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Política
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Entenda o que foi a Guerra Fria, o grande embate ideológico que dividiu o mundo entre duas potências

EUA versus URSS, capitalismo versus socialismo. O conflito promoveu o embate de dois projetos de poder. Entenda o que foi a Guerra Fria com o nosso resumo completo.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
13/12/2021 16:29
-

Estados Unidos e União Soviética protagonizaram uma das grandes disputas da história da humanidade. Ela envolveu conflitos ideológicos, lutas armadas, tentativas de influência, estratégias de espionagem e sabotagem.

Entenda o que foi a Guerra Fria.

O que você vai encontrar neste artigo?

Contextualização

Hitler estava vencido. A Alemanha nazista e a ameaça que representava estavam derrotados. A expectativa era de volta à paz, de tranquilidade e de retorno de todos aos seus respectivos territórios, após a Segunda Grande Guerra. Alguns líderes, contudo, estavam cientes de que a situação era mais problemática.

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No exato momento em que a guerra chegava ao fim, a corrida para Berlim denunciava a mentalidade de ambos os vencedores.

A partir de então inaugurou-se uma guerra muito diferente, que ficou conhecida como Guerra Fria. Usando métodos para além dos militares, Estados Unidos e União Soviética buscam espalhar sua doutrina ao redor do mundo, segundo narra o professor Percival Puggina. Entenda o que foi a Guerra Fria.

O que foi a Guerra Fria? Por que tem esse nome?

A Guerra Fria foi o conflito dos Estados Unidos da América (capitalismo) contra a União Soviética (comunista) para que seus próprios sistemas políticos vencessem o sistema do outro, afirma John Lewis Gaddis no livro The Cold War: A New History. Para isso, cada um deles buscou influenciar os demais países do mundo a aderir ao seu sistema.

O termo “Guerra Fria” foi cunhado pelo assessor presidencial norte-americano Bernard Baruch, em 1947. Na ocasião, o profissional se referiu à crescente rivalidade entre os países que nutriam ideais diferentes.

A opção pelo uso da palavra “fria” remete à característica particular desse confronto: EUA e URSS não se enfrentaram diretamente com armas.

O jornalista Fernão Mesquita conta que a Guerra Fria envolveu embates econômicos, diplomáticos, sociais e principalmente ideológicos, onde ambos os países buscavam influenciar outras áreas do mundo a partir de sua política. Os governantes dos dois países acreditavam que o seu sistema era o melhor e temiam que o sistema do inimigo prejudicasse seu país, sua população e seus interesses particulares.

A disputa por áreas de influência levou a uma tentativa de divisão do mundo: isso foi uma das principais causas da Guerra Fria.

Como foi o início da Guerra Fria? Resumo

A Guerra Fria foi iniciada logo após a Segunda Guerra Mundial, cujo grande marco foi o discurso realizado pelo presidente americano Harry Truman, em 1947. Este discurso foi proferido no Congresso americano e, nessa ocasião, o presidente solicitou verbas para que os Estados Unidos pudessem se engajar para evitar o avanço do comunismo na Europa.

"A fim de garantir o desenvolvimento pacífico das nações, sem exercer pressão, os Estados Unidos assumiram a maior parte na criação das Nações Unidas. Mas só concretizaremos nossas metas se estivermos dispostos a ajudar povos soberanos na manutenção de suas instituições livres e de sua integridade nacional contra imposições de regimes autoritários" (Harry Truman).

Na visão de Truman, era papel dos EUA liderar a luta contra o avanço do comunismo no continente europeu. Esse é um dos pontos chaves para entender o que foi a Guerra Fria, aponta Odd Arne Westad no livro The Cold War: A World History.

Esse discurso deu início ao que ficou conhecido como “doutrina Truman”, que consistiu no conjunto de medidas tomadas pelos EUA para conter o avanço do comunismo.

Os Estados Unidos adotam uma estratégia de diplomacia defensiva, uma espécie de ação responsiva, enquanto os soviéticos se comportavam diplomaticamente de forma agressiva e expansionista.

Enquanto os EUA desmobilizaram suas tropas após a II Guerra, a URSS deixou seus exércitos ocupando os países do leste europeu.

A URSS também só retirou suas tropas do Irã após forte pressão internacional. Apesar disso, bloqueou Berlim em 1948 e 1949, tentando expulsar os governos ocidentais que estavam legitimamente no território.

