Às margens do Rio Ipiranga, Dom Pedro recebe cartas que contam a tensa situação entre Brasil e Portugal. Entre essas mensagens, havia relatos de sua esposa Leopoldina e de seu ministro, José Bonifácio. Percebendo que a situação estava insustentável, Pedro saca a espada, convoca seus homens e grita: “Independência ou Morte”.
A História da Independência do Brasil não resume-se apenas a este dia, apesar dele ser muito importante. Este acontecimento foi consequência de conflitos políticos anteriores e o causador de muitas outras disputas que o Brasil precisou enfrentar para se consolidar como Nação.
A História do Brasil mudou significativamente com a vinda da Família Real em 1808. Neste momento começou o Período Joanino (1808 - 1821) quando o Brasil passou a ser o centro político de todo o império português.
Com o Dom João no Brasil, precisava-se criar um conjunto de pessoas capazes de ocupar as funções do Estado, a chamada burocracia. Além disso, o governo investiu na criação de faculdades, bibliotecas, jardins botânicos e infraestrutura pública.
Todo esse crescimento do Estado incentivou também o crescimento do comércio e a formação de uma classe política atuante no Brasil.
O Brasil era um país grande com uma economia agrária robusta, mas não possuía uma elite política dirigente capaz de competir com a gestão portuguesa. Isso mudou no Período Joanino.
Dom João foi aclamado rei em 1818 em terras brasileiras, o que aumentou ainda mais a relevância do país. Tudo parecia caminhar bem para o monarca em terras brasileiras, mas uma revolução na Europa quebrou as suas expectativas.
Em 1820, parte dos portugueses sente o seu país abandonado pelo rei que residia no Brasil. Um grupo secreto chamado Sinédrio incentiva a população a se revoltar contra a situação do Império baseados em argumentos do iluminismo português.
A reivindicação da revolta era clara: Dom João VI deveria voltar a Portugal e jurar a uma constituição escrita pelas Cortes.
As Cortes é um governo provisório convocado pelos revoltosos para governar o país enquanto o rei estava fora. Dom João recebe a notícia com espanto e preocupação. O monarca decide então convocar homens de confiança para decidir o que fazer.
Três cenários são possíveis para Dom João VI:
Ele optou pela terceira opção e Dom Pedro revelou posteriormente que antes de partir seu pai havia lhe dado um valioso aviso: “Pedro, se o Brasil se separar, antes seja por ti, que me hás de respeitar do que para algum desses aventureiros”.
Dom João já notava que no Brasil havia uma luta por mais autonomia. Além das articulações políticas internas, o contexto internacional favorecia movimentos independentistas.
Quando Dom João VI foi para Portugal, encontrou o governo local tomado pelas Cortes.
A primeira proposta dos políticos das cortes portuguesas era juntar Portugal, Algarves, Brasil, as possessões africanas e possessões asiáticas em um parlamento único sediado em Portugal. Seria a formação de um Reino Unido onde todos teriam direito a voto. Na proposta original, o parlamento seria composto por:
Para poder debater esse tema, comissões de deputados brasileiros foram eleitas e enviadas à Lisboa. O que era para ser uma negociação pacífica e produtiva, se tornou um embate agressivo e tenso.
Os políticos brasileiros acusam Portugal de querer dar mais poder ao seu país e diminuir a força política que o Brasil havia conquistado durante o Período Joanino. Para esses deputados, as Cortes queriam recolonizar o Brasil.
Por mais que os portugueses negassem a intenção de recolonizar o Brasil, as propostas das Cortes favoreciam Portugal e o discurso contra os brasileiros era muito agressivo. Eles chegaram a chamá-los de macacos.
O clima ficou mais pesado quando Portugal passou a exigir a volta de Dom Pedro e disse que a permanência dele no Brasil era um ato de rebeldia que causava instabilidade no Império. As Cortes chegaram a chamar o príncipe de “rapazinho”.
Os jornais brasileiros, parte da população, os políticos e a classe econômica do país uniram-se em torno de Dom Pedro para pedir que ele desafiasse as Cortes e se negasse ir para Portugal.
