Filosofia
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O que foi a Escola de Frankfurt? Entenda o papel da indústria cultural e da teoria crítica

A Escola de Frankfurt possuía objetivos ocultos além do que foi disseminado. Entenda o que foi a Escola de Frankfurt e a Indústria Cultural, além de ver um resumo e detalhes de seus principais pensadores.

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Redação Brasil Paralelo
Publicado em
2/9/2021 15:03
-

“Mr. Gorbachev, open this gate. Mr. Gorbachev, tear down this wall”. Com essas palavras, o presidente americano Ronald Reagan pedia a demolição do Muro de Berlim. Em 1989, o muro caiu. O capitalismo e os valores do Ocidente pareceram vitoriosos sobre o socialismo. Mas outra realidade é percebida ao estudar o que foi os trabalhos da Escola de Frankfurt, especialmente sobre a indústria cultural.

O que você vai encontrar neste artigo?

O que foi a Escola de Frankfurt?

A escola de Frankfurt foi uma das escolas de pensamento mais importantes para a cultura ocidental do século XX adiante, afirma o professor de filosofia Guilherme Freire. Ela surgiu sob o nome de Instituto de Pesquisas Sociais na Universidade de Frankfurt, Alemanha. Desde o princípio, foi criada com a finalidade de destruir a cultura ocidental, atacando o capitalismo, a dimensão religiosa da vida e a tradição clássica.

O marxismo original foi adaptado para que influenciasse o Ocidente e mudasse a cultura por meio das ideias e da linguagem, alterando os hábitos das pessoas.

Os principais pensadores da Escola de Frankfurt eram filósofos ou sociólogos marxistas, como:

  • Max Horkheimer;
  • Friedrich Pollock;
  • Theodor Adorno;
  • Herbert Marcuse;
  • Erich Fromm;
  • Jurgen Habermas;
  • Wilhelm Reich.

As ideias desses teóricos permanecem vivas nos dias de hoje, sobretudo nas universidades e nas grandes mídias de comunicação. A partir do ensino acadêmico e da formação de novos profissionais, as ideias frankfurtianas permeiam a cultura.

Estes pensadores desenvolveram o Marxismo Cultural, uma vertente já existente das ideias de Marx.

Contexto histórico da Escola de Frankfurt

A Escola de Frankfurt está inserida no contexto histórico do século XX. Apesar das duas guerras mundiais, os trabalhadores não se uniram contra seus patrões como Marx previa. Além disso, devido à Revolução Russa, as discussões sobre a implementação de regimes socialistas se fortaleciam.

A queda do Muro de Berlim não significou o fim das ideias socialistas. Ao contrário, seu aparente fim serviu para estas ideias fortalecerem-se no Ocidente. Não há dúvidas de que os Estados Unidos venceram militarmente, mas a verdade é que o povo americano entregou sua cultura ao inimigo.

Todavia, antes de entender o que foi a Escola de Frankfurt, é preciso retomar o socialismo tal qual Marx o concebeu, um aspecto da filosofia de Hegel e as principais características da cultura ocidental.

O socialismo de Karl Marx

Karl Marx defendeu que a sociedade era injusta por explorar o trabalhador. Para vencer essa injustiça, acreditou que a solução estava no método revolucionário. Ele esperava que a classe trabalhadora tomasse o governo à força, com violência, e implantasse a ditadura do proletariado.

Marx descreveu uma ditadura necessária e provisória, que controlaria os meios de produção, até então em posse dos burgueses, a fim de acabar com as desigualdades.

Quando tudo estivesse sob o controle do proletariado, sua ideia era que a sociedade não precisaria mais de governo. Também não haveria mais classes sociais. Este seria o estágio do comunismo.

Em O Manifesto do Partido Comunista, Marx convocou o proletariado a se unir, porque imaginava que os trabalhadores dos vários países europeus lutariam juntos contra o capitalismo.

