Todes es leitoris que forem amigues de lingue portuguese, que estiverem habituadix aus clássices, que prezarem peli usi d@ gramátic@ em sue melhor forme, estranharãx esti novi formate di escritx. Talvez, se a introdução a este artigo obedecesse às regras da linguagem inclusiva com uso do gênero neutro, seria assim.
Alguém não acostumado, ao ler o parágrafo acima, poderia responder com um trecho de Djavan: “É mais fácil aprender japonês em Braile”.
A linguagem inclusiva possui um paradoxo. Ela tenta incluir, mas exclui aqueles que não a aceitam e muitos outros, como esclareceu, neste artigo, a professora Cíntia Chagas no item 4.
A linguagem inclusiva, ou linguagem neutra, é uma tentativa de alterar a estrutura da língua ao criar palavras novas, por exemplo, pronomes de gênero neutro. Isto acontece quando ideólogos e ativistas de gênero alegam que um idioma encoraja o machismo e o sexismo.
Na língua portuguesa, por exemplo, considera-se que as palavras masculinas e femininas refletem um mundo binário no qual existem apenas dois sexos. Por esta razão, alguns militantes Pri Bertucci e Sandra Diaz propõem o uso de palavras que não excluam as pessoas trans.
Não raro, aqueles que aderem a esta nova forma de falar pretendem que o legislativo crie leis que obriguem todas as pessoas a usar o gênero neutro, tanto na escrita quanto na oralidade.
Aqueles que se recusam a usá-lo, costumam ser rotulados de forma negativa pelos militantes radicais. Nos últimos anos, as propostas de alteração da língua ganharam impulso, a ponto de colégios e universidades começarem a adotar a linguagem neutra nas grades de ensino.
Entretanto, a adoção desta reestruturação da gramática apresenta uma série de problemas e erros:
Ao longo deste artigo, estas consequências do uso de uma linguagem inclusiva, com pronomes inventados, serão explicadas.
Quanto à Ideologia de Gênero, já foi escrito um artigo completo sobre o assunto. O próximo passo é entender historicamente se a língua portuguesa foi composta de forma preconceituosa ou não.
A importância da linguagem inclusiva vem da crença no preconceito linguístico. A suposta existência de tal preconceito é uma ideologia aplicada à gramática normativa e inclui a perspectiva de que não se deve corrigir as crianças que falam errado na sala de aula, pois seria um preconceito contra aqueles que não têm o domínio do português.
Em outras palavras, as alegações de preconceito linguístico no Brasil, por exemplo, são uma roupagem para eliminar o uso correto da gramática. Para aqueles que defendem isto, não se pode afirmar que há formas corretas ou incorretas.
Um aluno, neste contexto, não poderia ser corrigido se escrevesse uma redação com suas gírias. Desta forma, os estudantes são privados do ensino da norma padrão culta, que permite uma melhor organização do pensamento, comunicação e produção literária.
Há também a alegação de que a língua portuguesa exclui pessoas porque tem uma gramática sexista.
A língua portuguesa não é machista ou sexista. A gramática não foi pensada com a intenção de excluir pessoas; antes, foi uma evolução natural da comunicação cotidiana de vários povos ao longo da história.
Ela teve origem no latim, que surgiu na Península Itálica, na região do Lácio. Na Península Ibérica foi influenciada por romanos, gregos, árabes e celtas, entre outros. No Brasil, também foi influenciada pelos povos indígenas e africanos.
Entretanto, a linguagem inclusiva não considera a história da língua, nem suas normas totalmente dissociadas de temáticas sexuais. Para os militantes da língua, tudo foi decidido por opressores. Por esta razão, eles querem mudar as palavras.
Para responder a esta questão, a professora Cíntia Chagas foi convidada. Já foi responsável pelo maior índice de aprovação em cursos de medicina na capital mineira, em seu próprio cursinho.
Também é autora dos best-sellers Sou péssimo em português e Um relacionamento sem erros de português. Ela é comentarista da rádio Jovem Pan de SP, articulista do Estado de Minas, palestrante e instagrammer.
Sua resposta na íntegra foi:
No último ano, o dialeto não binário, conhecido também como linguagem neutra, tornou-se tema constante nas mídias nacionais e internacionais. Amparado por um discurso pseudoinclusivo, esse novo modo de falar e de escrever, se vingasse, implicaria consequências desastrosas para a maioria das pessoas, que, obviamente, não apoiam tal modismo.
Além de sua dificuldade cognitiva, esse dialeto traria vocábulos como todes, meninx, elu e ile. As consequências mais graves seriam sofridas justamente por grupos com algum tipo de deficiência ou de dificuldade. Mas não era para incluir? Os únicos que se beneficiariam seriam os pouquíssimos pertencentes à comunidade não binária.
