A proposta de Moscou
De acordo com fontes que acompanharam a reunião, Putin exige a retirada das tropas ucranianas de Donetsk e Luhansk.
Em contrapartida, promete congelar a guerra nas linhas atuais em Kherson e Zaporíjia, além de oferecer uma garantia por escrito de que não voltará a atacar.
Referendos de anexação já foram realizados nessas regiões, mas não são reconhecidos pela comunidade internacional.
- Um referendo de anexação é uma votação feita para saber se os moradores de uma região querem que seu território passe a fazer parte de outro país.
O que diz a Ucrânia
Autoridades de Kiev estimam que 255 mil civis ainda vivam na parte de Donetsk não ocupada. Para eles, abrir mão de terras ainda livres equivaleria a uma rendição.
O presidente Volodymyr Zelensky rejeitou categoricamente a ideia de ceder território e lembrou que a Constituição do país não permite trocas de terras.
Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, também declarou que a Ucrânia é um Estado soberano e deve manter sua integridade territorial.
Garantias de segurança
Segundo Steve Witkoff, enviado especial dos EUA, Putin teria concordado em aceitar mecanismos de proteção para a Ucrânia, semelhantes ao princípio de defesa coletiva da Otan.
A proposta, no entanto, seria feita fora da aliança militar, já que outra exigência russa é impedir a adesão de Kiev à organização.
Líderes europeus devem discutir os detalhes em reunião na Casa Branca.
Por que o Donbass?
Para Putin, a região simboliza a unidade histórica dos falantes de russo no espaço pós-soviético. Controlar o Donbass é condição para apresentar a guerra como “concluída” diante da opinião pública russa.
Analistas próximos ao Kremlin afirmam que Moscou pode até negociar outras áreas ocupadas, mas considera Donetsk “muito mais nossa” do que outras regiões da Ucrânia.
Disputado desde o início do século XX, o Donbass tornou-se fortemente russificado após políticas de Stalin que deslocaram trabalhadores e suprimiram a cultura ucraniana.
Já no período independente, manteve maioria pró-Rússia: 90% dos eleitores apoiaram Viktor Yanukovych em 2010. Sua queda em 2014 abriu caminho para a anexação da Crimeia e a insurgência separatista.
Putin vai parar no Donbass?
A dúvida permanece. Há vozes dentro da Rússia que defendem a continuação da ofensiva até derrubar o governo Zelensky. Outros analistas, no entanto, acreditam que os limites econômicos e militares podem obrigar Moscou a se contentar com o Donbass.
A economia russa está enfraquecida e dificilmente sustenta combates prolongados sem afetar o padrão de vida da população.
Para especialistas, o rumo da guerra pode depender de um equilíbrio frágil: até onde Putin está disposto a negociar e até onde Kiev e o Ocidente aceitarão concessões.