No dia 13 de maio de 1981, uma multidão lotava a Praça de São Pedro. O Papa João Paulo II atravessava a praça em seu papamóvel quando foi baleado. Sangue. Gritos. Correria. E uma imagem que entraria para a história: o Papa caído.
Para ele, não havia dúvida: sobreviveu graças à intercessão de Nossa Senhora de Fátima. Aquela bala, anos depois, seria depositada na coroa da imagem de Maria em Portugal.
O atentado não foi apenas um episódio trágico, foi o ponto culminante de uma vida inteira marcada pela resistência contra dois dos regimes mais brutais da história: o nazismo e o comunismo. Neste artigo, descubra quem foi João Paulo II.
Karol Józef Wojtyła nasceu em 18 de maio de 1920, em Wadowice, uma pequena cidade ao sul da Polônia. Desde cedo, enfrentou perdas marcantes: sua mãe faleceu quando ele tinha apenas 9 anos; o irmão, pouco depois; e o pai, aos 21 anos. Ainda jovem, conheceu o sofrimento profundo, algo que marcaria para sempre sua sensibilidade humana e espiritual.
Em meio à dor, encontrou consolo na fé. Desenvolveu uma forte devoção a Nossa Senhora, devoção que o acompanharia até o fim da vida e que se tornaria um dos pilares de seu ministério.
A Polônia vivia anos turbulentos. Ainda nos anos 1920, resistira à expansão soviética na chamada Batalha de Varsóvia. Mas, em 1939, veio o golpe devastador: o país foi invadido simultaneamente por Hitler e Stálin, resultado do pacto Molotov-Ribbentrop.
O território foi dividido. Os nazistas tomaram o oeste; os comunistas, o leste. Sob o domínio alemão, as universidades foram fechadas, padres perseguidos e a identidade católica, reprimida.
Karol cursava Letras na Universidade Jaguelônica, mas teve que abandonar os estudos quando os alemães fecharam a instituição. Trabalhou em uma pedreira para sobreviver. Foi ali que amadureceu a vocação sacerdotal.
Entrou para um seminário clandestino, protegido pelo arcebispo Adam Sapieha, figura decisiva na sua formação. Outro grande exemplo foi São Maximiliano Kolbe, o franciscano que ofereceu a própria vida no lugar de um pai de família no campo de concentração de Auschwitz.
Depois da guerra, a Polônia caiu sob o domínio soviético. A liberdade era vigiada e a Igreja pressionada. Karol foi ordenado padre em 1946 e enviado a Roma para aprofundar os estudos.
Ao retornar à Polônia, atuou como professor, capelão universitário e bispo auxiliar de Cracóvia. Seu modo de evangelizar chamava atenção: organizava passeios, caminhadas e atividades culturais com os jovens. Criava vínculos, formava consciências.
Em 1964, tornou-se arcebispo de Cracóvia. Durante o regime comunista, liderou a construção de uma igreja em Nowa Huta, cidade-modelo do socialismo, projetada sem uma única capela.
A missa de Natal celebrada ali, mesmo com proibição oficial, foi um marco de resistência. Karol não se colocava como um militante político, mas sua atuação deixava claro que a fé cristã e o comunismo eram incompatíveis em seus fundamentos.
Tinha ao seu lado um grande mentor: o cardeal Stefan Wyszyński, primaz da Polônia, que enfrentou o regime com firmeza e foi preso por isso.
No início, Wyszyński considerava Karol idealista demais, mas com o tempo reconheceu sua liderança espiritual e intelectual.
Em 1978, após a morte de Paulo VI e o breve pontificado de João Paulo I, Karol Wojtyła foi eleito Papa, o primeiro não italiano em mais de quatro séculos.
Assumiu o nome João Paulo II. Sua eleição foi recebida com euforia na Polônia. A partir dali, o mundo conheceria um pontífice carismático, firme na doutrina e incansável em sua missão.
No primeiro discurso, declarou: “Não tenhais medo. Abri as portas a Cristo”.