Diante do cenário de agressões e expansionismo soviético, os Estados Unidos reformularam sua política diplomática, o que deu início às tensões da Guerra Fria. Os principais planos econômicos e militares foram:

  • Plano Marshall - plano econômico dos EUA;
  • Plano COMECON - plano econômico da URSS;
  • OTAN - aliança militar dos EUA;
  • Pacto de Varsóvia - aliança militar socialista da URSS.

Plano Marshall x COMECON

O Plano Marshall, conforme mencionado, foi um plano de cooperação econômica mediante o qual os americanos disponibilizaram grandes somas de dinheiro para financiar a reconstrução dos países destruídos por conta da Segunda Guerra Mundial.

O projeto defendia a ideia que apoiar o desenvolvimento econômico de determinados países ajudaria a conter o avanço do comunismo.

Em contrapartida, os soviéticos criaram o Conselho de Assistência Econômica Mútua, mais conhecido como Comecon (sigla em inglês).

Nesse plano, as nações do bloco comunista eram agrupadas sob a liderança dos soviéticos, conforme diz o pesquisador Renan Filho. Os planos de estatização e planificação da economia eram implementados nos membros e tudo era coordenado diretamente pelo Partido Comunista em Moscou.

Esse plano foi criado pelos soviéticos para evitar que o Plano Marshall seduzisse as nações do bloco comunista a aliar-se com os americanos, aponta Vladislav Zubok no livro A Failed Empire: The Soviet Union in the Cold War from Stalin to Gorbachev.

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Otan x Pacto de Varsóvia

No campo militar, foi criada a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), em 4 de abril de 1949. A ideia da OTAN era criar uma aliança militar de países alinhados aos Estados Unidos visando: 

  • impedir a posição agressiva dos soviéticos;
  • proteger o bloco de eventuais ataques de nações comunistas;
  • auxiliar o bloco contra movimentos revolucionários em seus territórios.

Na mesma proposta, os soviéticos criaram o Pacto de Varsóvia, em 1955. A ideia era:

  • garantir a segurança das nações do bloco comunista;
  • evitar uma possível agressão realizada pelos estadunidenses;
  • manter a hegemonia militar soviética sob os demais aliados.

Assim, os dois blocos criam sistemas de alianças militares para coordenar ações contra possíveis agressões do bloco adversário.

Principais características da Guerra Fria

As principais características da Guerra Fria foram a polarização do mundo entre comunismo e capitalismo e as ações dos EUA e URSS para favorecer seus sistemas em outros países.

De forma mais detalhada, as características mais marcantes são:

  • Polarização política do mundo;
  • Cortina de ferro e Muro de Berlim;
  • Corrida armamentista;
  • Corrida espacial;
  • Busca por áreas de influência.

Polarização política do mundo

A disputa travada entre americanos e soviéticos resultou em uma forte polarização do mundo que afetava as relações internacionais dessas nações como um todo. O objetivo dos Estados Unidos e da União Soviética era alinhar o máximo de países possíveis ao seu modelo político e econômico, garantindo aliados e territórios de influência nas áreas disputadas.

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Cortina de ferro e Muro de Berlim

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Mapa ilustrando a Cortina de Ferro dividindo o continente europeu em dois polos, o azul capitalista, o vermelho socialista.

Após a partilha da Alemanha no fim da II Guerra, Stalin começou a estabelecer a famosa Cortina de Ferro. Na Conferência de Potsdam, na Alemanha, Truman, Stalin e Churchill se reuniram e determinaram a divisão da Alemanha entre lado ocidental, dividido entre os Estados Unidos, Inglaterra e França, e lado oriental, pertencente à União Soviética.

A divisão da Alemanha em dois blocos, um capitalista e ocidental, e outro socialista e oriental, define bem o que foi a Guerra Fria.

Embora Berlim fizesse parte da Alemanha Oriental, por ser a capital, foi também dividida ao meio. O lado oriental, dos soviéticos, deu origem à República Democrática da Alemanha; o lado ocidental, por sua vez, foi nomeado República Federal da Alemanha.

A Alemanha Ocidental obedecia aos Estados Unidos. Isso significava a presença do exército norte-americano e o normal funcionamento do país, que contava com empréstimos a juros baixos.

A Alemanha Oriental obedecia à União Soviética. Isso significava a transformação de todas as fazendas e negócios em propriedades do governo.

As pessoas também foram convertidas em empregados do Estado, o qual era responsável por decidir aspectos concernentes da vida pública e privada, aponta Jussi M. Hanhimäki na obra The Cold War: A History in Documents and Eyewitness Accounts. Havia, portanto, essa diferença entre estar sob tutela de um ou de outro.

