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Guerra Cultural entre Modernismo e Pós-Modernismo: Entenda o debate por ambos os lados

Filosofia
Cultura
Ideologia de Gênero
À esquerda John Locke, a direita Michel Foucault
À esquerda John Locke, a direita Michel Foucault
Redação Brasil Paralelo

A guerra cultural acontece quando duas ideologias opostas disputam para se tornar dominantes entre as pessoas. Segundo o autor Stephen Hicks, o modernismo e o pós-modernismo têm sido protagonistas nesse debate. 

O modernismo defende os valores universais, o livre mercado e a liberdade de expressão. O Pós-modernismo defende o coletivismo, a regulação do discurso e o relativismo moral. 

As posições de ambos os campos apresentam diversos contornos lógicos e consequências práticas a partir de suas ideias. Conheça o que cada um representa e como essa luta ideológica as ações de seus representantes.

O que você vai encontrar neste artigo?

Como começou a Guerra Cultural

O termo “Guerra Cultural” remonta desde a Alemanha do século XIX. Nessa época, a Prússia e a Igreja Católica disputavam como seria a educação dos mais jovens em relação à identidade nacional e moral. 

A palavra original (

) era usada para se referir a conflitos ideológicos entre Igreja e Estado. Com o passar do tempo, também passou a englobar embates entre facções com visões de mundo opostas. 

Segundo o livro de Stephen Hicks, as duas ideologias que vêm travando essa guerra desde o século XVI são o modernismo e o pós-modernismo.

Modernismo x Pós-modernismo: os combatentes da guerra cultural

O modernismo é marcado pela confiança na razão, na ciência e no individualismo. Já no pós-modernismo, esses conceitos não são mais aceitos como guias absolutos para a sociedade ou para a filosofia. Tudo é questionado, desconstruído e colocado em debate.

Conheça melhor sobre cada um. 

O que defende o Modernismo?

Os pilares filosóficos do modernismo são figuras como Francis Bacon, René Descartes e John Locke. Eles acreditavam que a razão e a percepção humanas eram ferramentas confiáveis para conhecer a realidade. O ápice dessa ideologia foi o Iluminismo.

Um modernista costuma apresentar as seguintes características: 

  • Metafísica realista: A realidade existe de forma externa e independente do indivíduo. Ela pode ser compreendida através da razão.
  • Epistemologia empirista: A melhor forma de obter conhecimento é por meio do método científico. Colocar as hipóteses à prova em cenários de teste é a maneira objetiva de fundamentar as crenças
  • Natureza humana individualista: Cada indivíduo é racional e autônomo, portanto é capaz de fazer as próprias análises e tomar decisões. Isso implica que as consequências dessas decisões são responsabilidade única de quem às tomou.
  • Ética universalista: Os valores morais são baseados na razão e alicerçados em princípios universais como liberdade, justiça e igualdade. Ou seja, certo e errado são questões objetivas e a moral é externa ao indivíduo. 
  • Política liberal: Os indivíduos possuem autonomia para fechar negócios. Seus lucros, assim como prejuízos são absorvidos integralmente pelos agentes econômicos de maneira individual. Intervenções estatais são mínimas e os mercados são livres.

O que defende o Pós-modernismo?

O pós-modernismo surge como uma reação radical ao Iluminismo. Ele rejeita a razão, o individualismo e todas as consequências dessas ideias: desde a ciência, a tecnologia e o capitalismo, até os sistemas liberais de governo e os mercados livres.

