Há 20 anos, o Brasil descobria o escândalo de corrupção que abalou o primeiro governo Lula: o Mensalão.
Parlamentares da base aliada recebiam cerca de R$30 mil todos os meses para votar a favor de projetos de interesse do governo no Congresso.
O esquema era operado pelo publicitário Marcos Valério e envolvia membros da alta cúpula do PT, como José Dirceu e Delúbio Soares.
Uma das peças-chave para a descoberta do Mensalão foi o então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ).
Investigado por denúncias de corrupção na estatal dos Correios, Jefferson decidiu contar o que sabia para reduzir sua pena.
Ele deu detalhes sobre o funcionamento do Mensalão em um depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, em junho de 2005.
Jefferson voltou suas acusações mais pesadas contra o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, apontado como o verdadeiro mentor e comandante do esquema:
“Marcos Valério, Delúbio Soares e Sílvio Pereira não teriam capacidade de montar o esquema milionário. Foi José Dirceu quem urdiu essas negociações, organizando um exército de mercenários, auxiliado pelo ex-ministro da Comunicação Luiz Gushiken.”
O parlamentar também procurou inocentar Lula durante o depoimento, alegando que o presidente não sabia de nada:
“O presidente Lula não sabia de nada porque preferiu ser chefe do Estado, preocupado com negociações de alto nível. Ele delegou as funções de administração pública a Dirceu”
Em um dos momentos mais marcantes de seu depoimento, o deputado pediu que o ministro assumisse a culpa:
"Dirceu, se você não sair daí rápido, você vai fazer réu um homem inocente, o presidente Lula."
O delator, no entanto, não apresentou provas materiais de suas acusações, afirmando que caberia à CPI dos Correios, que investigava o caso, apurá-las.
Jefferson também confessou ter cometido crime eleitoral, ao admitir que seu partido havia recebido R$4 milhões em dinheiro vivo do PT, entregues dentro de duas malas.
Anos depois o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou Roberto Jefferson a mais de sete anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Ele foi preso em 2014, passando um período em regime fechado e depois passou para prisão domiciliar.
Em 2016, Roberto Jefferson recebeu perdão da pena pela então presidente Dilma Rousseff.
Após reconquistar seus direitos políticos, ele retornou à cena pública como presidente do PTB e se tornou apoiador de Bolsonaro.
Em 2022, na véspera das eleições, ele teve uma nova ordem de prisão preventiva decretada por incitar ataques a autoridades.
Ao resistir à prisão, ele chegou a disparar tiros de fuzil e lançar granadas contra os policiais federais que cumpriam o mandado. Ele só se rendeu após negociações.
Condenado novamente, desta vez a mais de nove anos, Roberto Jefferson hoje cumpre pena em regime fechado.
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