Nos últimos anos da década de 1980, as repúblicas socialistas ao redor do mundo passaram por grandes protestos pedindo por liberdade e democracia, o que selou o fim da grande maioria dos regimes comunistas ao redor do globo. A República Popular da China também foi abarcada pelo movimento em 1989.
Após a morte de Hu Yaobang, chefe do Partido Comunista Chinês (PCCh), no dia 15 de abril de 1989, milhares de jovens se juntaram na Praça Tiananmen, ou Praça da Paz Celestial.
Yaobang era um reformista e partidário de Deng Xiaoping, porém sua postura era mais aberta à liberalização política no país.
O secretário se opunha ao culto à personalidade de Mao Zedong. Afirmava que o modelo marxista proposto pelo ditador não seria aplicável à realidade moderna da China e que deveriam ser aplicadas medidas para aumentar a transparência do governo.
Em 1987, Yaobang foi destituído pela alta cúpula do PCCh por supostamente não demonstrar firmeza em relação ao "liberalismo burguês", afirmação decorrente de uma postura considerada branda com relação às manifestações ocorridas no ano anterior.
Por conta de suas posições, muitos estudantes que acreditavam na abertura democrática do país viam Hu como uma esperança.
Quando o líder morreu, em 15 de abril de 1989, uma multidão de estudantes se dirigiu à praça central de Pequim, para demonstrar sua simpatia pelo ex-dirigente.
O cortejo fúnebre logo se transformou em um protesto massivo que pedia por reformas democráticas e por medidas para combater a corrupção e aumentar a transparência do governo.
Em um primeiro momento, o movimento foi menosprezado pela liderança do PCCh, porém as manifestações continuaram e muitas pessoas da sociedade civil passaram a se unir aos estudantes.
Em 13 de maio, dois dias antes da visita do soviético Mikhail Gorbachev, mais de 400 estudantes começaram uma greve de fome, o que aumentou ainda mais a força do movimento.
Nos dias seguintes, os protestos aumentaram e continuaram a se espalhar por todo o país, com a maior concentração ocorrendo em frente à sede do poder chinês na Praça da Paz Celestial.
Conforme o movimento se expandia, o governo passava a usar a mídia oficial para espalhar a narrativa de que se tratava de um grupo radical contra-revolucionário e financiado pela burguesia internacional.
Com base nessa justificativa, o governo mobilizou 30 divisões do exército para a capital. A principal delas foi a 27ª, composta por soldados do norte do país, liderada pelo sobrinho do presidente Yang Shangkun.
No dia 3 de junho, o Partido deu a ordem para que o exército realizasse uma ação contra os manifestantes da Praça na madrugada do dia seguinte.
Durante a noite, o exército começou a marchar rumo ao centro da capital chinesa, equipados com munições de guerra e atirando contra manifestantes pacíficos. Os militares abriram caminho para os tanques de guerra passarem pela cidade e cercarem a praça.
A uma hora da manhã do dia 4 de junho de 1989, os manifestantes estavam cercados de soldados e veículos blindados. Uma hora depois, o exército abriu fogo contra os estudantes em um massacre que durou horas.
Milhares de pessoas foram presas, muitas mandadas para campos de reeducação no interior do país, e qualquer sinal mínimo de resistência era respondido com um tiro.
Segundo relatos do diplomata britânico Alan Donald, os militares atiraram nos civis e depois passaram por cima das vítimas com tanques, e os que sobreviveram foram mortos a golpes de baioneta. Em seguida, os soldados utilizaram escavadeiras para empilhar os corpos para incinerá-los, jogando seus restos mortais no esgoto da cidade.
No dia seguinte, um jovem anônimo se colocou na frente de uma fileira de tanques e fez com que eles parassem, resultando em uma das fotos mais icônicas da história.
O número de mortos no conflito é desconhecido, as menores estimativas chegam a 300 pessoas, porém fontes internacionais como a Cruz Vermelha afirmam que pode chegar a 10 mil.
Estima-se também que quase 100 mil pessoas foram presas, porém estes números dificilmente serão verificados, já que o governo chinês não deu muitas informações sobre o evento.
De acordo com a Anistia Internacional, o Partido Comunista Chinês nunca reconheceu o massacre, inclusive, a organização faz um grande esforço para apagar o ocorrido da memória chinesa. Menções ao ocorrido na mídia chinesa são censuradas imediatamente e qualquer pessoa tentando falar sobre o evento é silenciada.
Todos os anos, o governo reforça a segurança para evitar que qualquer ato referente à memória das vítimas do massacre possa ser realizado.
O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, afirmou, em meio à tensão com o gigante asiático, que continuará lutando para preservar a memória da "repressão mortal" do governo chinês para defender a democracia. O presidente complementou afirmando que:
"Isso nos lembra-nos que a democracia e a liberdade não são fáceis de alcançar, por isso devemos responder à autocracia com liberdade, enfrentar a expansão do autoritarismo com coragem."
As imagens chocantes que circularam pelo mundo em 1989 de civis sendo atacados por forças militares acabaram com quaisquer esforços populares pela democracia no país.
O medo tomou conta daquela geração que viu pessoalmente do que o Partido Comunista Chinês é capaz quando se sente ameaçado pela vontade popular.
Para saber como o comunismo tomou conta da China toque no link da bio.
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