Estados Unidos e China anunciaram uma pausa de 90 dias na guerra comercial que vinham travando.
O acordo prevê que as tarifas americanas caiam para 30%, enquanto a China reduzirá suas taxas para 10%.
Embora essa trégua seja um respiro bem-vindo, as disputas entre Washington e Pequim são muito mais profundas e antigas do que a guerra comercial de Trump.
A dinâmica atual tem suas raízes mais diretas em 1949, com a vitória comunista de Mao Tsé-Tung e a fundação da República Popular da China.
Os Estados Unidos haviam sido aliados da China nacionalista de Chiang Kai-shek durante a Segunda Guerra Mundial e se recusaram a reconhecer o novo governo comunista em Pequim.
Eles optaram por manter o apoio aos nacionalistas, que se refugiaram na ilha hoje conhecida como Taiwan.
Este foi o início de mais de duas décadas de interação limitada e ausência de laços diplomáticos formais.
O antagonismo se aprofundou com a Guerra da Coreia, quando a China lutou pelo regime comunista da Coreia do Norte e os EUA combateram pela Coreia do Sul.
A década de 1950 foi marcada ainda por crises no Estreito de Taiwan e pela condenação americana à repressão chinesa no Tibete em 1959.
Uma reviravolta estratégica começou a se desenhar no final dos anos 1960. A crescente divisão entre China e União Soviética, causou confrontos na fronteira.
Isso fez com que os dois países comunistas se afastassem, abrindo caminho para uma aliança entre China e EUA.
O primeiro sinal veio com a "diplomacia do pingue-pongue", quando jogadores de tênis de mesa americanos visitaram a China em 1971.
No ano seguinte, o Secretário de Estado americano, Henry Kissinger, fez uma visita secreta ao país, abrindo caminho para o encontro entre Richard Nixon e Mao.
A República Popular da China foi reconhecida formalmente pela ONU no mesmo ano, o que fez o país substituír Taiwan no Conselho de Segurança.
As décadas seguintes foram marcadas por uma política americana de "engajamento", visando integrar a China à economia global.
A entrada da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001 impulsionou o comércio, mas também acentuou desequilíbrios e preocupações sobre práticas comerciais chinesas.
A crise financeira de 2008 revelou a crescente interdependência, com a China se tornando uma grande credora dos EUA.
Paralelamente, o aumento dos gastos militares chineses e sua agressividade no Mar do Sul da China voltaram a gerar alertas em Washington.
A ascensão de Xi Jinping ao poder na China em 2012 coincidiu com uma percepção de mudança na relação entre os dois países.
O governo Obama buscou construir um bloco econômico na Ásia que excluiria a China, o que foi interpretado por Pequim como uma tentativa de contenção.
Isso porque o desenvolvimento econômico chinês não foi acompanhado pela abertura política esperada e as duas economias tornaram-se mais diretamente competitivas.
A partir de 2017, o primeiro mandato de Donald Trump intensificou o confronto com a guerra comercial, acusações de roubo de propriedade intelectual e uma retórica mais dura.
A pandemia de Covid-19 alimentou as tensões, com trocas de acusações sobre a origem do vírus e um foco crescente na dependência ocidental das cadeias de suprimentos chinesas.
O governo de Joe Biden, a partir de 2021, manteve e até ampliou várias das políticas de Trump em relação à China, incluindo tarifas e sanções.
A competição tecnológica e o status de Taiwan continuam sendo pontos de alta sensibilidade, com potencial para escalada militar.
Enquanto isso, observa-se um fortalecimento do alinhamento estratégico entre China e Rússia, especialmente após a invasão da Ucrânia.
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