Note-se, por exemplo, o caso dos surdos ou das pessoas com deficiência auditiva. Como elas fariam a leitura labial, por exemplo? Em uma discussão, disseram-me: “Ah, os surdos se acostumam.” Nossa… Quanta empatia… Pimenta nos olhos dos outros é refresco, não é mesmo? Os surdos já não passam por agruras suficientes? A primeira língua deles é a Libras; depois vem a língua portuguesa. E agora ainda viria uma sublíngua? É de chorar.
Na conjuntura dos cegos, a situação não é diferente. Os softwares de leitura por eles utilizados sofreriam uma reprogramação? A cada software lançado, os cegos têm de se adaptar, o que nem sempre é fácil. Seriam criados novos softwares única e exclusivamente por causa dos não binários? A vida de quem não enxerga já não possui desafios suficientes? Meu Deus!
Passemos agora para a situação dos disléxicos. Segundo a Associação Brasileira de Dislexia, esse distúrbio acomete de 5 a 17 por cento da população mundial em idade escolar. O que fazer com esses estudantes? Impor a eles substantivos inexistentes, pronomes falsos e regras estapafúrdias que nada têm a ver com o nosso idioma? Pedem que utilizemos a letra “e” como sinalizadora de neutralidade. Mas “pente” termina com essa letra e é masculino. Como incutir essas ideias na cabeça de quem já tem dificuldades severas com o básico? Parece um pesadelo.
O dialeto não binário pode ser tudo, menos inclusivo. Em nome de uma superproteção a uma ínfima parcela da sociedade, acarretaríamos consequências danosas a grupos que tanto sofrem com tarefas simples do dia a dia. Como declarado pela L’Académie française, a linguagem neutra não passa de uma “aberração linguística”. Esta não pode ser imposta à maioria da população, muito menos a surdos, a cegos e a disléxicos. É preciso sair do mundo da Alice no País das Maravilhas e fincar os pés na realidade.
Se, pelo que foi lido, a linguagem neutra não é boa, como entender as alterações exigidas? Isto será esclarecido ao longo do artigo.
Ninguém pode considerar-se o dono da língua. Ela não é formada por decisões arbitrárias. As regras e padrões linguísticos são deduzidos pelos gramáticos, não criadas.
Nem mesmo Machado de Assis, Guimarães Rosa ou Cecília Meireles propuseram mudanças na gramática, embora tivessem toda a liberdade criativa em seus textos. Guimarães Rosa foi um dos que mais criaram palavras. Entretanto, não militava para que os outros as usassem contra a própria vontade.
A comunidade lusófona, falante do português, também não altera a língua de acordo com um capricho de um grupo de pessoas, ainda que de literatos.
Antes de um acordo ortográfico ser firmado, a comunidade deve se reunir e concordar em pelo menos 50%. As mudanças percebidas são analisadas, estudadas até a exaustão e só então propostas.
Por exemplo, a mudança de 2009, ano em que o Novo Acordo Ortográfico entrou em vigor, começou a ser pensada desde 1990. Foram décadas de estudo e mais alguns anos para adaptação.
Não é possível arbitrar sobre o sistema linguístico apenas por vontade própria. A gramática é uma ciência desde Aristóteles.
É inimaginável alterar a língua de acordo com a vontade de cada grupo que não se sente confortável com certas pronúncias e suposições.
Ao pensar em regras para estruturar a língua, deve-se pensar em regras recorrentes e aplicáveis. A língua funciona por heurística, um modelo mental a partir do qual as novas sentenças são replicadas e transformadas.
De acordo com as regras da gramática, os pronomes do português estão adequados. Para compreender como são usados atualmente, é necessário recorrer ao latim.
Nas palavras do linguista Aldo Bizzocchi:
“A razão pela qual usamos o gênero masculino para nos referir a homens e mulheres não é ideológica, mas fonética. Em latim, havia três gêneros – masculino, feminino e neutro –, cujas terminações mais frequentes eram us, a e um. O chamado gênero complexo, que agrupa substantivos de gêneros diferentes, era indicado em latim pelo neutro.
Quando, por força da evolução fonética, as consoantes finais do latim se perderam, as terminações do masculino e do neutro se fundiram, resultando nas desinências portuguesas o e a, características da maioria das palavras masculinas e femininas, respectivamente.
Ou seja, o nosso gênero masculino é também gênero neutro e complexo. Portanto, não há nada de ideológico, muito menos de machista, na concordância nominal do português”.
