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Boné, Bandeira e Símbolos do MST. O que representam?

Sociedade
Boné LGBT do MST
Capa: Boné LGBT do MST vendido pelo site Armazem do Campo.
Redação Brasil Paralelo

Os símbolos do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), como boné, bandeira, foice e facão, carregam significados profundos, enraizados em quase quatro décadas de atividade. Um marco histórico do movimento é a adoção da bandeira vermelha como símbolo nos anos 1980. Segundo o site oficial, o vermelho:

“Representa o sangue que corre nas nossa veias de cada trabalhadora e trabalhador e a disposição de lutar pela Reforma Agrária, pela transformação da sociedade”.

No livro Brava Gente - A História do MST e a Luta pela Terra no Brasil, José Pedro Stédile, um dos principais fundadores do MST, afirma que os símbolos do movimento são um dos principais componentes que unem os membros e destaca como eles refletem a ideologia do grupo de orientação marxista/socialista, especialmente a teologia da libertação:

"[...] A Comissão Pastoral da Terra foi a aplicação da Teologia da Libertação na prática, o que trouxe uma contribuição importante para a luta dos camponeses pelo prisma ideológico.

[...] Em qualquer organização social, em qualquer movimento social, não é o discurso que proporciona a unidade entre as pessoas na base. O que constrói a unidade é a ideologia da visão política sobre a realidade e o uso de símbolos, que vão costurando a identidade. Eles materializam o ideal, essa unidade invisível”. 

As cores e simbologia estariam associadas ao marxismo,já que o movimento defende abertamente as ideias de Karl Marx?

Vamos desvendar essa simbologia agora.

O que você vai encontrar neste artigo?

Boné do MST

Embora não haja um registro exato do momento em que o boné foi oficialmente adotado, sua popularização está intimamente ligada à consolidação da identidade visual do MST, que inclui a bandeira vermelha, o hino, a lona preta dos acampamentos e o facão como símbolo de luta e trabalho no campo.

O boné, geralmente vermelho com o logotipo do MST (um círculo contendo o mapa do Brasil, um casal de camponeses com um facão e a inscrição "Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra"), foi escolhido por sua praticidade e visibilidade. 

No contexto rural, o boné é um item funcional, protegendo os trabalhadores do sol durante ocupações, marchas e atividades no campo. Sua cor vermelha, assim como a da bandeira, remete ao sangue dos trabalhadores rurais mortos na luta pela terra.

Simbolismo do Boné

O boné do MST é carregado de significados que refletem os princípios e objetivos do movimento:

  • Identidade Coletiva: O boné é um marcador de pertencimento ao MST. Para os militantes, usá-lo é uma forma de afirmar a identidade de "Sem Terra", um termo que vai além da condição de não possuir terra e abrange uma consciência política e cultural de luta pela reforma agrária e por uma sociedade mais justa. Como destaca Roseli Salete Caldart, o termo "Sem Terra" representa uma "herança histórica" de contestação social, e o boné reforça essa identidade coletiva.
  • Identidade socialista: o MST milita abertamente em prol do comunismo. Em seu site, o movimento diz:  
“MST fala de socialismo, divulga as obras de Marx e dos marxismos; defende alimento orgânico e sem veneno; é a grande parede contra o agronegócio e seus negócios venenosos. Isso tudo significa que o MST não é só uma organização de esquerda que vive num mundo teórico ou numa bolha de abstrações inócuas. Trata-se de uma organização que impõe respeito internacional”. 
  • Prática e Funcionalidade: Além do simbolismo político, o boné é um item prático para os trabalhadores rurais, que passam longas horas sob o sol em acampamentos, ocupações e manifestações. Ele se tornou um uniforme não oficial, unindo visualmente os militantes durante ações coletivas.

Uso e Difusão do Boné

O boné do MST é utilizado em diversos contextos, tanto pelos membros do movimento quanto por apoiadores:

  • No campo: nos acampamentos e assentamentos, o boné é amplamente usado por trabalhadores rurais durante atividades cotidianas, como plantio, colheita e reuniões. Ele também é comum em ocupações de terras improdutivas, marchas e protestos, onde serve como um símbolo de unidade e visibilidade.
  • Na cidade: O boné ultrapassou os limites do campo e ganhou popularidade em áreas urbanas, especialmente entre jovens, ativistas, estudantes e simpatizantes de causas de esquerda. Ele é frequentemente visto em manifestações, eventos culturais e feiras de produtos orgânicos, como a Feira Nacional da Reforma Agrária.
  • Comercialização: a venda desses itens é uma estratégia de arrecadação de fundos, ajudando a sustentar as atividades do MST, como ocupações, cooperativas e ações solidárias.
  • Símbolo de apoio político: mesmo pessoas que não são militantes do MST usam o boné como forma de expressar apoio à reforma agrária e à luta política do MST. Em 2022, o movimento esclareceu em suas redes sociais que o boné "é pra todo mundo".

Polêmicas e Críticas

O boné do MST, como outros símbolos do movimento, não escapa de polêmicas, especialmente em um país polarizado como o Brasil. Algumas questões recorrentes incluem:

Associação com radicalismo 

O boné, por sua cor vermelha e conexão com o socialismo, é alvo de críticas que associam o MST às invasões de terra cometidas pelo movimento e a sua agenda anti-capitalista. Em janeiro de 2024, avançou na Câmara um projeto que classifica o MST como organização terrorista.

Críticos do MST, como os deputados Paulo Bilinsky e Ricardo Salles afirmam que o MST é uma organização criminosa voltada a praticar uma revolução violenta no Brasil.

