“Enquanto Maduro estiver no poder, não posso deixar o lugar onde me escondo”, revelou a líder da oposição venezuelana María Corina Machado. Ela afirma que só viajará a Oslo, na Noruega, para receber o Prêmio Nobel da Paz quando o ditador deixar o poder.
Em entrevista à imprensa norueguesa, Corina declarou que vive escondida por causa de ameaças diretas contra sua vida. Ela afirmou que não pretende sair da Venezuela enquanto o regime chavista permanecer no comando.
“Há ameaças diretas contra minha vida. A Venezuela deve ser livre”, afirmou.
A opositora do regime chavista relatou que vive sob vigilância constante, mas disse que o apoio popular tem sido sua principal força.
“Aprendi a viver o dia a dia, e o povo venezuelano está fazendo tudo o que está em suas mãos por seu futuro”.
O Comitê Norueguês do Nobel anunciou na última sexta-feira (10) que o prêmio seria concedido a María Corina Machado. De acordo com o Comitê, a escolha se deu pela luta de María Corina em defesa dos direitos democráticos do povo venezuelano.
“Por sua incansável luta na promoção dos direitos democráticos do povo venezuelano e por sua batalha para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia”.
Com a premiação Maria se tornou a primeira venezuelana a receber o Prêmio Nobel da Paz.
María é considerada uma das figuras mais importantes para a oposição à ditadura de Nicolás Maduro.
Sua atuação foi marcante durante a eleição venezuelana deste ano. Apesar de inelegível, ela foi uma das principais apoiadoras de Edmundo González.
Além disso, foi uma das vozes a denunciar a fraude eleitoral de Maduro, organizando protestos ao redor do país. Ela chegou a ser detida e liberada em seguida por autoridades do regime.
Engenheira industrial, professora e ex-deputada federal, María atua há décadas em organizações sociais e caritativas católicas de Caracas.
Iniciou a sua carreira política como co-fundadora da ONG Súmate. A organização tinha objetivo de garantir a transparência eleitoral.
Em 2005, encontrou-se com o então presidente George W Bush na Casa Branca, o que a fez ser considerada pelo governo venezuelano como “representante do imperialismo norte-americano”.
Foi eleita como deputada nacional em 2012, após se candidatar devido ao descontentamento com o regime chavista.
Em 2014, quando ainda era deputada, María promoveu um movimento de protesto para retirar o chavismo do poder.
Isso lhe custou a perda do mandato devido a uma acusação de “conspiração golpista”. No ano seguinte, foi impedida de concorrer a quaisquer novos cargos públicos.
Mesmo após ser proibida de exercer cargos públicos, María Corina manteve sua atuação política e tornou-se uma das principais vozes da resistência ao governo de Nicolás Maduro.
Em 2014, durante uma visita ao Senado Federal do Brasil, ela discursou sobre a crise venezuelana e denunciou as violações cometidas pelo regime chavista.
"O conflito que enfrentamos é entre a falta de respeito aos direitos humanos e às liberdades, entre a ditadura e a democracia, entre a Justiça e os atropelos, entre um regime opressor e um povo que clama por liberdade".
Após o fim do mandato, María viajou o mundo falando sobre a realidade da Venezuela, buscando apoio internacional.
Em nova declaração no domingo (12), María Corina afirmou que o reconhecimento internacional representa “um impacto simbólico contra o regime” e reforça o isolamento político de Maduro.
“Tem um impacto muito importante tanto nos venezuelanos como no próprio regime. O governo de Maduro está absolutamente isolado e tem os dias contados”, disse.
Para a líder da oposição, a atual tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela foi provocada por Maduro.
"[Maduro] iniciou essa guerra e precisamos da ajuda do presidente dos Estados Unidos para parar essa guerra, porque isso envolve vidas humanas".
Nos últimos meses, ao menos cinco embarcações foram destruídas por ataques aéreos dos EUA, classificados pela Casa Branca como ações contra o narcotráfico internacional.
Entre os alvos estaria o Cartel de los Soles, grupo apontado por Washington como uma rede criminosa ligada à alta cúpula do governo venezuelano.
O presidente Donald Trump também autorizou a CIA a intensificar operações de inteligência na região, com foco na derrubada de Maduro e na neutralização de organizações ligadas ao tráfico.
A situação reacende a tensão diplomática entre Estados Unidos e América Latina, especialmente porque países vizinhos, como o Brasil, têm defendido soluções diplomáticas e pacíficas para o impasse.
Uma operação militar americana na Venezuela poderia provocar novo aumento no fluxo migratório para o Brasil e gerar impacto econômico em estados fronteiriços, como Roraima, que tem parte significativa de suas exportações voltadas ao mercado venezuelano.
A ampliação da presença militar dos Estados Unidos no Caribe mantém em alerta os países da região e amplia as discussões sobre segurança e estabilidade na América do Sul.
A situação segue em observação por governos e organismos internacionais, enquanto ainda não há definição sobre os próximos passos de Washington em relação à Venezuela.
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