A CIA usou um site de fãs da saga Star Wars para se comunicar secretamente com seus espiões e informantes espalhados pelo mundo.
A página, chamada StarWarsWeb.net, exibia imagens de personagens como R2D2 e C-3PO e um garoto vestido de Jedi, além de anúncios de jogos e brinquedos da franquia.
Por trás da fachada, o site escondia um sistema de mensagens secretas. Bastava digitar uma senha específica na barra de busca da página para que aparecesse uma janela de comunicação oculta.
A revelação foi feita pelo pesquisador amador de segurança digital Ciro Santilli. Ele identificou dezenas de sites falsos ligados à CIA, criados nos anos 2000.
Usando ferramentas públicas como a Wayback Machine, que arquiva versões antigas de sites, e o viewdns.info, Santilli rastreou os domínios e analisou seus códigos HTML, dados de IP e arquivos antigos.
O site de Star Wars não era o único. A CIA operava uma rede de páginas falsas com temas variados para diferentes alvos:
O conteúdo e o idioma de cada site indicavam os interesses da CIA em países específicos, incluindo Brasil, França, Espanha, Alemanha, Irã e Rússia.
Apesar da criatividade, a rede de sites falsos da CIA tinha uma falha de segurança grave.
Muitos desses sites compartilhavam IPs sequenciais e palavras como "password" (senha), "compose" (compor) e "message" (mensagem) em seu código fonte, revelando as funções ocultas.
Essa fragilidade técnica facilitou o trabalho dos serviços de contrainteligência dos países espionados.
Por volta de 2009, autoridades iranianas descobriram os sites. Na época, o regime de Teerã intensificou a caça a informantes, após os EUA denunciarem instalações nucleares secretas no Irã, quando.
Em 2011, segundo uma investigação do Yahoo News, o regime iraniano conseguiu desmantelar parte da rede da CIA, prendendo e executando agentes.
Um deles foi Gholamreza Hosseini, um engenheiro iraniano que usava o site iraniangoals.com para se comunicar.
Ele foi preso ao tentar sair do Irã e passou quase uma década na prisão, relatando ter sido torturado.
O mesmo desastre ocorreu na China, onde mais de 20 fontes da CIA foram mortas entre 2011 e 2012.
A CIA só teria percebido a dimensão do colapso de sua rede em 2013, quando vários agentes desapareceram simultaneamente. Na época, os sites falsos ainda estavam ativos.
Zach Edwards, um pesquisador independente de cibersegurança, confirmou ao site 404 Media que os achados de Santilli são sólidos:
"Sim, a CIA realmente teve um site de fãs de Star Wars com um sistema secreto de comunicação embutido", disse Edwards.
A CIA encerrou o uso desse tipo de site e admitiu a falha em um memorando interno feito em 2021.
A agência criticou o excesso de confiança nos protocolos e o foco em resultados em detrimento da segurança dos informantes.
Segundo a CIA, os sites comprometidos eram usados principalmente com fontes de "baixo escalão".
Informantes considerados mais valiosos utilizam canais de comunicação personalizados e mais sofisticados.
Curiosamente, quem tenta acessar o antigo endereço StarWarsWeb.net hoje é redirecionado para o site oficial da CIA.
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