Historiadora interpretou o gesto como nazista
De acordo com informações do portal The Atlantic, imagens congeladas e vídeos do evento em Washington mostram Musk no palco, o que transmitiu a alguns historiadores a impressão de se tratar do mesmo gesto que Hitler fazia para saudar seus seguidores.
Uma delas foi Claire Albin, professora de história da Universidade de Edimburgo. Especialista na área, ela tem um doutorado intitulado “De Treblinka a Trenton: perpetradores do Holocausto como imigrantes nos Estados Unidos”.
Em sua conta no X, escreveu que Musk fez um gesto nazista, que chamou de “manobra depravada”:
O que foi o nazismo?
O nazismo governou a Alemanha e parte da Europa nos anos 1930 e metade da década de 1940. Suas características principais eram:
- Estado com Poder Absoluto. O regime defendia um governo com controle total sobre a sociedade, eliminando liberdades individuais e concentrando poder no Estado;
- Proibição da Liberdade de Expressão. O Ministério da Propaganda controlava todos os meios de comunicação, censurando qualquer opinião contrária ao regime;
- Eugenia e Antissemitismo. A ideia de superioridade ariana era promovida, justificando a eliminação de pessoas consideradas inferiores, especialmente judeus;
- Nacionalismo Exacerbado. Pessoas eram incentivadas a desenvolver um forte sentimento nacionalista, justificando a agressão a outras nações e o ódio aos estrangeiros;
- Proibição do Livre Mercado. A produção das empresas era controlada e alinhada aos interesses do Estado;
- Tentativa de Retomar o Paganismo. A intenção era que o Cristianismo fosse substituído por práticas pagãs, de modo que não prejudicasse o desenvolvimento de um nacionalismo exacerbado.
Leia o artigo completo da Brasil Paralelo sobre o que foi o Nazismo.
Saudação antiga que segundo historiadora “está em desuso”
Contrariando a análise de Claire, apoiadores de Elon Musk acredita que ela tenha feito a "Saudação Bellamy".
O gesto foi criado em 1892 junto com o Juramento de Fidelidade aos Estados Unidos, também conhecido como o “juramento à bandeira”. Era usado nas escolas para ensinar às crianças o amor à pátria.
Inspirado no "Saluto Romano" do Império Romano, foi usado pela primeira vez durante as celebrações do 400º aniversário da viagem de Colombo à América, como parte de uma campanha patriótica para promover a unidade nacional pós-Guerra Civil.
Seu uso foi descontinuado nas escolas na década de 1930 devido à semelhança com a saudação nazista "Heil Hitler".
Em 1942, o Congresso dos EUA determinou que os alunos passassem a colocar a mão sobre o coração no lugar da “Saudação Bellamy”.
A historiadora Claire Albin discorda que essa justificativa seja válida para Musk, expressando sua opinião no X.
“Se alguém tentar usar a desculpa do "saludo romano" (um clássico), sugiro lembrar que tanto Mussolini quanto Hitler usaram a mesma fonte de inspiração, e a versão americana (o Bellamy salute) caiu em desuso à medida que as conotações fascistas se tornaram mais evidentes”.
Entretanto, a retirada do gesto nas escolas não impediu o uso da "Saudação Bellamy"depois da guerra.
Políticos mantiveram a saudação
Internautas resgataram fotos de Barack Obama, Hillary Clinton e a ex-vice-presidente Kamala Harris fazendo a mesma saudação. Segundo eles, o gesto era inofensivo. Veja fotos compartilhadas por um internauta em resposta Claire:
As alegações desagradaram Claire, que escreveu:
“Se todos vocês cantassem a mesma música, eu diria que isso significa que vocês estão no mesmo coro”.
O jornalista especializado em tecnologia Charlie Warzel afirma em seu artigo no The Atlantic que a interpretação do gesto de Musk pode estar ligada à forma como seus críticos o veem.
Ele explica que Musk está sendo criticado por seu histórico, que inclui não expulsar do X pessoas que fazem comentários antissemitas.
No entanto, deixa claro que todas são baseadas em análises de fotos e vídeos de ângulos específicos.
Musk por sua vez, manifestou estar “cansado” de que todo gesto que desagrade “seja tratado como nazista”.
A controvérsia em torno do assunto reforça a importância de se informar através de fontes isentas e confiáveis.
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