55% dos entrevistados acredita que as pessoas eram mais felizes há 50 anos
O instituto Ipsos, uma empresa global de pesquisas de mercado e opinião pública, revelou que:
- 44% das pessoas prefeririam ter nascido em 1975 devido a fatores como melhor qualidade ambiental, sensação de segurança e felicidade geral.
- 24%, com maioria da Geração Z (nascidos entre 1997 e 2012), prefeririam 2025, destacando saúde, educação e padrão de vida.
- 32% não escolheram nenhuma opção.
- 55% acreditam que as pessoas eram mais felizes há 50 anos.
- No Brasil, 42% optaram por 1975, e 29% por 2025.
Conforme o relatório, que entrevistou mais de 23 mil pessoas entre agosto e setembro de 2025:
"Os últimos cinco anos trouxeram muitas disrupções para pessoas em todo o mundo. Testemunhamos uma pandemia global e anos consecutivos de temperaturas recordes. Muitos foram afetados pelo aumento dos preços e das taxas de juros. E isso, antes mesmo de falarmos sobre o surgimento da IA, que traz tanta ansiedade quanto entusiasmo."
Por que muitos tendem a “romantizar” o passado?
Atualmente é possível ouvir frases como “antigamente as pessoas eram mais felizes. O dinheiro rendia mais. As crianças brincavam na rua…”
Porém, desde o período romântico, escritores como Walter Scott, Victor Hugo e Rousseau publicavam textos exaltando o passado e querendo viver nele.
Esse hábito é conhecido hoje como “retrospecção cor-de-rosa” (rosy retrospection), uma tendência de pensamento documentada: o cérebro tende a preservar boas memórias, apagar dores e criar narrativas reconfortantes sobre eventos que foram ruins no passado.
Segundo o artigo da professora Hanna Kienzler, professora de Saúde Global na universidade King’s College, em Londres, há evidências de que muitos seres humanos lidam mal com incertezas. Fatores como sobrecarga de informação, perda de comunidades locais e vínculos frágeis geram imprevisibilidade, criando uma sensação de perigo no cérebro.
O estudo mostra que a incerteza consome mais energia mental. Assim, buscar segurança em eventos do passado, ou “romantizar o passado”, é um comportamento identificado pela psicologia como uma forma de lidar com incertezas, algo característico do presente e futuro. Outros estudos apontam que, em períodos de grandes mudanças sociais, como a pandemia de COVID-19 em 2020, essa tendência costuma aumentar.
No passado as pessoas se comparavam menos
Outro fator importante é que com as redes sociais, as pessoas passaram a ver diariamente influenciadores, artistas e padrões de vida muito diferentes dos seus. Pesquisadores apontam que essa exposição intensifica a comparação, gerando problemas de saúde, especialmente entre jovens.
Nos EUA, a procura por serviços de saúde mental cresceu cerca de 30% entre 2019 e 2022. No mundo, o mercado do setor avançou entre 20% e 25% nos últimos cinco anos.
Por outro lado, em relatórios complementares da Ipsos, a nostalgia é vista como uma vantagem para a venda de produtos específicos, como cruzeiros temáticos dos anos 1970-80, o que pode ser visto como positivo para alguns segmentos de mercado.