Depois do encontro entre Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca, no último dia 15, surgiram relatos sobre as condições apresentadas pelo líder russo. Ele teria apresentado propostas para encerrar a guerra que já dura três anos e meio.
O principal pedido de Moscou é que a Ucrânia ceda o Donbass, região industrial no leste do país onde a maioria da população fala russo.
A disputa pelo Donbass não é nova. Desde 2014, quando anexou a Crimeia e passou a apoiar grupos separatistas, Putin tenta consolidar controle sobre a área.
Em 2022, lançou a invasão em larga escala, transformando a região no palco das batalhas mais intensas do conflito.
Hoje, segundo o grupo ucraniano DeepState, a Rússia e seus aliados controlam cerca de 87% do território, restando 6.200 km² sob domínio ucraniano, justamente os pontos mais fortificados e onde civis ainda resistem.
De acordo com fontes que acompanharam a reunião, Putin exige a retirada das tropas ucranianas de Donetsk e Luhansk.
Em contrapartida, promete congelar a guerra nas linhas atuais em Kherson e Zaporíjia, além de oferecer uma garantia por escrito de que não voltará a atacar.
Referendos de anexação já foram realizados nessas regiões, mas não são reconhecidos pela comunidade internacional.
Autoridades de Kiev estimam que 255 mil civis ainda vivam na parte de Donetsk não ocupada. Para eles, abrir mão de terras ainda livres equivaleria a uma rendição.
O presidente Volodymyr Zelensky rejeitou categoricamente a ideia de ceder território e lembrou que a Constituição do país não permite trocas de terras.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, também declarou que a Ucrânia é um Estado soberano e deve manter sua integridade territorial.
Segundo Steve Witkoff, enviado especial dos EUA, Putin teria concordado em aceitar mecanismos de proteção para a Ucrânia, semelhantes ao princípio de defesa coletiva da Otan.
A proposta, no entanto, seria feita fora da aliança militar, já que outra exigência russa é impedir a adesão de Kiev à organização.
Líderes europeus devem discutir os detalhes em reunião na Casa Branca.
Para Putin, a região simboliza a unidade histórica dos falantes de russo no espaço pós-soviético. Controlar o Donbass é condição para apresentar a guerra como “concluída” diante da opinião pública russa.
Analistas próximos ao Kremlin afirmam que Moscou pode até negociar outras áreas ocupadas, mas considera Donetsk “muito mais nossa” do que outras regiões da Ucrânia.
Disputado desde o início do século XX, o Donbass tornou-se fortemente russificado após políticas de Stalin que deslocaram trabalhadores e suprimiram a cultura ucraniana.
Já no período independente, manteve maioria pró-Rússia: 90% dos eleitores apoiaram Viktor Yanukovych em 2010. Sua queda em 2014 abriu caminho para a anexação da Crimeia e a insurgência separatista.
A dúvida permanece. Há vozes dentro da Rússia que defendem a continuação da ofensiva até derrubar o governo Zelensky. Outros analistas, no entanto, acreditam que os limites econômicos e militares podem obrigar Moscou a se contentar com o Donbass.
A economia russa está enfraquecida e dificilmente sustenta combates prolongados sem afetar o padrão de vida da população.
Para especialistas, o rumo da guerra pode depender de um equilíbrio frágil: até onde Putin está disposto a negociar e até onde Kiev e o Ocidente aceitarão concessões.
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