
Um jornalista perguntou ao mercenário polonês Rafal Gan-Ganowicz como era a sensação de tirar uma vida humana. Ele respondeu dizendo: “Não saberia, uma vez que só matei comunistas”.
Ganowicz viu os horrores do comunismo quando ainda era uma criança e dedicou sua vida a combater essa ideologia ao redor do mundo.
Ele perdeu tudo antes de chegar à adolescência. Aos sete anos, sua mãe morreu durante a invasão nazista na Polônia.
Quando completou 12 anos, o pai foi assassinado durante o levante de Varsóvia, uma insurreição contra a ocupação alemã que aconteceu em 1944.
Os cidadãos do país começaram uma onda de ataques e sabotagem contra os nazistas após receberem notícias de que o Exército Vermelho se aproximava.
No entanto, os soviéticos seguraram o avanço e deixaram cerca de 200 mil pessoas serem massacradas pela SS.
A movimentação foi interpretada como uma estratégia de Stalin para enfraquecer os nacionalistas poloneses e tomar conta do país com mais facilidade no futuro.
Após a guerra, os comunistas passaram a controlar a Polônia, que se tornou parte da zona de influência soviética.
Enquanto seu país era cada vez mais controlado pela esquerda, Ganowicz liderou um grupo clandestino de jovens anticomunistas.
No início suas ações se baseiam em pichar muros e distribuir panfletos, mas eles se tornaram alvos do serviço secreto. A perseguição fez com que buscassem armas para se proteger.
Após meses, os soviéticos começaram a rastrear Ganowicz e seus amigos, fazendo com que eles dissolvessem a organização e fugissem. Aos 18 anos, ele se escondeu sob um trem e fugiu para Berlim Ocidental.
Rafael costumava dizer que não não criou sozinho sua visão de mundo, mas que “os comunistas me ensinaram o anticomunismo”.
O comunismo foi responsável por cerca de 100 milhões de mortes ao longo do século XX, segundo O Livro Negro do Comunismo.
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No setor americano da cidade, Rafal viveu durante um ano e meio em um campo de refugiados.
Lá ele foi recrutado pelo serviço de inteligência dos EUA para integrar um comando das Forças Armadas Polonesas Livres no Exílio, leais aos governantes que fugiram para Londres após a invasão nazista.
Ganowicz foi transferido para a França, onde concluiu o ensino médio e recebeu treinamento militar da OTAN.
Ele foi promovido a segundo-tenente pelo general Władysław Anders e cotado para entrar de paraquedas atrás da Cortina de Ferro na Operação Rollback.
O plano consistia em derrubar os governos comunistas no Leste europeu através da infiltração de sabotagem, subversão e a infiltração de agentes.
A operação foi abortada após a URSS utilizar tanques para conterem um levante popular em Budapeste e as relações com os EUA melhorarem.
Os comandos poloneses foram dissolvidos pouco tempo depois e Rafal passou a trabalhar como um professor de literatura na França. Ele só voltaria à ação em 1965, após ouvir sobre as atrocidades comunistas no Congo.

Em 1965, o Congo vivia uma guerra civil sangrenta. Rebeldes marxistas, apoiados pela União Soviética, China e Cuba, tentavam tomar o poder do país.
Rafał se voluntariou para lutar ao lado do exército de Moïse Tshombe, então primeiro-ministro.
Ele liderou um batalhão de mercenários europeus que unia veteranos da Legião Estrangeira Francesa, oficiais exilados do Exército Polonês e combatentes de diversas nacionalidades unidos pelo anticomunismo.
Ele enfrentou diretamente combatentes cubanos comandados por Che Guevara, que acabou derrotado e expulso do país. Os mercenários não enfrentaram apenas comunistas, mas também senhores da guerra locais.
Uma das ações mais conhecidas dos mercenários foi a defesa da cidade de Stanleyville contra ataques das milícias comunistas do Conseil National de Libération (CNL). O grupo chamava seus membros de Simba, o que significa leão no idioma local.
As operações de Ganowicz no Congo acabaram em 1966. No ano seguinte, o mercenário voltaria ao combate, mas na região do Oriente Médio.

Em 1967, Ganowicz aceitou um contrato do governo saudita para atuar no Iêmen. Na época o país estava dividido entre o Reino do Iêmen (monarquista) e a República Popular do Iêmen (socialista).
Sua principal função era treinar milicianos simpáticos ao rei. Ainda assim, ele comandou emboscadas contra tanques soviéticos e chegou a bombardear a embaixada da URSS em Sana.
Uma das ações mais importantes foi o abate de um MiG-21 soviético. Os documentos encontrados no piloto provaram a presença direta da URSS na guerra civil que se alastrava pelo país.
Após as batalhas, ele recusou ofertas de trabalho por considerar que não estavam de acordo com seus princípios ideológicos.
Ganowicz se estabeleceu na França. Na década de 1970 ele trabalhava como jornalista na Radio Free Europe.
Nos anos 1980 ele concordou em participar de uma expedição da CIA para o Afeganistão, mas a missão acabou sendo cancelada após o envio dos lança-mísseis Stinger para os Mujahedin.
Ele também era um dos representantes da ala mais radical do movimento solidariedade no ocidente.
O grupo liderado por Lech Walesa conseguiu derrubar o regime comunista na Polônia em 1989. Uma das figuras centrais para a libertação do país foi o papa João Paulo II.
Walesa chegou a afirmar que o maior responsável pela queda do comunismo foi o religioso:
"50% da queda do Muro corresponde a João Paulo II, 30% ao Solidariedade e a Lech Walesa, e apenas 20% ao resto do mundo".
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Rafał Gan-Ganowicz voltou à Polônia em 1997, se tornando uma subcelebridade nos círculos anticomunistas do país.
A televisão polonesa chegou a fazer um documentário contando sua história chamado A Guerra privada de Rafał Gan-Ganowicz.
Rafał Gan-Ganowicz faleceu em 2002, após contrair uma forma agressiva de câncer no pulmão. Cinco anos depois ele foi condecorado postumamente com a Ordem de Polônia Restituta pelo presidente Lech Kaczyński.
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