Após receber um abaixo-assinado com 8 mil assinaturas, Dom Pedro decidiu ficar. Ele fez um pronunciamento público que foi recebido com muita euforia pela população, mas com muito ódio pelas Cortes Portuguesas.
Um fato curioso desse momento é como os jornais noticiaram o ocorrido. Em um primeiro momento, um jornal chamado de “O Espelho” afirmou que Dom Pedro havia dito a seguinte frase:
“Convencido de que a Presença da Minha Pessoa no Brasil interessa ao bem de toda a Nação Portugueza, e conhecendo que a vontade de algumas Províncias assim o requer, demorarei a minha saída, até que as Cortes, e Meu Augusto Pai, e Senhor deliberem a este respeito com perfeito conhecimento das circunstâncias, que têm ocorrido."
No dia seguinte, o jornalista fez uma retratação afirmando que a frase havia sido transcrita errada, que Dom Pedro na verdade disse:
“Como é para o bem de todos, e felicidade geral da Nação, estou pronto, diga ao Povo que fico”.
No dia 09 de janeiro de 1822, Pedro ficou no Brasil desafiando o governo português.
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Apenas 3 dias após o dia do fico, o Rio de Janeiro foi surpreendido com uma notícia: tropas portuguesas haviam se rebelado contra o príncipe Dom Pedro. Esses soldados pertenciam à Divisão Auxiliadora e eram liderados pelo General Jorge Avilez.
Dom Pedro tentou negociar com os militares pelo fim do motim, mas se frustrou. A Rebelião de Avilez continuou a tornar o Rio de Janeiro um lugar instável politicamente. Pedro ordenou que a sua família fosse retirada da capital e levada para o interior, longe da confusão enquanto ele tentava resolvê-la.
A esposa de Dom Pedro, Dona Leopoldina, fugiu junto aos filhos. Com a mãe estava um menino, o príncipe Dom João Carlos que era primogênito de Dom Pedro. Ele herdaria a coroa portuguesa em caso da morte de Dom João VI e de seu pai Dom Pedro. Na época, o filho primogênito era muito importante para uma família real.
Durante a fuga, o príncipe João Carlos teve uma piora em sua saúde que já estava debilitada. No dia 04 de fevereiro de 1822, ele morreu. A morte foi um choque para Leopoldina e Pedro, que culparam os portugueses por terem obrigado uma fuga tão rápida e em péssimas condições.
Leopoldina chorou muito com a morte do filho. Pedro, além de chorar, foi tomado pela cólera contra os portugueses. No mesmo dia escreveu uma carta ao pai culpando os soldados portugueses pela morte de seu filho e comunicando o falecimento do neto de Dom João VI.
Ele montou em seu cavalo, juntou soldados e expulsou o general Avilez e todos os soldados envolvidos no motim do Brasil. Essa ação expõe a crise que se agravava entre Portugal e Brasil.
Repetidamente as cortes ofendiam Dom Pedro e o chamavam de rapazinho. Tentavam atacar de alguma forma a autonomia brasileira. As duas pessoas mais próximas de Pedro, sua esposa Leopoldina e o ministro José Bonifácio, defendiam que o Brasil deveria se separar de Portugal.
No dia 14 de agosto de 1822, Dom Pedro partiu para São Paulo para resolver uma instabilidade política.
Essa era uma ação característica do imperador, ele gostava de solucionar esse tipo de problema estando presente no local, assim como havia feito pouco antes em Minas Gerais.
O primeiro destino foi a cidade de Santos. Depois, partiu para São Paulo. No meio do caminho, Pedro foi surpreendido por um mensageiro que trazia cartas que vinham do Rio de Janeiro.
Essas cartas relatam como estava a política nacional. Entre elas, haviam cartas de Dona Leopoldina e de José Bonifácio que mostravam uma agressividade maior das Cortes portuguesas e diziam ser essa uma situação insustentável, o Brasil precisava se separar.
