Os espectros surgiram em meio à Revolução Francesa, quando os jacobinos, ala mais radical, se sentavam à esquerda da Assembleia nacional e os girondinos, ala mais moderada, se posicionavam à direita.
Desde então, direita e esquerda representam diferentes visões de mundo e orientações políticas distintas. Os dois campos são compostos por uma ampla gama de correntes intelectuais conflitantes.
No Brasil, a direita política é associada a dois grupos: o conservadorismo e o liberalismo.
O campo político-filosófico conhecido como “direita” é composto por diversas vertentes associadas, com suas características específicas e distintas.
Algumas correntes de pensamento que podem ser englobadas na direita, como o nacionalismo, defendem um papel mais ativo do Estado na economia e cultura.
O professor Adriano Gianturco afirma que “o nacionalismo é tradicionalmente associado à direita, mas alguns setores da esquerda, sobretudo na América Latina, também o absorveram.”
Outras vertentes como o libertarianismo, acreditam na deslegitimação de instituições que se oponham à vontade individual.
As quatro ideologias mencionadas são apenas alguns dos exemplos de posicionamentos que podem ser classificados como direita.
O parlamentar e comentarista do programa Cartas na Mesa, Luiz Phillipe de Orleans e Bragança, destacou durante sua fala que as pessoas se juntam em torno de personalidades "de direita", mas que o espectro ainda não é muito coeso:
"A direita que está renascendo e se apoia em quem se propõe a ser líder da direita, mas não tem uma coesão muito clara do que é a direita."
De fato, há setores da direita que possuem visões distintas, porém, que se juntam para eleger, muitas vezes, os mesmos candidatos.
O fenômeno em questão tem ocorrido ao redor do mundo. No Brasil, por exemplo, a figura de Jair Messias Bolsonaro conseguiu captar votos de unir grupos ideologicamente opostos, como libertários e conservadores, em suas campanhas presidenciais.
Algo semelhante ao que realizou o presidente Luís Inácio Lula da Silva que uniu grupos alinhados ao campo da esquerda na ampla frente partidária que o elegeu.
O debate sobre polarização política também resulta no resgate de figuras históricas com visões distintas de forma descontextualizada.
Enéas Carneiro era um nacionalista contrário à abertura econômica na década de 1990. Atualmente, entre as pessoas que constantemente o celebram constam pessoas com um discurso muito diferente, como o libertário Paulo Kogos.
Orleans e Bragança afirma que esse tipo de movimento ocorre por conta da falta de definição do que é direita nos dias atuais:
"A gente precisa de um pouquinho de tempo para reforçar o que é a direita no século XXI. Este conceito não está muito bem definido."
O parlamentar seguiu falando que casos como o da Marie Le Pen, na França, chamam a atenção, uma vez que ela é o mais relevante nome da direita em seu país, mesmo trazendo apenas a pauta nacionalista:
"A direita, naturalmente, só tende a dar apoio só por causa dessa questão. E nas outras questões, ela é progressista ou meio socialista."
O comentarista complementa relatando que, em suas palestras, já se deparou com muitas pessoas que descobriram ser conservadoras em questões de costumes e ter uma visão mais próxima da esquerda na economia. Bragança afirmou que tenta esclarecer conceitos:
"Eu tento fazer isso em algumas palestras e apresentações minhas e vejo que é revelador para muitas pessoas até que ela se descobre como: 'Ah, eu era conservador de esquerda, era conservador socialista.' Porque ele tinha algum aspecto que era da direita, mas, nos demais pontos, ele apoia todas as propostas socialistas".
Campos políticos, como direita e esquerda, são muito amplos para definir o posicionamento de indivíduos. Ainda assim, indicam uma tendência da visão de mundo de boa parte da população.