Plataformas não respondem por conteúdo de terceiros
Para o ministro, a regra do Artigo 19 deve ser mantida. Atualmente, a responsabilidade por uma publicação ilegal é do usuário que a criou, a plataforma só deve retirar o conteúdo quando solicitado pela Justiça.
Ministro é contra a remoção de perfis
Mendonça considerou a remoção ou suspensão de perfis e páginas inteiras inconstitucional, classificando a medida como "censura prévia".
Para ele, apenas as publicações pontuais que forem consideradas ilegais podem ser retiradas do ar, e não o perfil do "infrator".
As únicas exceções seriam para perfis comprovadamente falsos, robôs ou aqueles criados com o propósito de cometer crimes.
O ministro defendeu que aplicativos de mensageria privada, como WhatsApp e Telegram, devem ter um tratamento diferenciado, com prevalência da proteção à intimidade, à vida privada e ao sigilo das comunicações.
Quando houver uma ordem judicial para a remoção de conteúdo, as plataformas devem ter acesso à íntegra da decisão para que possam recorrer, defendeu ele.
Mendonça também criticou a ideia de transferir para as próprias plataformas o poder de decidir o que pode ou não ser dito, um poder que hoje cabe ao Judiciário.
Em seu voto, ele argumentou sobre o risco de entregar essa decisão a algoritmos:
"Não vislumbro como transferir às plataformas e, por consequência, ao algoritmo, o dever de ponderar, de modo automático e artificial, os valores em disputa, especialmente quando um desses valores é a liberdade de expressão."
Ministro tem visão diferente dos colegas
A posição de Mendonça representa uma divergência em relação aos três votos proferidos anteriormente.
Os ministros Dias Toffoli e Luiz Fux, relatores dos casos, votaram pela derrubada do Artigo 19, defendendo que as plataformas deveriam remover conteúdos ilegais após notificações do usuário, invertendo o sistema atual.
Já o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, propôs um caminho intermediário. Para ele deveriam manter a exigência de ordem judicial para crimes contra a honra.
Mas Barroso defende permitir a remoção via notificação para outros tipos de crimes, além de responsabilizar as plataformas por casos de conteúdo impulsionado ou anúncios pagos.
Leia também:
O jornalismo da Brasil Paralelo existe graças aos nossos membros
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.
Clique aqui.