


Oficina do Diabo é o primeiro filme de ficção da Brasil Paralelo e marca a entrada da produtora no cinema narrativo com uma obra que une drama, simbolismo e reflexão espiritual. Ambientado no Brasil do final dos anos 1960, o filme acompanha a trajetória de um jovem comum cuja vida se torna o palco de uma batalha invisível.
Pedro é um músico talentoso que deixa o interior em busca de sucesso na cidade grande. Seduzido por promessas fáceis, escolhas impulsivas e uma rotina desordenada, ele perde tudo o que tinha e retorna derrotado para a casa da mãe. O fracasso não aparece apenas como um revés profissional, mas como uma ruptura interior que afeta sua fé, suas relações e a forma como passa a enxergar a si mesmo.
É nesse ponto que o filme revela sua camada mais profunda. Enquanto Pedro tenta reorganizar a própria vida, dois personagens observam e influenciam seus passos: Fausto, um demônio experiente, e Natan, seu aprendiz. Diferente das representações caricatas habituais, eles não agem por meio do choque ou da violência explícita, mas pela sutileza, pela sugestão constante, pela distorção gradual das escolhas cotidianas.
A narrativa constrói, com calma e tensão crescente, a ideia de que o bem e o mal não se enfrentam apenas em grandes decisões, mas nas pequenas concessões feitas todos os dias. A vida comum se torna, assim, o verdadeiro campo de batalha. O conflito espiritual não é apresentado como algo distante ou abstrato, mas como uma realidade silenciosa que atravessa desejos, ressentimentos e hábitos aparentemente inofensivos.
Dirigido por Filipe Valerim, Oficina do Diabo aposta em uma estética sóbria, diálogos densos e personagens contidos. O filme dialoga com reflexões clássicas sobre o mal, presentes tanto na tradição cristã quanto na filosofia, sem se limitar a um público específico. Independentemente da crença, a história convida o espectador a reconhecer padrões, rever escolhas e observar com mais atenção os próprios caminhos.
Disponível com exclusividade no streaming da Brasil Paralelo, Oficina do Diabo integra uma curadoria de filmes que apostam em profundidade simbólica, densidade humana e impacto duradouro.