Entre os principais nomes da vanguarda pós-moderna estão filósofos como Michel Foucault, Jacques Derrida, Jean-François Lyotard e Richard Rorty. Fazendo uma comparação ponto a ponto, um pós-modernista enxergaria o mundo da seguinte forma: 

  • Metafísica anti-realista: Não há uma realidade externa ao indivíduo. Pelo contrário, cada um é dono da sua própria verdade. A realidade é, portanto, subordinada ao indivíduo. 
  • Epistemologia subjetiva: O conhecimento não pode ser neutro e o método científico não tem como ser objetivo. A verdadeira forma de absorver conhecimento é por meio da cultura e das estruturas de poder presentes. 
  • Natureza humana coletivista: A identidade de um indivíduo é moldada pela característica do grupo ao qual ele pertence (raça, gênero, classe, sexualidade etc.). O foco sai da pessoa e vai para o contexto social em que ela se encontra.
  • Ética relativista: Os valores morais são baseados nos sentimentos e alicerçados em experiências pessoais. Os valores universais são vistos como ferramentas de opressão e de poder. 
  • Política afirmativa: Como o foco está nos grupos em vez dos indivíduos, o Estado é tido como um agente que deve ser atuante para garantir a justiça social entre as classes. 

Esse conflito representa uma discordância de valores morais entre as duas ideologias. Leia o artigo da Brasil Paralelo sobre valores morais e entenda os dois lados do debate.

A Guerra Cultural na política atual

Nos dias de hoje, o modernismo é representado pela direita do espectro político. Já a esquerda representa o pós-modernismo em termos ideológicos. Hicks percebe essa dicotomia em seu livro e levanta a pergunta: por que o pós-modernismo é de esquerda?

A conclusão a que ele chegou foi que na verdade a esquerda se tornou pós-modernista. Ele reconhece que o socialismo clássico, como o de Marx, tentava se apoiar na razão e na ciência. Era chamado de “socialismo científico”.

Os socialistas clássicos, acreditando na racionalidade de suas ideias, elaboraram quatro proposições: 

  • o capitalismo é explorador; 
  • o socialismo é humano e cooperativo; 
  • o capitalismo é menos produtivo que o socialismo; 
  • e economias socialistas gerariam prosperidade.

Segundo Hicks, as quatro falharam. As nações capitalistas prosperaram economicamente e melhoraram o padrão de vida da população, enquanto regimes socialistas fracassaram economicamente e instituíram ditaduras brutais

As derrotas empíricas levaram a derrotas também no campo teórico. Economistas de livre mercado como Ludwig von Mises, Friedrich Hayek e Milton Friedman já haviam previsto o colapso socialista muitas décadas antes e suas leituras provaram-se certeiras.

A partir daí, os socialistas passam por um fenômeno parecido com o que ocorreu com os contrailuministas alemães entre os anos de 1780 e 1815. Ao perceberem que a realidade estava contra a sua tese, eles começaram a defender que a verdade objetiva não existia

Hicks chega à conclusão que não foi o pós-modernismo que se tornou de esquerda. Políticos e pensadores de esquerda abraçaram o pós-modernismo após perceberem que sua ideologia não se sustentava em um mundo dominado pelo objetivismo racional. 

  • Para entender de forma completa a trajetória dos países comunistas assista ao documentário: História do Comunismo. Todos os episódios estão disponíveis na BP Select. Assine e assista

Veja os três primeiros de graça pelo YouTube da Brasil Paralelo: 

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A Guerra Cultural e a liberdade de expressão

A liberdade de expressão tornou-se tema central entre as pautas debatidas na guerra cultural. O mais comum é que ela seja defendida por entes de direita, ou seja, modernistas. Os motivos são os seguintes: 

  • Modernistas defendem autonomia individual: Compreender a realidade e agir com base nela é responsabilidade de cada pessoa. A censura cria medo e prejudica o indivíduo de exercer funções essenciais para agir responsavelmente.
  • Modernistas defendem troca de valores: Relacionamentos sociais resultam em trocas de valores como conhecimento, amizade, amor e econômicos. Desenvolver a tolerância necessária para que essas trocas aconteçam envolve risco de ofensas.
  • Modernistas defendem direitos individuais: Pensamentos e fala não violam direitos, então não há justificativa para intervenção governamental. Criticar o governo deve ser permitido para prevenir seu abuso de autoridade.

Atualmente o Brasil é catalogado pelo índice Index como um país com liberdade de expressão limitada. Leia a matéria da Brasil Paralelo sobre censura.

