Israel iniciou uma pausa tática de 10 horas diárias nos combates em Gaza. A medida vale para três regiões com alta densidade populacional: Cidade de Gaza, Deir al-Balah e Al-Mawasi.
A suspensão das operações vai das 10h às 20h e começou neste domingo (27), sem previsão de término.
As forças de defesa também estabeleceram rotas seguras para comboios de ajuda, que funcionarão das 6h às 23h. Segundo os militares israelenses, a decisão visa aumentar o fluxo de alimentos, remédios e combustível para na região.
A medida vem após críticas crescentes da comunidade internacional e imagens alarmantes de crianças desnutridas circularem nas redes sociais e em veículos de imprensa.
De acordo com a ONU, quase meio milhão de pessoas em Gaza enfrentam fome severa.
Desde o início da guerra, 133 pessoas morreram por desnutrição em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, que é controlado pelo Hamas. Só em julho, foram 63 mortes, incluindo 24 crianças menores de cinco anos.
No sábado (26), foi registrada a morte de uma bebê de cinco meses, Zainab Abu Haleeb, no Hospital Nasser. Segundo a mãe, a criança estava internada havia três meses.
No último domingo (27), Benjamin Netanyahu afirmou que não há fome em Gaza, já que Israel permitiu a entrada de ajuda durante a guerra.
"Permitimos a entrada da quantidade exigida pelo direito internacional. Há centenas e centenas de caminhões carregados com toneladas. Até agora, fornecemos 1,9 milhão de toneladas de alimentos desde o início da guerra, quase 2 milhões de toneladas. E agora temos centenas de caminhões esperando no lado de Gaza da passagem de Kerem Shalom"
Em resposta à declaração do primeiro-ministro israelense, Donald Trump afirmou que há pessoas passando fome em Gaza e sinalizou a intenção de criar bases de alimentação no território.
"Não sei. Quer dizer, pelo que vejo na televisão, diria que não exatamente, porque aquelas crianças parecem muito famintas. Mas estamos enviando muito dinheiro e comida, e outras nações também começaram a ajudar. (...) Quero que Israel garanta que a comida chegue às pessoas.”
No domingo, mais de 100 caminhões com 1.200 toneladas de alimentos entraram pelo sul da Faixa de Gaza, segundo o Crescente Vermelho Egípcio. Outros comboios também chegaram via Jordânia, Ashdod e Egito.
Em paralelo, Jordânia e Emirados Árabes Unidos realizaram lançamentos aéreos de 25 toneladas de ajuda, mas autoridades locais alertaram que esse tipo de operação não substitui a entrega terrestre.
Segundo moradores, algumas caixas caíram sobre civis pelo menos 10 pessoas ficaram feridas.
A ONU classificou as pausas nos combates como um avanço, mas alertou que a ajuda ainda é insuficiente.
O chefe humanitário Tom Fletcher afirmou que são necessários de 500 a 600 caminhões por dia, mas a média em julho ficou abaixo de 70.
Segundo a OMS, 87 das 133 mortes por desnutrição em Gaza foram de crianças. Para o Ministério da Saúde local, "cada atraso é medido por mais um funeral".
Relatos de saques a caminhões ocorreram na região de Khan Younis, e pelo menos 17 pessoas foram mortas por tiros israelenses enquanto aguardavam suprimentos perto de pontos de distribuição, de acordo com os hospitais Al-Awda e Al-Aqsa.
O exército israelense afirmou que disparou tiros de advertência contra suspeitos que se aproximaram de suas tropas e alegou não ter conhecimento de vítimas civis nesses incidentes.
O governo de Israel afirmou que continuará permitindo a entrada de ajuda, mesmo sem um cessar-fogo oficial.
Benjamin Netanyahu disse que a operação militar seguirá até a “vitória completa”.
Já o Hamas declarou que a medida não configura uma trégua, apenas uma manobra política.
Ali Baraka, dirigente do grupo, afirmou:
“O que está acontecendo não é uma trégua humanitária.”
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, com um ataque do Hamas ao sul de Israel.
Cerca de 1.200 pessoas foram mortas, a maioria civis, e 251 reféns foram levados para Gaza. Segundo Israel, mais da metade permanece em cativeiro ou foi morta.
A ONU e outras organizações internacionais consideram esses dados os mais confiáveis disponíveis até o momento, apesar de o ministério operar sob o governo do Hamas.
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