Ele acreditou que o capitalismo seria o próprio responsável por seu próprio fim e que os operários uniriam forças em uma grande revolução. Nada disso aconteceu e, após as guerras, o capitalismo assumiu outras formas e saiu fortalecido.

Com a Primeira Guerra Mundial, os proletários do mundo não se uniram contra seus patrões, mas sim uns contra os outros.

A crise do marxismo levantou uma questão:

Quem alienou os trabalhadores?

Segundo Marx, alienado é aquele que abdicou de seus direitos de classe e os outorgou a outrem. É a situação de quem não luta por si mesmo, mas pelos outros.

A civilização ocidental foi culpada.

Tese e antítese em Hegel

O princípio da filosofia hegeliana é que o mal possui uma força criativa. Cada vez que ideias são confrontadas, isto é, teses contra antíteses, surge uma síntese superior, melhorada.

Hegel acreditava que não existe uma verdade absoluta, pronta e objetiva. Sempre haverá embate entre ideias, e uma nova e melhor surgirá como resultado.

Consequentemente, o mundo sempre estará mudando em sua forma de pensar, contanto que as ideias sejam combatidas por opostos, a fim de que surjam novas ideias, as sínteses. Todavia, elas não permanecerão assim, pois aparecerão outras ideias contrariando-as e assim por diante…

A cultura ocidental

O Ocidente é sustentado pelo encontro de Jerusalém, Atenas e Roma. A ética judaico-cristã, a filosofia grega clássica e o pensamento jurídico romano formaram uma única identidade.

Em suma, a cultura ocidental reconhece uma moralidade objetiva, a relação do homem com Deus, sua essência e seus direitos naturais.

Mas é suficiente ler alguns autores explicando o que foi a Escola de Frankfurt para perceber que o pensamento que dela surgiu contraria tudo isso.

A origem da Escola de Frankfurt

Instituto-de-Pesquisa-Social-ou-Escoal-de-Frankfurt-na-Alemanha

Antonio Gramsci vira, na União Soviética, os limites da teoria marxista. Foi quando entendeu que era preciso mudar a cultura para implantar nas pessoas a mentalidade socialista. A ele deve-se o marxismo cultural.

Entretanto, restava ainda a necessidade de estudar como implantar o marxismo na mentalidade das pessoas.

Em 1923, Felix Weil, filántropo e acadêmico alemão de origem argentina, fundou o Instituto de Pesquisa Social na Universidade de Frankfurt. Fundou-o conjuntamente com  Georg Lukács, um filósofo marxista.

A função do Instituto era estudar a civilização ocidental para entender como destruí-la. Efetivamente, sua fundação ocorreu em 22 de junho de 1924, colocando em prática o que no ano anterior eram apenas ideias.

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Seis anos mais tarde, em 1930, outro teórico marxista assumiu o cargo de diretor da Escola de Frankfurt, Max Horkheimer, do qual ainda falaremos.

Em 13 de março de 1933, o Instituto frankfurtiano foi fechado pelo governo prussiano, na ausência de seus diretores Max Horkheimer e Friedrich Pollock. Alguns meses mais tarde, o edifício foi expropriado e cedido para a utilização da Liga Estudantil Nacional-Socialista.

  • Leia também sobre os projetos de comunismo mundial da Internacional Comunista. Até o Brasil estava em seus projetos.

Já na década de 40, durante a Segunda Guerra Mundial, muitos integrantes judeus da Escola de Frankfurt transferiram-se para Genebra (Suíça), Paris (França) e Nova Iorque (EUA). A mudança compulsória que sofreram foi ocasião para a difusão de suas ideias em outros países.

Objetivo da Escola de Frankfurt

Tratando-se de uma escola de análise e pensamento filosófico, o objetivo da Escola de Frankfurt foi destruir a cultura ocidental a partir de uma ótica marxista.

Fundamentalmente, os pensadores de Frankfurt, desenvolveram dois importantes conceitos:

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