Tendo recebido a carta, D. Pedro arrancou a braçadeira azul e branca que simbolizava Portugal e atirou-a no chão dizendo:
— “Tirem suas braçadeiras, soldados! Viva a Independência, a liberdade e a separação do Brasil!”
O príncipe desembainhou sua espada, no que foi seguido pelos militares; os paisanos tiraram o chapéu, e D. Pedro disse:
— “Pelo meu sangue, pela minha honra, pelo meu Deus, juro fazer a liberdade do Brasil! Brasileiros! A nossa divisa de hoje em diante será – INDEPENDÊNCIA OU MORTE!”
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Dom Pedro foi coroado imperador do Brasil no dia 01 de dezembro de 1822. O imperador Dom Pedro I tinha dois grandes problemas em mãos: vencer as guerras pela independência e conseguir o reconhecimento internacional da nova nação.
A Independência do Brasil não foi pacífica. Houve guerras em diversas províncias:
Sendo o último lugar a expulsar as tropas portuguesas a Bahia, em Julho de 1823.
O Brasil ainda não possuía uma unidade nacional muito bem definida, algumas províncias sentiam-se mais próximas de Portugal do que do Brasil. Além disso, havia ainda tropas portuguesas no país que se negaram a sair sem antes se aliar a alguns brasileiros e tentar resistir à Independência. Todos esses movimentos foram derrotados pelas tropas de Dom Pedro I.
O primeiro país a reconhecer a Independência do Brasil foi os Estados Unidos da América, isso é justificado pelo fato dos EUA adotar uma política externa que tentava diminuir a influência europeia no Brasil.
O último país a reconhecer a Independência do Brasil foi Portugal, que só fez isso em 1825 mediante o pagamento de uma indenização de 2 milhões de libras esterlinas. O pagamento foi feito a partir de um empréstimo que gerou uma significativa dívida externa ao Brasil.
Mesmo que pessoalmente Dom Pedro I e José Bonifácio fossem contrários à escravidão, para conseguir avançar com o projeto da Independência eles tiveram que manter unida a elite política e econômica brasileira.
Essa elite era, em grande parte, dependente do trabalho escravo para manter os seus negócios. Colocar o fim da escravidão como uma pauta seria confrontar pessoas das quais eles precisavam.
Há relatos de testemunhas do Grito do Ipiranga que contam que Dom Pedro estava com problemas intestinais no dia. Mas por que esse fato é tratado com tanta relevância?
O século XIX é um período onde não existia a higiene alimentar de hoje, era comum as pessoas terem problemas por conta da alimentação. Esse detalhe não tira a grandeza do 07 de setembro.
Há também quem afirme que Dom Pedro estava em cima de um burro e não de um cavalo como os quadros retratam. De fato o príncipe estava, esse era o animal ideal para viagem em grandes distâncias. Só que esse detalhe não deveria diminuir o impacto do feito político.
Para diminuir a história do Brasil e a importância de seus feito e seus heróis, muitas vezes historiadores, professores e pessoas da mídia se atém a fatos irrelevantes.
Todo o heroísmo e coragem de Dom Pedro ao desafiar o império português são deixados de lado para focar em uma comum dor de barriga ou no tipo de animal que ele estava montado. Esse ataque à História do Brasil é algo que acontece há anos.
Muitas pessoas neste 07 de Setembro nem se recordam dessa corajosa ação. São jovens que vão passar o feriado jogando ou passando longas horas na rede social porque enxergam a data de forma jocosa.
A sensação é que o passado do Brasil é a areia de uma ampulheta que está sumindo. Sem memória, nosso povo está fadado a cometer graves erros graves em seu futuro.
Você tem a possibilidade de lutar contra isso. Valorizar o dia da independência deve partir primeiramente de nós mesmos. Uma das formas que encontramos para isso, foi entrevistar historiadores, jornalistas e cientistas políticos para fazer o maior documentário sobre a história do nosso país.
Brasil: A Última Cruzada conta a história da chegada dos portugueses, passando pela Independência e indo até a redemocratização. Produzimos também Amada e Ultraja, que conta a história do exército brasileiro, incluindo a sua participação na emancipação do Brasil em relação a Portugal.
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