E para o Professor Cláudio Moreno:
“A ‘supremacia’ do masculino que nos leva a usar [por exemplo] convidados, e não convidadas, (e que faz o dicionário registrar os substantivos no masculino singular – aluno, lobo, prefeito) – Essa supremacia, repito, é ilusão.
Mattoso Câmara Jr. fez, nos anos 60, a descrição definitiva do sistema de gênero e número de nossos substantivos e adjetivos: o plural é marcado por S, enquanto o singular se assinala pela ausência desses S; a marca do feminino é o A, enquanto o masculino se assinala pela ausência desse A. Sabemos que aluna, mestra e professora são femininos porque ali está a marca; inversamente, sabemos que aluno, mestre e professor são masculinos porque ali não está a marca.
Por isso, enquanto quisermos ser genéricos, podemos usar o singular, masculino (ou seja, o número e o gênero não marcados): ‘O brasileiro trabalha mais do que o inglês’ (entenda-se: ‘todos’) – e por esse mesmo motivo o dicionário assim registra os substantivos.
Paradoxalmente, o gênero que exclui é o feminino: se dissermos que o aumento vai ser estendido aos aposentados, homens e mulheres estão incluídos; se for, porém, estendido às aposentadas, os homens estão fora”.
Mesmo que se considerasse esta origem, algumas pessoas poderiam questionar seu uso, propondo mudanças.
Os ativistas dos direitos LGBTQI+ que pretendem incluir novos pronomes na língua portuguesa dizem que esta ressalta as diferenças sexistas na sociedade. A intenção é mudar maneira como as pessoas falam para que aqueles que não se identificam com seu sexo biológico sintam-se confortáveis.
Segundo eles, é preconceito e humilhação não usar os pronomes certos para os tipos de pessoa que existem na sociedade. Um padrão não inclusivo e patriarcal.
Apesar disso, não há necessidade alguma de incluir pronomes de gênero neutro. Isto é gramaticalmente errado, não replicável, confuso e desnecessário pelas razões já explicadas.
Não é possível querer que isto se torne uma forma padrão. Esta forma é um espelho de um ideal de língua que está sempre afastado temporalmente e precisa ser aceito e usado naturalmente, não imposto.
No máximo, a linguagem neutra em termos de gênero será um tipo de gíria tribal.
Finalmente, não é necessário criar o que já existe.
As discussões recentes, movidas pelos defensores da linguagem neutra, com pronomes de gênero neutro, não levam em consideração a origem latina das palavras.
Estes pronomes relativos já são gramaticalmente neutros:
Vale a pena ressaltar que a vogal o representa o gênero masculino da palavra, e a vogal a representa o gênero feminino da palavra. Estes são conceitos relacionados com o gênero da palavra, não da pessoa.
Para os defensores da linguagem inclusiva, os pronomes são apenas uma parte do problema. O ideal é extinguir o masculino e o feminino da língua como um todo, porque eles defendem que não existe tal tipo de divisão na realidade.
Em português, os substantivos podem ser:
Os biformes são substantivos com duas formas de gênero, os uniformes possuem uma. Gênero, em gramática, refere-se à palavra, não ao que ela se refere. Palavras e coisas são representações distintas.
Para entendê-lo da melhor forma, serão dados exemplos separados.
Há diferentes maneiras de grafar o masculino e o feminino nestes substantivos.
O gênero da palavra é grafado usando as vogais o ou a. Por exemplo, aluno ou aluna. Todas as desinências são para o feminino, porque a forma neutra corresponde ao masculino.
O gênero é grafado com palavras diferentes. Por exemplo, boi é masculino (mesmo terminado em i) e vaca é feminino.
São substantivos com apenas uma forma para o gênero da palavra. Podem ser de três tipos:
A polêmica da linguagem inclusiva e neutra resgata uma discussão que vai além da forma de escrever ou falar uma língua. É necessário pensar sobre a filosofia por trás das intenções daqueles que propõem estas mudanças e a própria função da linguagem.
A filosofia sempre lida com a linguagem, buscando entender o que é um conceito em relação ao que é o mundo. As palavras conceituam, por exemplo, o que é o bem, o belo e o justo.
Na ausência de um conceito, a determinação do que é certo ou errado ocorre no discurso mais sofisticado, retórico, em que a opinião mais aceita convence, independentemente da verdade.
Há uma relação obrigatória entre o que é a palavra e o que é o objeto/ser. A filosofia da linguagem, desenvolvida modernamente, é a área de estudo responsável por analisar, socraticamente, o que é linguagem, o que é palavra e o que é retórica.