Alguns dos dados apontados são:

O MST afirma realizar ocupações em conformidade com a lei, mas existem casos de invasões a fazendas produtivas em situação jurídica regular e destruição de patrimônio público e particular.

A revista Exame listou alguns dos casos de invasão e destruição mais emblemáticos do MST:

  • Destruição da fábrica de agrodefensivos em Taquari, Rio Grande do Sul - cerca de 800 mulheres membros do MST invadiram as fábricas da ADAMA e DURATEX e destruíram quase toda produção, tendo pichado diversas frases contra o agronegócio e os agrodefensivos;
  • Destruição a fábrica de celulose Aracruz (hoje Fibria) - membros do MST destruíram mais de 50 mil mudas de árvores nativas e 1 milhão de mudas de eucalipto, causando um prejuízo de 880 mil reais;
  • Destruição de 15 anos de pesquisa em biotecnologia - cerca de 1.000 mulheres ligadas ao MST invadiram um centro de pesquisa de Itapetininga (SP) e depredaram viveiros com mudas de eucalipto transgênico;
  • Invasão ao Supremo Tribunal Federal - em 2014, a sessão do STF teve que ser interrompida devido a uma invasão do MST em prol da reforma agrária. Mais de 20 mil manifestantes feriram 60 policiais e depredaram patrimônio público. A polícia conseguiu conter os manifestantes antes deles invadirem o prédio;
  • Invasão ao Congresso Nacional - membros do MST, em união com membros da CUT e outros grupos de esquerda, invadiram e destruíram boa parte do Congresso Nacional em protesto contra a aprovação da reforma da previdência.

Para os críticos, símbolos como bonés e bandeiras remetem aos crimes do movimento e a doutrinação ideológica.

Apoiadores que não ajudam os necessitados

Refletindo o pensamento de parte da população, Flávio Quintela deu sua opinião sobre militantes revolucionários das cidades:

“A esquerda revolucionária tentava transformar o Brasil no ‘paraíso comunista’ do Hemisfério Sul.

[...] Os jovens universitários, que antes compunham canções de protesto e dominavam os grêmios estudantis, agora invadem reitorias para fumar maconha e fazer sexo livre, sempre com a exigência de que a polícia repressora não os incomode enquanto engajados nessas atividades “revolucionárias”.

[...] A esquerda Nutella não lê, não estuda, não escreve bem, não discute e não costuma raciocinar. E, ainda assim, escolhe ser mais radical que a esquerda raiz em quase todos os pontos de sua agenda ideológica”.

O que esses militantes pensam sobre o MST? E qual é o destino almejado pelo próprio MST? Para alguns, terrorismo e poder, para outros, justiça social.

Para conhecer os relatos de quem vive essas histórias na pele, a Brasil Paralelo investigou as origens, as ações e foi até algumas das maiores ocupações do MST visando compartilhar informação de qualidade aos brasileiros.

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A história da bandeira do MST

No livro Brava Gente - A História do MST e a Luta pela Terra no Brasil, José Pedro Stédile, um dos principais fundadores do grupo narrou a história e importância da bandeira:

“- Bernardo: Como é que surgiu a bandeira do Movimento dos Sem Terra? 

- João Pedro: De acordo com a concepção de mística, teoricamente a gente já vinha aprendendo com a Igreja – e na prática também – que em qualquer organização social, em qualquer movimento social, não é o discurso que proporciona a unidade entre as pessoas na base. 

O que constrói a unidade é a ideologia da visão política sobre a realidade e o uso de símbolos, que vão costurando a identidade. Eles materializam o ideal, essa unidade invisível.

No início do movimento, como tudo que fomos construindo, usávamos várias formas de bandeiras. 

[...] Eram utilizados alguns tipos de estandartes que, espontaneamente, a turma ia construindo na sua luta. Devagar, na medida em que o movimento foi crescendo, percebemos que deveríamos ter identidade própria, até para evitar que se pulverizasse em tantas que dificultasse uma unidade e uma identidade originais. 

Em meados de 1986, abrimos uma discussão no movimento para que as pessoas, nos estados, elaborassem e apresentassem sugestões. 

No Encontro Nacional que aconteceu em Piracicaba (SP) no final de 1986 ou início de 1987, não me lembro bem, surgiram várias propostas, que eram devolvidas aos estados, a fim de que todos tomassem conhecimento das ideias apresentadas. 

Quando veio o Encontro Nacional, havia duas ou três propostas. [...] Na hora, não se tinha tanta clareza quanto ao significado de cada elemento ou cor. Só dos elementos, digamos, mais gerais. Por exemplo: a cor vermelha, pela tradição de luta, pela identidade da classe trabalhadora, é um elemento ideológico muito forte. 

O casal que está desenhado na bandeira foi aproveitado do cartaz do I Congresso. Para mostrar que no mundo nada se cria, nos inspiramos num cartaz da Nicarágua, que tinha um homem e uma mulher numa manifestação. No I Congresso Nacional, em 1985, aquele casal, com um facão erguido, impregnou na turma. É uma marca muito bonita”. 

O movimento ainda criou diversos outros símbolos. João Pedro Stédile afirma no livro citado:

“A bandeira, o hino, as palavras de ordem, as ferramentas de trabalho, os frutos do trabalho no campo. Eles aparecem, também, de muitas formas: no uso do boné, nas faixas, nas músicas etc. As músicas são um símbolo muito importante. O próprio Jornal Sem Terra, para o MST, já é mais do que um meio de comunicação. É um símbolo. O militante se identifica, tem afinidade, gosta dele”. 

Conforme as falas de João Pedro Stédile, esses símbolos constituem a mística do grupo que os ajuda a seguir com seu objetivo - mas qual é o destino desejado pelo MST? Terrorismo e poder ou justiça social?

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