Foto da Capa: Arte do documentário Grandes Minorias, episódio 3.
Os negros lutam pelo fim da segregação racial há quase dois séculos nos Estados Unidos. A história continua, mas de forma diferente. Apesar das manifestações do movimento Black Lives Matter serem recentes, ele não está desvinculado do passado.
Descubra a história não contada que envolve a luta pelas vidas negras. Assista ao terceiro episódio da minissérie As Grandes Minorias.
Protesto do grupo Black Lives Matter, os manifestantes estão com os punhos cerrados rememorando o gesto do grupo Pantera Negra.
Black Lives Matter (BLM) significa “Vidas Negras Importam” ou “Vidas Negras Contam”. É um movimento ativista iniciado nos Estados Unidos e difundido pelo mundo. Segundo os membros do movimento, existe um ataque intencional às vidas dos negros.
A principal bandeira deste movimento social é a luta contra a discriminação, desigualdade racial e brutalidade policial. As maiores ondas de protestos atuais envolvem mortes de negros causas por policiais brancos.
O BLM se apresenta sem hierarquia ou estrutura formal, como uma rede descentralizada.
No site do movimento, lê-se:
“Black Lives Matter é uma intervenção política e ideológica em um mundo onde vidas negras são sistemática e intencionalmente desaparecidas”.
Apesar desta definição para entender o movimento, é preciso relembrar um pouco da trajetória dos negros americanos para uma compreensão completa.
Qual é o contexto da segregação racial nos EUA?
A ideia de abolir a escravidão estava no rascunho da Constituição Americana, mas foi retirada por causa das colônias sulistas. Menos de 100 anos depois da Independência, os estados do Sul quiseram se separar. Afinal, o Governo Federal defendia a abolição da escravidão.
Em 1861, iniciou-se uma guerra civil após a eleição de Abraham Lincoln. A escravidão foi abolida quatro anos depois, mas o problema da segregação racial não terminou. Esta dificuldade permaneceu nos estados sulistas.
Apesar de livres, os negros tinham que obedecer leis que os separavam do convívio dos brancos.
Separate but equal (Separado mas igual)
Segregação racial nos bebedouros dos estados do sul dos Estados Unidos.
Este era o nome de uma doutrina jurídica da lei constitucional dos Estados Unidos. Ela justificava e legalizava a segregação racial no país. Por essa razão, os negros não podiam frequentar os mesmos lugares que os brancos.
Até as décadas de 30-40 havia segregação nas escolas, filas de espera, vagões de trem, banheiros públicos, restaurantes, bebedouros, hospitais, prisões, teatros, igrejas a até cemitérios. Havia até mesmo leis que impediam negros de votar.
As leis que impunham a segregação racial eram chamadas Jim Crow. Nos anos 50, foram iniciadas tentativas de acabar com elas. Por causa da forte resistência política, foram aprovadas apenas nos anos 60.
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Com essa pequena contextualização da história da segregação, falta apenas conhecer os antecedentes do movimento para entendê-lo nos dias de hoje.
Quais movimentos influenciaram o Black Lives Matter?
O primeiro foi o movimento pelos direitos civis. Ele alcançou o fim das leis raciais na década de 60. Mas o Sul permanecia resistindo. Surgiram grupos como MLK e Malcom X.
Eles aceitavam quaisquer meios na luta pela igualdade, incluindo a violência. Nem todos concordavam com isso. O maior exemplo foi Martin Luther King, que pregava a desobediência civil e nunca a violência.
Outro grupo que se destacou foi o Black Panthers, criado por universitários marxistas. Uma das exigências do movimento incluia a libertação de toda a população carcerária negra.
Apesar de ter alcançado escritórios em 68 cidades e milhares de membros, os Panteras Negras decaíram porque seus membros foram presos. Muitos tinham atividades criminosas como tráfico de drogas, extorsão e brigas internas. Isto levou o movimento à extinção.
Nestas mesmas décadas, movimentos marxistas, guerrilhas e o retorno da revolução sexual estavam ocorrendo em todo o mundo.
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Além dos movimentos citados, as principais organizadoras do movimento apontam outras fontes de inspiração:
Movimento Black Power;
Feminismo negro
Apartheid
Luta LGBTQI+
Occupy Wall Street.
Entretanto, os manifestantes distinguem-se das gerações anteriores, que tinham envolvimento da Igreja e das tradições da classe-média.
Os grupos antigos tinham um modelo de liderança carismática. Os atuais possuem um modelo de liderança centrado no grupo.
Os membros atuais do BLM rompem com o movimento negro tradicional nos EUA. Hoje, o grupo inclui a causa dos negros homossexuais, trans, incapacitados, sem documentos e com antecedentes criminais.
- Black Lives Matter, Paulo Freire e Oscar Niemeyer são enaltecidos por muitas instituições de ensino e canais de mídia, mas será que essas personalidades são os heróis que parecem? Analisamos a Face Oculta deles e de outras personalidades famosas - toque aqui para o primeiro episódio da 3ª temporada.
Ciente das semelhanças e diferenças entre os grupos, podemos finalmente nos aprofundar na história que se desenrola em nossas dias.