Poucos meses depois, voltou à Polônia. Diante de milhões de fiéis, fez uma oração que ecoaria como um grito: “Que o vosso Espírito desça e renove a face da Terra… desta Terra!”.
Aquela visita reacendeu a esperança do povo polonês e inspirou a criação do movimento Solidariedade, que se tornaria a principal força de oposição ao regime comunista.
O atentado contra João Paulo II aconteceu em 13 de maio de 1981, na Praça de São Pedro, no Vaticano. Era uma tarde comum de audiência pública. O Papa estava de pé no papamóvel, acenando para a multidão, quando dois tiros foram disparados à queima-roupa por Mehmet Ali Agca, um extremista turco, membro do grupo radical Lobos Cinzentos.
Os tiros atingiram João Paulo II no abdômen, na mão e no braço. Ele caiu nos braços de seu secretário, Dom Stanisław Dziwisz, perdendo muito sangue. O caos tomou conta da praça. O atirador foi imediatamente contido por fiéis e seguranças.
O secretário do Papa é um dos entrevistados do novo documentário da Brasil Paralelo, “O Papa que venceu o comunismo”, ao clicar aqui, você se cadastra de graça para o evento de lançamento.
Nos anos seguintes ao atentado, o Papa manteve seu apoio à luta pela liberdade na Polônia. Aproximou-se de figuras como Ronald Reagan e Margaret Thatcher.
Os três juntos desempenharam papéis decisivos na queda do comunismo europeu. O Papa, porém, escolheu um caminho próprio: não atacava os regimes diretamente, mas exaltava a dignidade humana, a liberdade religiosa e o papel da verdade. Enquanto a KGB criava departamentos especiais para monitorar a Igreja, ele repetia: “Vença o mal com o bem. Diga a verdade.”
Uma das figuras inspiradas por João Paulo II foi o padre Jerzy Popiełuszko, assassinado brutalmente pelos agentes comunistas. Seu funeral, com mais de 200 mil pessoas, tornou-se um símbolo da resistência.
Ao longo de seu pontificado, João Paulo II viajou por 129 países, promoveu encontros inter-religiosos, pediu perdão pelos erros históricos da Igreja e defendeu a vida com firmeza: combateu o aborto, a eutanásia e a banalização da sexualidade. Criou as Jornadas Mundiais da Juventude, aproximando a Igreja das novas gerações e desenvolveu a Teologia do Corpo, uma profunda reflexão sobre o amor humano à luz do Evangelho.
João Paulo II enfrentou uma longa deterioração física nos últimos anos de vida. Sofria do mal de Parkinson, teve dificuldades respiratórias crescentes e, com o tempo, mal conseguia se comunicar. Mas nunca deixou de aparecer aos fiéis, mesmo visivelmente debilitado. Continuava escrevendo, acompanhando missas e recebendo visitantes.
No dia 31 de março de 2005, sofreu uma grave infecção urinária que evoluiu para sepse e falência múltipla dos órgãos. Seu estado rapidamente se agravou. Os médicos recomendaram internação, mas ele recusou-se a deixar o Vaticano. Disse que queria morrer em casa, cercado por sua equipe e pelas orações dos fiéis.
Na noite de 2 de abril de 2005, por volta das 21h37 (hora de Roma), João Paulo II faleceu em seu quarto, aos 84 anos, enquanto milhares de pessoas rezavam sob sua janela na Praça São Pedro. Pouco antes de morrer, teria sussurrado: “Deixem-me ir para a casa do Pai.”
O mundo inteiro reagiu. Milhões foram às ruas. Líderes de todas as religiões prestaram homenagens. Seu funeral reuniu mais de 4 milhões de peregrinos em Roma. O Papa que havia enfrentado o nazismo e o comunismo, que sobreviveu a um atentado e percorreu mais de 120 países, agora era lembrado por sua fidelidade até o fim.
Em 2014, foi canonizado pela Igreja Católica. São João Paulo II passou à história como o Papa da liberdade, da coragem e da resistência espiritual frente aos maiores regimes totalitários do século XX.
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