A ideologia é resumida na linguagem, no discurso que não apresenta um conteúdo. É um conjunto de ideias que não pretende descrever a realidade, mas alterá-la no campo conceitual.
A Ideologia de Gênero está intrinsecamente ligada à linguagem inclusiva, usando pronomes de gênero neutro.
As pessoas criaram uma série de novos gêneros; mas, estes são realmente usados? O que é um ser humano não binário?
O que se percebe são palavras que pretendem criar uma realidade que os olhos não veem.
A linguagem inclusiva de gênero pretende redefinir o que é verdade, levando para a gramática da língua portuguesa a pretensão da Ideologia de Gênero em negar que o ser humano é homem ou mulher.
Quando se tenta legislar sobre o tema, escolhe-se quem diz o que é verdade: os próprios olhos ou o Estado.
Alterando-se a língua, propõe-se que o discurso é mais importante do que a realidade. Disto deriva a nova autoridade que alguns jornalistas experimentam. Muitos pretendem guiar as pessoas com base na ideologia, tratada como um fato científico, mesmo que se trate apenas de uma suposição.
Neste caso, as palavras são apenas instrumentos políticos. Mudar a estrutura da língua é o primeiro passo para alcançar a cultura.
A função psicológica da linguagem estabelece uma espécie de pertença ou não a algum grupo. O mundo das ideologias de hoje é exatamente isso.
As pessoas usam termos que permitem aos outros facilmente identificar a quais grupos pertencem. A gíria tem uma função, não é uma aleatoriedade da vida. Com seu emprego, procura-se fechar grupos.
A função psicológica, vale ressaltar, desperta este pertencimento a um grupo.
A velha mídia usa palavras vazias, em um mundo desconceituado, a fim de promover a mudança de comportamento. Muitos jornalistas se comportam como sacerdotes, querendo orientar mais do que informar.
A infiltração da linguagem inclusiva tem sido gradual e lenta. A patrulha da linguagem neutra começou a infiltrar-se nas escolas.
Em um mesmo país, há a língua geral, a oficial, a regional, as gírias, os dialetos, as terminologias científicas e as nomenclaturas profissionais específicas, entre outras formas.
No entanto, sem o domínio da língua geral, os outros aprendizados também ficam defasados. A leitura e a escrita são anteriores, por exemplo, à aritmética. Seria difícil ensinar contas a uma criança que não sabe falar, por exemplo.
O que confere maturidade linguística é o aprendizado da gramática. O domínio do idioma é algo básico.
A experiência é que crianças trilíngues ou bilíngues têm um melhor desempenho na escola, pois captam diferentes nuances da língua e se acostumam com as articulações do pensamento, adquirindo flexibilidade intelectual.
A língua está em decomposição e uma forte razão para isso é o problema da inteligência coletiva.
Pierre Lévy estudou as redes sociais e disse que está sendo formada uma inteligência coletiva que será a base da cultura e da democracia participativa.
Quando muitos falam ao mesmo tempo e a mesma coisa, a repetição leva a uma sensação de conhecimento geral. O que é repetido acaba vigorando como sendo a opinião pública.
Isto funciona com base na neutralização da inteligência individual. O todo passa a valer mais do que o produto individual.
É possível que, em uma sala de aula, o conjunto não entenda, mas um aluno específico tenha entendido. Como é possível o contrário? Que o conjunto tenha entendido, mas não cada um separadamente?
Em outras palavras, a forma como a classe, o grupo, se comunica, torna-se mais importante do que a forma individual.
Em casos graves, as pessoas que discordam do grupo são atacadas.
No entanto, o exercício da inteligência é propriedade do indivíduo, não da coletividade. A inteligência coletiva é uma impressão criada por uma confluência de discursos individuais. O resultado é uma espécie de totalitarismo.
A linguagem inclusiva, usando pronomes de gênero neutro, não só arruína a língua portuguesa, mas também se apresenta com uma roupagem totalitária.
Por que pedagogos e professores podem considerar-se responsáveis pelo processo de identificação sexual dos filhos dos outros?
Ensinar uma linguagem neutra às crianças é, além de errado gramaticalmente, a aniquilação do princípio de separação entre meninos e meninas, gerando confusão sexual em suas cabeças.
O uso da linguagem neutra é parte do projeto de anulação das diferenças biológicas entre homens e mulheres, anulando a própria língua portuguesa.
As pessoas forçam mudanças na maneira como falam. Não se trata de um processo natural.
Há 40 anos, o então presidente José Sarney dirigia-se ao povo dizendo: “Brasileiras e Brasileiros”.
Como explicado, bastava apenas dizer brasileiros para incluir a todos. Mais tarde, o pronome neutro todos também foi alvo de críticas.
