Carla Zambelli deixou o Brasil após ter sido condenada a mais de 10 anos de prisão pela Primeira Turma do STF.
O ministro Alexandre de Moraes pediu para que a Polícia Federal (PF) solicitasse a inclusão da parlamentar na lista vermelha de procurados da Interpol.
A agência aceitou o pedido após analisar para verificar se ele cumpre seus critérios.
Essa análise é feita pelo Comitê de Controle de Arquivos da Interpol, responsável por verificar se o pedido está de acordo com os princípios da organização, por exemplo, se não há indícios de perseguição política.
Caso aprovado, os dados de Zambelli serão divulgados globalmente para as polícias de todos os países membros. A partir daí, ela pode ser detida em qualquer uma dessas nações.
É importante destacar que um alerta vermelho não é um mandado de prisão internacional.
Nenhum país é obrigado a prender a pessoa, a decisão depende de fatores como legislação interna e acordos bilaterais.
Descubra abaixo o que exatamente é a Interpol e como essa organização funciona:
Com sua sede mundial localizada em Lyon, na França, a Organização Internacional de Polícia Criminal funciona como uma rede de intercâmbio de informações entre as forças policiais dos 196 países membros.
Ela não possui presídios e seus oficiais não têm poder para realizar prisões diretas em território estrangeiro.
Seu papel fundamental é servir como uma "ponte" administrativa e operacional, facilitando a comunicação e a coordenação de investigações através de fronteiras.
Assim, se a polícia brasileira busca um fugitivo que se acredita estar na Itália, como no caso de Zambelli, a Interpol é o canal oficial para transmitir o pedido de busca.
O órgão também é responsável por compartilhar dados e iniciar os complexos trâmites para uma eventual prisão e extradição.
Para cumprir sua missão de facilitar a cooperação policial mundial, a Interpol conta com ferramentas tecnológicas e protocolos bem estabelecidos.
O coração operacional da organização é a sua Secretaria-Geral em Lyon, que coordena as atividades diárias com uma equipe de policiais e civis de mais de 100 nacionalidades.
Uma das principais ferramentas é a I-24/7, uma rede de comunicações global, criptografada e segura, que funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Através dela, os Bureaus Centrais Nacionais da Interpol em cada país membro podem trocar informações urgentes e acessar em tempo real os 19 bancos de dados da organização.
Esses bancos de dados contêm milhões de registros sobre pessoas procuradas, disponibilizando dados como:
A Interpol emite diversos tipos de alertas internacionais, conhecidos como "difusões", cada um identificado por uma cor e com uma finalidade específica.
A mais conhecida é a Difusão Vermelha (Red Notice), como a que a PF pediu para o caso de Carla Zambelli.
Trata-se de um pedido formal a todas as polícias do mundo para localizar e prender provisoriamente uma pessoa que é procurada pela justiça de um país membro ou por um tribunal internacional.
A primeira difusão vermelha da história da Interpol data de 1947, emitida para localizar um cidadão russo acusado de assassinar um policial.
Existem também outras listas de difusão, como:
Em situações de grandes desastres naturais, ataques terroristas ou assassinatos complexos, a Interpol pode enviar ao local uma Equipe de Resposta a Incidentes.
Essas equipes são compostas por especialistas de diversas áreas e podem oferecer suporte técnico, acesso a bancos de dados para ajudar na identificação de vítimas e suspeitos.
Além disso, a agência pode atuar como um centro de comando e logística para coordenar os esforços de diferentes agências policiais envolvidas.
A ideia de uma cooperação policial internacional formal surgiu no início do século XX, mas as primeiras tentativas não foram bem-sucedidas.
Em 1923, a Comissão Internacional de Polícia Criminal (CIPC), precursora da Interpol, foi fundada durante um Congresso Internacional de Polícia Criminal realizado em Viena, Áustria.
Diversos países europeus, além de nações como China e Egito, estavam entre os membros fundadores. O Reino Unido aderiu em 1928, e os Estados Unidos, apenas em 1938.
Com a anexação da Áustria pela Alemanha Nazista em 1938, a CIPC caiu sob o controle do regime de Adolf Hitler.
Sua sede foi transferida para Berlim em 1942, e a organização passou a ser presidida por altos oficiais da SS nazista, como Reinhard Heydrich e Ernst Kaltenbrunner.
Durante este período, a maioria dos países membros retirou seu apoio e a credibilidade da CIPC foi severamente comprometida.
Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a organização foi ressuscitada por iniciativa de autoridades da Bélgica, França, países escandinavos e Reino Unido, agora com o nome de Organização Internacional de Polícia Criminal (OIPC).
A nova sede foi estabelecida em Paris, sendo transferida para a cidade de Lyon em 1989.
O nome "Interpol" apareceu pela primeira vez como o endereço telegráfico da agência, mas foi adotado como seu nome comum e mais conhecido a partir de 1956.
Para garantir sua atuação, o estatuto da Interpol proíbe a organização de empreender quaisquer intervenções políticas, militares, religiosas ou raciais.
Essa cláusula de neutralidade é fundamental para o seu funcionamento, mas também já gerou controvérsias.
Por exemplo, até a década de 1980, a Interpol evitou se envolver na perseguição de criminosos de guerra nazistas com base nesse princípio.
Além disso, a organização já teve presidentes que enfrentaram sérios problemas com a justiça em seus próprios países.
Dois exemplos são o sul-africano Jackie Selebi, condenado por corrupção em 2010, e o chinês Meng Hongwei, que foi preso por acusações de suborno enquanto viajava para a China em 2018.
Esses episódios levantam debates sobre a governança interna da Interpol e o risco de que seus mecanismos possam ser influenciados por interesses políticos de países-membros.
A Polícia Federal é a instituição que representa oficialmente o Brasil junto à Interpol, atuando como o Bureau Central Nacional (BCN).
Existe um escritório central da Interpol em Brasília, dentro do complexo da PF. A organização também conta com representações em todas as Superintendências Regionais da Polícia Federal nos estados.
O trabalho da PF na Interpol Brasil envolve:
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