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Guia do Conservadorismo no Brasil: principais ideias, história, feitos e nomes que são referência

Entenda o que é conservadorismo, como ele chegou ao Brasil, suas principais ideias, características e teóricos.

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
1/3/2023 17:43

O conservadorismo no Brasil influenciou políticos, monarcas, escritores, teóricos e promoveu diversas transformações que fazem parte de momentos importantes da história nacional

As ideias conservadoras foram responsáveis por elevar o status do Brasil da condição de colônia à condição de reino. Esta teoria foi responsável também pela construção da nova nação que culminou no Império brasileiro.

Durante o período republicano do Brasil, importantes nomes buscaram resgatar a tradição brasileira com base nas ideias conservadoras e impactaram nos rumos políticos do país.

Entenda o que é conservadorismo, como ele chegou ao Brasil, suas principais ideias, características e teóricos.

O que você vai encontrar neste artigo?

Como o conservadorismo chegou ao Brasil?

A tradição política conservadora era uma das mais representativas no reino português. Foi com a vinda da família real para o Brasil que as ideias conservadoras aqui também aportaram.

O economista José da Silva Lisboa é um dos principais responsáveis pela difusão do conservadorismo no Brasil. Também conhecido como Visconde de Cairu, Lisboa foi um membro da corte política que atravessou o oceano junto de Dom João VI rumo ao Brasil.

José da Silva Lisboa traduziu a literatura conservadora e liberal econômica para o português; obras de Edmund Burke, pai do conservadorismo; e de Adam Smith, pai do liberalismo econômico.

Esse conteúdo traduzido foi crucial para a difusão do pensamento conservador no Brasil e contribuiu para a organização do novo Estado que se formava naquele momento.

Visconde de Cairu foi um defensor da abertura dos portos brasileiros às nações amigas, permitindo que o Brasil não se restringisse mais apenas ao comércio com os portugueses.

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Ilustração de Visconde de Cairu.

O pensamento conservador também foi importante para preservar a unidade do império ultramarino português. Alguns defendiam que o futuro da coroa portuguesa estava no Brasil, que seria melhor a independência.

Políticos conservadores brasileiros, preocupados com a manutenção da ordem e com a estabilidade da coroa, articularam a elevação do Brasil à condição de Reino Unido, junto a Portugal e Algarves.

O conservadorismo e a construção do Império Brasileiro

“Eles (os conservadores) não negavam a liberdade, nem a amavam menos do que os outros. Apenas sabiam que a liberdade não se mantém unicamente com palavras, gestos e hinos, mas requer condições efetivas e bem fundadas na realidade”.

O autor continua sobre os conservadores que “fundavam a sua política em fatos e não em fórmulas, como do agrado dos liberais. Eram homens que viviam a realidade concreta do país em que estavam, não do país em que gostariam de estar”.

As duas citações foram proferidas pelo historiador e escritor conservador João Camilo de Oliveira Torres em seu livro Os Construtores do Império.

Durante todos os períodos da monarquia brasileira, a influência conservadora buscou manter a ordem assentada na tradição adaptando-se às mudanças do tempo, buscando uma postura prudente e cética.

No Primeiro Reinado, os conservadores destacaram-se por lutar pela hegemonia de um Brasil ainda se consolidando.

O conservadorismo no primeiro reinado do Brasil

Enquanto os liberais pregavam autonomia para os estados, um modelo federalista, os conservadores compreendiam que era necessário manter a unidade nacional para o sucesso do novo reino.

Os conservadores defendiam a centralização do poder nas mãos do monarca e o fortalecimento de Dom Pedro I em prol da união nacional.

Esses princípios formaram base para a elaboração da Constituição de 1824, a primeira constituição brasileira. O documento teve influências conservadoras no aparato burocrático do Estado e liberais nos direitos individuais.

O regresso conservador no período regencial

Com a saída de Dom Pedro I do Brasil, o monarca abdicou do trono em favor de seu filho Dom Pedro II. O herdeiro não estava apto a assumir a coroa por ser menor de idade. Assim, assumiu uma regência eleita pelo parlamento brasileiro dando origem ao Período Regencial, momento de predominância do partido liberal.

As principais medidas das regências envolveram:

  • a remoção do poder moderador;
  • a descentralização do poder;
  • a implementação do federalismo;
  • o fortalecimento do sistema jurídico e legislativo de cada província, o equivalente aos estados atuais.