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Churchill foi quem cunhou o termo “Cortina de Ferro”, denunciando essas práticas de Stalin e sublinhando que havia um desconhecimento sobre o que estava se passando.

As eleições e os processos foram transformados e o exército vermelho marchava sobre o leste europeu como se o possuísse. Assim, instaura-se um clima áspero entre as potências.

A construção do Muro de Berlim logo foi considerada um dos maiores símbolos do que foi a Guerra Fria, e, para muitos historiadores, sua queda, a 9 de novembro de 1989, é apontada como símbolo do encerramento desse conflito ideológico.

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Inicialmente, quando a Alemanha foi dividida em dois lados, não existia o muro.

Porém, à medida que as pessoas buscavam fugir para o lado ocidental, principalmente as pessoas qualificadas, os soviéticos constroem o muro.

O muro contava com estruturas de segurança, torres de soldado, e ordem de atirar para matar quem se aproximasse: tudo isso para impedir as pessoas de fugirem.

Enquanto os territórios eram partilhados e disputados, os dois blocos se armavam para possíveis conflitos bélicos.

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Corrida armamentista

Na Alemanha nazista, um grande poder bélico foi criado durante a guerra, principalmente armamentos relacionados ao desenvolvimento de foguetes. A Alemanha havia sido muito eficiente no desenvolvimento de tecnologias para enfrentar a guerra.

Estados Unidos e União Soviética tinham a expectativa e o interesse de se apoderar dessa tecnologia para seus arsenais.

A corrida armamentista apresentava seus primeiros indícios.

A procura pela hegemonia internacional fez com que ambas as potências investissem bastante no desenvolvimento de novas tecnologias bélicas. Assim, no período, o número de armas nucleares e termonucleares produzidas disparou.

Outras famosas tecnologias foram desenvolvidas no contexto da Guerra Fria.

Corrida espacial

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Astronauta Aldrin na superfície da Lua, ao lado o módulo lunar da missão Apollo 11 e a bandeira dos Estados Unidos.

O vasto investimento em tecnologia empreendido pela Rússia na época de Stalin teve como resultado o lançamento do foguete Sputnik. Isso apavorou os Estados Unidos. Um belo dia, os americanos abrem o jornal, e nele vai estampada a manchete que a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas colocou o primeiro satélite da história em órbita.

O ser humano nunca tinha lançado nada para fora do espaço. A URSS realizou vários lançamentos. Um deles com a cadela Laika, que foi posta dentro do míssil e morreu ainda na decolagem. Era o início da corrida espacial.

A corrida espacial foi um dos campos de disputa entre americanos e soviéticos e, ao longo da década de 1960, inúmeras expedições espaciais foram realizadas.

Os Estados Unidos aceleram suas pesquisas. Em alguns lançamentos, suas naves explodem ao vivo. Enquanto isso, a União Soviética envia dois cachorros para a atmosfera e os traz de volta, vivos.

Tais eventos são televisionados para toda população. Era inegável: a União Soviética liderava a corrida espacial. Inicialmente, John Kennedy não levava essa competição muito a sério.

Seu ponto de vista se alterou no momento em que percebeu o impacto que aquilo causava na população.

Nesse contexto, John Kennedy fez o discurso We go to the Moon. Neste discurso, Kennedy diz que os Estados Unidos escolheram ir para a Lua não porque é fácil, nem porque é preciso, mas porque decidiu.

Justamente porque é difícil, os Estados Unidos vão fazer isso. Quantias gigantescas de dinheiro foram investidas nesse projeto.

Tinha início a corrida espacial. No intervalo de dois anos, cada país realizou cerca de 15 lançamentos de foguete extra-atmosfera.

Com Brejnev no comando da União Soviética e Richard Nixon como presidente dos Estados Unidos, no dia 20 de julho de 1969, a Apollo 11 foi à Lua.

700 milhões de pessoas assistiram ao vivo o homem indo para a Lua e ouviram o discurso: “Um pequeno passo para o homem, mas um grande passo para a humanidade”. A bandeira dos Estados Unidos foi cravada na lua.

A chegada do homem à Lua engendrou uma série de discussões. Tratados de ética foram assinados estipulando como ocorreria a exploração do espaço.

Enquanto disputava-se territórios no espaço, a Guerra Fria continuava gerando disputas nos territórios ao redor do globo.

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