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Israelense progressista fala sobre a guerra com a Palestina: “Os palestinos sempre nos contaram o que queriam, nós só não os ouvíamos”

A parlamentar Einat Wilf afirma que, quando começou a “ouvir os palestinos”, começou a entender a verdade sobre a guerra.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
7/10/2024 19:31
Einat Wilf - Brasil Paralelo

A última década do século XX foi marcada por um sentimento de esperança e euforia.

A União Soviética e as ditaduras comunistas do Leste Europeu colapsaram: o regime do Apartheid na África do Sul chegava ao fim e a guerra entre grupos irlandeses e a Inglaterra acabava de ser encerrada com a assinatura de tratados de paz.

Israel foi um dos países onde a paz parecia chegar. Em 1993, o primeiro-ministro Yitzhak P.Rabin conseguiu selar a paz com Yasser Arafat, líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

Em entrevista à Brasil Paralelo, a pesquisadora e ex-parlamentar Einat Wilf conta que “estava eufórica como muitos israelenses pacifistas” na época.

Wilf serviu como oficial de inteligência nas Forças de Defesa de Israel e Assessora de Política Externa do Vice-Primeiro-Ministro Shimon Peres, que ganhou o Prêmio Nobel em 1994 por seu papel nas negociações com a OLP.

Como membro do Partido Trabalhista, sigla ligada à esquerda israelense, Wilf era uma grande entusiasta da ideia de solucionar a disputa com a Palestina por meio de concessões, como a política de dois Estados:

Eu trabalhei com Shimon Peres, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, eu era membro do Partido Trabalhista e depois me tornei membro do parlamento; eu fazia parte do campo da paz, apoiadora de dois Estados. ‘Só dê um território aos palestinos’, eu apoiei tudo isso.”

A posição de Wilf, no entanto, começou a se transformar à medida em que ela começava a prestar mais atenção nos discursos pregados pelos movimentos palestinos:

O que foi incrível é que eu estava começando a ouvir o que os palestinos estavam falando, realmente ouvir. Os palestinos sempre nos contaram o que queriam, nós só não os ouvíamos, mas eles nos contaram. ‘Do rio ao mar, a Palestina será livre’”.

Apesar do slogan aparentar simplesmente defender a liberdade do povo palestino, Wilf afirma que há um outro significado por trás.

A especialista conta que a frase explicitamente clamava pela expulsão de todos os judeus da região:

Em inglês, eles gostam de fingir que ‘Palestina será livre’ é uma ideia neutra onde todos vivem em harmonia. A frase original, antes de ser traduzida, era: ‘De água à água, a Palestina será árabe’, sem judeus”.

A frase ganhou destaque com as manifestações pró-palestina que se espalharam por todo o mundo ocidental após o início da resposta israelense ao atentado do grupo terrorista Hamas em 7 de outubro de 2023.

Para entender uma questão complexa e importante como a guerra entre Israel e o Hamas, a Brasil Paralelo foi ao Oriente Médio, onde entrevistou intelectuais, militares e sobreviventes da guerra

Einat Wilf é uma das entrevistadas para o filme original “From the River to the Sea”, que será lançado internacionalmente hoje, às 20 horas.

Para assistir à estreia gratuitamente no YouTube, clique no link abaixo:

Quero assistir “From the River to the Sea”.

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