Já os pós-modernistas tendem a se posicionar contra a liberdade de expressão total e a favor da regulação estatal do discurso. 

O motivo disso é que eles entendem a fala como um instrumento de poder e o mais justo seria que todos tivessem habilidade de falar. Contudo, eles são coletivistas e enxergam o mundo pela lente de um conflito entre grupos oprimidos e opressores

Na visão de um pós-modernista, se todos os discursos forem permitidos, os grupos dominantes usarão a fala para coibir os oprimidos. A solução para isso seria redistribuir a fala para proteger os grupos mais fracos.

Isso siginifica restringir palavras depreciativas usadas pelos grupos dominantes, impedindo que reforcem racismo, sexismo ou ameaças. Assim, é possível reconstruir a realidade social.

O pós-modernista não vê códigos de fala como censura, mas sim libertação. Eles permitem que os grupos subordinados se expressem em igualdade de condições.

Hicks traz o exemplo do crítico literário Stanley Fish. Ele afirma que no liberalismo, meritocracia e individualismo reforçam o status quo, mantendo os brancos e homens no topo. Portanto, padrões duplos explícitos são necessários para equilibrar o poder.

Também cita no livro Herbert Marcuse, sociólogo e filósofo alemão que teria dito a frase: 

“A tolerância libertadora, então, significaria intolerância contra movimentos da Direita, e tolerância com movimentos da Esquerda.”

Esse pensamento também é utilizado para justificar atos de violência contra adversários políticos. Exemplos disso foram a facada em Jair Bolsonaro em 2018, o tiro que quase matou Donald Trump o mais recente assassinato de Charlie Kirk.

Guerra cultural na arte

Segundo Stephen Hicks, o campo das artes foi um em que o pós-modernismo não rompeu com o modernismo, mas sim, deu continuidade ao seu trabalho. 

Até o final do século XIX, a arte buscava beleza, originalidade e significado humano universal, exigindo do artista habilidade e visão. Os modernistas passaram a rejeitar a tradição e a explorar a eliminação sistemática dos elementos artísticos.

Essa mudança foi alimentada por um clima cultural de pessimismo. Segundo Hicks, o início do século XX foi marcado por ceticismo filosófico, revoluções políticas, ansiedade, desumanização e abalo da fé.

Os artistas responderam a esse mal-estar com obras que refletiam fragmentação, feiura e absurdo.

A arte moderna era: 

  • Pessimista: Afirmava que o mundo não é belo, mas caótico, fragmentado e sem sentido. A obra O Grito de Edvard Munch é um bom exemplo:

  • Reducionista: A busca pela “essência” da arte levou artistas a eliminar tudo que não fosse essencial ao meio. Na pintura, isso significou abandonar tridimensionalidade, composição, cor e até o apelo sensorial.

A arte moderna se radicalizou nesse caminho até terminar em Duchamp e seu Fountain: 

Com o urinol, ele mostrou que a arte moderna já não buscava criar, mas questionar o que é arte. O objeto não tinha valor estético. Era apenas parte de um experimento filosófico. Para Duchamp, a obra não era arte, mas um teste conceitual.

O pós-modernismo apenas seguiu a tendência e elaborou quatro temas para abordar em suas obras: 

  • Metalinguagem: Como a arte não falaria mais da realidade, pois, segundo o pós-modernismo, esta não existe, então falaria da própria arte como fenômeno social. 
  • Arte autodestrutiva: Além do reducionismo modernista, o pós-modernismo introduziu a destruição de obras como arte em si. O maior exemplo é Robert Rauschenberg, famoso pintor americano que apagava seus desenhos

  • Identitarismo: A arte passou a se apresentar como voz de minorias, apresentando conteúdo ideológico voltado para pautas sociais de raça, classe, gênero e sexualidade.

O pós-modernismo intensificou o “beco sem saída”, como chama Hicks. Da ousadia inicial de Duchamp ao escárnio escatológico de Allin, o percurso foi um círculo fechado, onde cada gesto radical apenas repete e intensifica o vazio.

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