Com o aumento das autonomias regionais e com uma figura fraca no poder central, diversas revoltas provinciais eclodiram durante o período regencial.

Famosos políticos de ideias liberais como Bernardo Pereira de Vasconcelos e Araújo Lima notaram como as ideias liberais levaram o país à beira da anarquia.

Assim, promoveram o chamado regresso conservador que reverteu todas as medidas federalizantes dos liberais.

A política teve um cunho conservador por buscar restaurar uma ordem política que já havia sido comprovada sua estabilidade. Araújo Lima foi o último regente e contribuiu com a transição do poder para o monarca Dom Pedro II, no ato da maioridade.

A influência dos conservadores no segundo reinado

Com 14 anos, Dom Pedro II foi coroado dando início ao Segundo Reinado. A tradição centralista e unitarista dos conservadores foi retomada no novo reinado e um novo debate surgiu: a questão abolicionista.

Havia liberais e conservadores defensores da escravidão, ao mesmo tempo que havia liberais e conservadores contrários a escravidão.

A filiação partidária não determinava a posição em relação à questão escravista. Mas as principais políticas abolicionistas partiram de gabinetes e políticos conservadores.

Foi o gabinete que ficou conhecido como Trindade Saquarema que aprovou a Lei Eusébio de Queiroz, medida que pôs fim à legalidade do tráfico negreiro. Saquarema era um apelido da época para os conservadores.

Foi o político conservador Visconde do Rio Branco que aprovou a Lei do Ventre Livre, que garantiu a alforria dos filhos de escravos.

E por fim, foi o gabinete conservador que junto da Princesa Isabel aprovou a Lei Áurea.

Para o escritor e professor Bruno Garschagen, a teoria conservadora e os saquaremas foram responsáveis pela construção da nação brasileira.

A nova república o enfraquecimento da teoria conservadora

Para o professor Bruno Garschagen e o historiador Thomas Giulliano, a nova república que deu um golpe para se instaurar no poder inaugurou um movimento que foi comum ao longo de toda a história republicana brasileira: o de ruptura com o passado e com a tradição.

Símbolos tradicionais foram abandonados, assim como a cultura política conservadora, em prol do positivismo do novo governo.

A bandeira imperial foi abandonada. Em troca, primeiro apresentaram uma bandeira igual a americana, mas com o verde e amarelo brasileiro. O povo se recusou a aceitar o novo símbolo. Depois foi imposta a bandeira sem o brasão dos Bragança.

O hino nacional imperial foi abandonado. Na proclamação da república cantava-se a Marselhesa, hino dos revolucionários franceses. Em 1909, foi composto o atual hino brasileiro.

Em 1937, Getúlio Vargas deu um novo golpe na república brasileira e implementou o governo que ficou conhecido como Estado Novo.

O nome “Estado Novo” veio justamente para contrapor a “República Velha”, um novo passo no abandono das tradições políticas e das instituições conservadoras brasileiras.

1964: uma articulação orgânica do conservadorismo no Brasil

Em 1960, auge da Guerra Fria, também o Brasil estava dividido entre a polarização política que colocava de um lado os países capitalistas e do outro os países comunistas.

Em 1922, foi fundado o Partido Comunista brasileiro, que seguia as diretrizes da Internacional Comunista.

Nas décadas de 1950 e 1960, os serviços secretos dos países socialistas União Soviética e Tchecoslováquia atuavam no Brasil. A StB e a KGB treinavam agentes, influenciavam políticos brasileiros e difundiam a teoria sociaista.

Essas ações foram reveladas em documentos da StB que foram estudadas pelo historiador Mauro Abranches no livro 1964, o Elo Perdido.

Em 1962, Jânio Quadros, presidente brasileiro, renunciou e deixou o cargo para seu vice, João Goulart. Jango, como era conhecido, era declaradamente de esquerda e procurou promover reformas que aproximassem o Brasil da União Soviética.

O  povo se articulou organicamente para evitar que o comunismo tomasse o Brasil. Preocupados com a democracia e com a soberania nacional, os brasileiros saíram às ruas na maior manifestação pública da história do país na época, para dizer não ao comunismo.

A primeira Marcha da Família com Deus pela Liberdade reuniu 500 mil pessoas em São Paulo no dia 19 de março. O nome da marcha e seus cartazes deixaram claro seu adversário: o risco comunista. As manifestações espalharam-se por todo o Brasil.

A próxima grande articulação da direita nacional foi apenas em 2013.

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