Pode parecer teoria da conspiração, mas o serviço de inteligência dos EUA incentivou a arte abstrata para combater a URSS.
Na Guerra Fria, o mundo era dividido em dois pólos: os Estados Unidos, que defendiam o liberalismo, e do outro a União Soviética, que promovia o socialismo.
A disputa não se limitava ao campo militar ou político, ela também acontecia no meio cultural.
Foi nesse contexto que a CIA iniciou esforços para transformar a arte moderna abstrata em uma arma.
Essa história foi contada por veículos tradicionais, como a BBC International e o jornal The Independent.
Se você se interessa por arte e pela forma como ela vêm mudando ao longo dos últimos anos não pode perder o documentário O Fim da Beleza. Assista completo abaixo:
O objetivo da agência em apoiar esse tipo de arte era tentar mostrar que valores americanos eram superiores aos soviéticos.
A arte abstrata representava uma abertura muito grande para a liberdade artística e criatividade, o oposto da arte soviética.
Na época, a única forma de arte permitida e apoiada pelo Estado no outro lado da cortina de ferro era o Realismo Socialista.
Esse estilo representava temas, como trabalhadores, soldados e episódios históricos representados pela ótica socialista.
O ex-oficial Donald Jameson foi um dos responsáveis por instrumentalizar a arte abstrata comentou a operação, segundo a revista Independent:
“Reconheceu-se que o Expressionismo Abstrato era o tipo de arte que fazia o Realismo Socialista parecer ainda mais estilizado, mais rígido e confinado do que era. E essa relação foi explorada em algumas das exposições."
O Departamento de Estado tentou apoiar a “nova arte americana” de maneira mais direta, organizando uma exposição internacional itinerante chamada Avançando a Arte Americana.
No entanto, a repercussão foi negativa, e o governo foi criticado por usar dinheiro de impostos para financiar arte abstrata.
Além disso, muitos dos artistas ligados ao expressionismo abstrato eram ex-comunistas ou flertavam com ideias de esquerda, ou seja, não queriam colaborar com o governo.
"Questões desse tipo só poderiam ter sido feitas em dois ou três níveis de distância… não poderia ter sido mais próximo, porque a maioria delas eram pessoas com muito pouco respeito pelo governo, em particular, e certamente nenhum pela CIA. Se fosse preciso usar pessoas que se considerassem de uma forma ou de outra mais próximas de Moscou do que de Washington, bem, talvez tanto melhor." Comentou Donald Jameson.
Para isso, a CIA criou o Congresso pela Liberdade Cultural, organização de fachada que reunia intelectuais, escritores, historiadores, poetas e artistas.
Em seu ápice, o órgão mantinha escritórios em ao menos 35 países e controlava mais de 20 revistas diferentes sobre cultura.
As publicações controladas pela agência abriam espaço para que críticos favoráveis à arte abstrata tivessem suas vozes divulgadas e ganhassem importância no meio.
Usando o Congresso, a CIA foi capaz de financiar exposições itinerantes históricas, como A Nova Pintura Americana, que visitou todas as grandes cidades europeias em 1958-59.
Outras exposições influentes incluem Arte Moderna nos Estados Unidos (1956) e Obras-primas do Século XX (1952). Tudo sem levantar suspeitas dos artistas e do público em geral.
A CIA também contou com o apoio de entidades privadas, como o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MOMA).
Na época, o presidente da instituição era Nelson Rockfeller, herdeiro de uma das famílias mais ricas e influentes dos EUA.
Ele foi um grande apoiador e incentivador da arte abstrata, que costumava chamar de “pintura de livre iniciativa”.
Ex-funcionários da CIA também ocupavam cargos importantes dentro do museu, como o secretário executivo do museu, Tom Braden.
Braden foi o primeiro chefe da Divisão de Organizações Internacionais (IOD) da CIA, que coordenava operações e influenciar grupos internacionais, culturais e sindicais, na luta contra o comunismo.
Esse órgão da agência foi criado em 1950 e financiou diversos projetos culturais, como:
Sob comando do bilionário, o museu organizou a curadoria da maioria das exposições de artes do Congresso para a Liberdade Cultural.
Além disso, a CIA também criou fundações de fachada para conseguir financiar toda essa operação.
Um dos exemplos era a Fundação Farfield, presidida pelo milionário americano e amante da arte, Julius Fleischmann.
Ele chegou a usar seu nome e prestígio no meio artístico para disfarçar as operações do governo americano.
Outra situação aconteceu durante a exposição A Nova Pintura Americana, em 1958. A Galeria Tate, de Paris, queria receber as obras expostas, porém não tinha recursos para transportar obras de artistas como Pollock e de Kooning.
Fleischmann se ofereceu para arcar com os custos em nome da Fundação Farfield, porém o dinheiro usado não foi dele e sim do governo americano.
De acordo com o jornal The Independent, o governo americano manteve o esquema por mais de 20 anos, moldando a história da arte moderna.
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.
Cupom aplicado 37% OFF
Cupom aplicado 62% OFF
MAIOR DESCONTO
Cupom aplicado 54% OFF
Assine e tenha 12 meses de acesso a todo o catálogo e aos próximos lançamentos da BP