Apesar de já ser neutro e incluir o masculino e o feminino, referir-se ao público como todos e todas começou a se tornar comum.
Devido à pressão dos grupos, aqueles que usam a língua de forma correta, empregando todos para realmente se referir à totalidade, passaram a ser vistos com desconfiança, julgados e taxados como machistas e homofóbicos.
Não é possível alterar o português para que este se torne uma língua neutra. Os artigos, substantivos, adjetivos, plurais e até os numerais combinam o gênero atribuído às palavras.
A sequência de exemplos abaixo, aponta a razão da impossibilidade.
O uso do @ ou X não apresenta o menor sentido gramatical. Algumas palavras tornam-se impronunciáveis, além de serem desestruturadas silabicamente.
Todos os pontos mencionados acima apontam contradições e problemas gerados na linguagem, já que o uso do pronome neutro não oferece soluções replicáveis ou que façam sentido dentro de uma lógica gramatical.
A língua é viva e continua a se adaptar às mudanças no mundo. Novas formas de falar e escrever continuarão a surgir e poderão ser modismos. Por esta razão, não se altera a gramática de um idioma com base no que é passageiro.
Uma mudança oficial pode levar séculos, deve começar na vida comum das pessoas, ser aceita, permanecer, fazer sentido e ser capaz de ser replicada.
Os problemas apresentados no português não são os únicos. O mesmo movimento já é amplamente observado em outros países.
Em 2015, a Academia Sueca foi a primeira a adotar o gênero neutro no dicionário oficial da língua. E o problema atravessou o oceano.
A Real Academia Espanhola, analisando guias de linguagem não sexista, encontrou não só transgressões às normas da própria RAE, mas também a várias gramáticas normativas.
O morfema -e ganhou visibilidade em 2018, o mesmo período das grandes manifestações a favor da legalização do aborto na Argentina. Em geral, movimentos feministas em favor da diversidade sexual compõem os maiores defensores da alteração da linguagem.
Até alguns anos, não era comum que colégios tivessem normativas para isso, mas alguns já estão surgindo. Algumas universidades já aceitaram como válidas “as expressões da linguagem inclusiva e não sexistas nas produções escritas e orais”.
Para Alicia Zorrilla, presidente da Academia Argentina de Letras:
“A linguagem inclusiva não é uma linguagem, e sim o espelho de uma posição sociopolítica”.
Jordan Peterson, aclamado professor de psicologia na Universidade de Toronto e também na Universidade de Harvard, teve visibilidade internacional não apenas pela qualidade de suas aulas e pelos livros publicados.
Um vídeo mostrando sua reação enérgica no campus de Toronto o popularizou em vários países. Ele se recusou terminantemente a obedecer à lei que regulamenta o uso de pronomes neutros para transgêneros.
Na língua inglesa, alguns exemplos de pronomes tradicionais são:
Pronomes neutros na língua inglesa:
Jordan Peterson explicou que ele se recusa a acreditar que os outros tenham o direito de decidir a linguagem que ele usa, especialmente se usam leis punitivas.
De acordo com ele, não faz sentido usar palavras exigidas por ideólogos radicais, cujo ponto de vista ele não compartilha, baseadas em construções artificiais. Disse também que recusar o uso de uma linguagem inclusiva não é desrespeitar os direitos humanos.
O ponto alto de seu argumento é a acusação de que tal imposição, a do pronome de gênero neutro, fere a liberdade de expressão de todo cidadão.
Nunca antes, no uso do inglês, houve uma situação em que fosse exigida uma legislação para produzir uma transformação na maneira como as pessoas falam.
Dizer às pessoas o que elas podem falar é diferente de impor uma nova forma, tornando a forma padrão em algo ilegal.
É inviável que cada um dos tipos de gênero, dezenas, escolha qual pronome deve ser usado para referir-se a si.
Para Peterson, a língua não muda por decretos de leis, especialmente quando são instrumentos de uma agenda ideológica. A principal consequência é a redução da liberdade de expressão.
Camille Paglia, PhD em literatura inglesa pela Yale, vê tudo isso como uma agitação política para mudar a língua comum de cada dia. Ela não considera como sua filosofia de vida impor a sua forma de viver aos outros.
Concordando com o Professor Jordan Peterson, ela considerou isto como uma invasão dos direito de outras pessoas.
Em suas palavras:
“A língua inglesa é de posse de todos. Ela foi criada por grandes artistas: Chaucer, Shakespeare, Wordsworth, Joyce e por aí vai. Como você ousa, seu pequeno maníaco chorão, nos dizer como nós usaremos os pronomes?”
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