2016 - Contra o impeachment de Dilma Rousseff
Na semana de votação do impeachment de Dilma Rousseff, deputados do PT, PCdoB, PSOL e outros aliados do governo ocuparam a Mesa Diretora da Câmara.
O ato aconteceu horas antes da votação final e buscava atrasar ou deslegitimar o processo, que os governistas chamavam de “golpe parlamentar”.
Com cartazes e palavras de ordem, como “Não vai ter golpe!”, eles impediram temporariamente o andamento dos trabalhos e atrasaram a abertura da sessão.
A ocupação durou algumas horas, mas não mudou o resultado. No dia 17 de abril, a Câmara autorizou o impeachment por ampla maioria
2017 - Senadoras ocupam a Mesa do Senado contra a Reforma Trabalhista
Durante o governo Michel Temer, parlamentares do PT, PCdoB e PSOL ocuparam a Mesa da Câmara contra a reforma trabalhista.
A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) sentou na cadeira do presidente Rodrigo Maia, interrompendo a leitura do relatório de Rogério Marinho. Gritos de “Fora Temer” e cartazes contra o projeto marcaram a sessão.
No mesmo ano, senadoras do PT e do PCdoB tomaram a Mesa do Senado pelo mesmo motivo.
Gleisi Hoffmann, Fátima Bezerra, Regina Souza e Vanessa Grazziotin permaneceram no local por mais de seis horas. O presidente Eunício Oliveira chegou a cortar a luz do plenário, mas a reforma acabou aprovada.
2017 – Deputados ocupam o plenário da Câmara contra a Reforma da Previdência
Em dezembro de 2017, deputados da oposição ao governo Temer ocuparam a tribuna e a Mesa da Câmara para impedir a votação da Reforma da Previdência.
Com faixas e palavras de ordem contra a proposta, eles bloquearam a sessão e usaram recursos regimentais para atrasar as discussões. O clima foi tão tenso que, no dia 12, a reunião acabou suspensa sem nenhuma votação.
A manobra ajudou a adiar indefinidamente a reforma, que acabou retirada da pauta e só voltaria a ser discutida anos depois, no governo Bolsonaro.
Para a oposição, foi uma vitória contra um projeto impopular; para governistas, um “teatro” em plenário. Nenhum deputado foi punido, e o episódio reforçou a ocupação física como tática de pressão política no Congresso.
2018 - Manifestação contra a prisão de Lula
Em 2018, a estratégia foi usada em defesa de Lula, preso em Curitiba.
Deputados do PT, PSOL, PCdoB, PDT e PSB entraram no plenário da Câmara com cartazes de “Lula Livre” e prometeram obstruir todos os trabalhos.
Gritos de “Lula, guerreiro do povo brasileiro” ecoaram no salão.
2019 - Na primeira eleição de Alcolumbre para a presidência do Senado, Katia Abreu tomou a pasta de questões de ordem
Em 2019, a primeira eleição de Davi Alcolumbre para a presidência do Senado foi marcada por tensão e manobras regimentais.
Ele presidiu a sessão preparatória mesmo sendo candidato, alegando ser presidente interino, o que gerou protestos de aliados de Renan Calheiros.
A senadora Kátia Abreu protagonizou o momento mais tenso: subiu à mesa, tomou de Alcolumbre uma pasta com respostas a questões de ordem e a levou consigo, interrompendo os trabalhos.
Após horas de discussão, o plenário decidiu por votação aberta, o que adiou a eleição.
O MDB e o Solidariedade recorreram ao STF, e o ministro Dias Toffoli determinou votação secreta. A sessão passou ao comando do senador José Maranhão, e três candidatos desistiram.
A primeira votação foi anulada após surgirem 82 cédulas para 81 senadores, levando Renan a abandonar a disputa.
Na nova votação, Alcolumbre venceu com 42 votos, quebrando 18 anos de domínio do MDB. Ao final, Kátia Abreu lhe entregou flores como pedido de desculpas.
2019 - 2021 - Manobras regimentais constantes contra a agenda do governo Bolsonaro
Entre 2019 e 2021, partidos de oposição ao governo Bolsonaro usaram obstruções regimentais para atrasar as votações no Congresso.
PT, PSOL, PCdoB, PDT e PSB declaravam “obstrução” em bloco, deixavam de marcar presença para derrubar o quórum e apresentavam requerimentos para adiar discussões ou retirar pautas.
Também usavam discursos longos e todo o tempo de liderança para atrasar decisões. O clima, por vezes, gerava tumultos no plenário, com cartazes, protestos e trocas de acusações.
A estratégia raramente impediu a aprovação das pautas centrais, como a Reforma da Previdência de 2019, mas atrasou o calendário legislativo e forçou negociações.
O período consolidou a obstrução regimental como prática corriqueira no Parlamento, usada depois também por aliados de Bolsonaro quando passaram à oposição.
2020 - Obstruções partidárias durante a pandemia
Partidos de base governista e oposição anunciaram obstruções regimentais em outubro de 2020, levando a cancelamento de sessões na Câmara para bloquear votações, como medidas econômicas pós-pandemia.
Não houve ocupação física, mas uso de kit obstrução (requerimentos e discursos longos).
De 2016 a 2025, a cena se repetiu com protagonistas diferentes, mas com o mesmo objetivo: usar o espaço físico do Congresso como palco de pressão política
2025 - Ocupação após prisão de Jair Bolsonaro
Um grupo de parlamentares do PL conduziu a ação, acompanhado por aliados de outros partidos.
No plenário da Câmara, o presidente Hugo Motta só reassumiu a cadeira após ameaçar suspender por seis meses os mandatos dos parlamentares que se recusassem a sair.
Ele negou qualquer negociação política para retomar os trabalhos:
“A presidência da Câmara é inegociável. Não há acordo nem com oposição, nem com governo”.
No Senado, a desocupação ocorreu nesta quinta-feira, sem avanço sobre o pedido de impeachment de Moraes.
A pressão, no entanto, esteve presente nos discursos. Para o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, a ocupação foi um “AI-5 parlamentar”, comparável aos atos de 8 de janeiro: “É impedir o funcionamento de uma instituição democrática pela força”.
De 1948 a 2025, obstruções regimentais e ocupações físicas se repetiram no Congresso Nacional, com diferentes protagonistas e causas.
O instrumento não pertence a um único lado político. A cena muda, mas a estratégia é a mesma: usar o plenário como palco de pressão para travar ou influenciar votações.