo, também, é a base dos Estados Liberais, formados no século XX e predominantes no século XXI.
Diversos movimentos sociais surgiram devido ao pensamento novo que o utilitarismo trouxe às grandes massas. Antes de sua vigência, as sociedades ocidentais cristãs e orientais tradicionais possuíam outras éticas.
Alguns dos principais movimentos que a ética utilitarista influenciou são:
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