Lula está sendo criticado por ter participado de um evento convocado por Putin com líderes autoritários de diversos países.
Ao lado do presidente brasileiro na Praça Vermelha, estavam figuras como os ditadores:
Além dos chefes de Estado das ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas.
O único líder de uma democracia europeia presente foi o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico, conhecido por suas posições alinhadas a Putin.
Essa composição contrastou com a ausência de líderes das democracias ocidentais, que têm boicotado o evento desde a anexação da Crimeia pela Rússia em 2014.
A lista de convidados incluía ainda diversos líderes de regimes autoritários do continente africano, como:
Ibrahim Traoré assumiu o poder em seu país através de um golpe de Estado organizado pelas forças armadas em 2022.
Ele se projetou como um líder contrário à presença ocidental no continente e busca inspiração no revolucionário marxista Thomas Sankara, conhecido como o Che Guevara aficano.
Após o golpe, o regime de Traoré rompeu laços com a França e estabeleceu uma forte aliança com a Rússia.
Economicamente, ele implementou políticas de esquerda, como a criação de uma empresa estatal de mineração.
Além disso exigiu que empresas estrangeiras cedam uma participação de 15% e a construção da primeira refinaria de ouro do país para estabelecer reservas nacionais.
Apesar de sua popularidade, impulsionada por uma forte presença nas redes sociais e por uma campanha para reforçar sua imagem, Traoré enfrenta críticas.
Ele não conseguiu conter uma insurgência islâmica que já dura uma década e seu regime é acusado de violenta repressão a divergentes.
Outra figura presente no evento em Moscou foi Emmerson Mnangagwa, atual presidente do Zimbábue.
Após participar da luta pela independência como membro do braço armado do grupo de esquerda ZANU-PF e passar dez anos preso por ações de sabotagem, tornou-se um aliado próximo de Robert Mugabe.
Com a independência do Zimbábue em 1980, ocupou cargos-chave no governo Mugabe por décadas, incluindo Ministro da Segurança do Estado e vice-presidente a partir de 2014.
Ele assumiu o poder em 2017 após seus aliados darem um golpe militar no ditador Robert Mugabe, que governou o país desde a década de 1980.
Mnangagwa foi eleito presidente em 2018 e reeleito em 2023, em um pleito marcado por acusações de fraude pela oposição.
De orientação socialista, participou do golpe militar de 1968 e foi membro fundador do Partido Congolês do Trabalho (PCT).
Sassou Nguesso chegou à presidência pela primeira vez em 1979, após um golpe remover o então governante.
Durante este primeiro período, que durou até 1992, ele navegou entre alianças com a União Soviética e a abertura para investimentos ocidentais.
Pressionado por mudanças internas e externas no início dos anos 90, viu seu poder ser limitado e acabou derrotado na primeira eleição multipartidária do país em 1992.
Após um período de instabilidade e guerra civil, Sassou Nguesso retornou ao poder em 1997, com apoio militar de Angola. Desde então, permanece na presidência.
Consolidou seu controle através de um referendo em 2002, que ampliou seus poderes e o tempo de mandato, seguido por uma eleição com quase 90% dos votos, boicotada pela oposição.
Alterou novamente a constituição em 2015 para permitir sua candidatura a mais mandatos, garantindo sua permanência no cargo até os dias atuais.
Após a queda de Hosni Mubarak em 2011, el-Sisi integrou o Conselho Supremo das Forças Armadas que assumiu o governo provisório.
Em 2012, foi nomeado Ministro da Defesa pelo então presidente eleito, Mohammed Morsi, da Irmandade Muçulmana.
No ano seguinte, porém, em meio a protestos massivos contra Morsi, Sisi, como chefe das Forças Armadas, deu um ultimato para o presidente renunciar ou convocar eleições antecipadas.
Diante da recusa de Morsi, os militares o depuseram e prenderam o presidente em julho de 2013. Sisi emergiu como o novo homem forte do Egito.
Após um período de forte repressão aos apoiadores de Morsi e à Irmandade Muçulmana, Sisi renunciou ao cargo militar para concorrer à presidência.
Foi eleito em 2014 e reeleito em 2018, em eleições com oposição considerada apenas simbólica.
Ao longo de seu governo, realizou grandes projetos de infraestrutura e reprimiu grupos islâmicos extremistas na Península do Sinai.
Ele também é alvo de críticas de organizações de direitos humanos por perseguição a opositores políticos, jornalistas e pela repressão generalizada, incluindo relatos de prisões arbitrárias e tortura.
A viagem não causou polêmica apenas no Brasil, mas também expôs o desgaste na relação de Lula e Zelensky.
Antes mesmo do evento em Moscou, o presidente ucraniano teria se recusado a atender dois pedidos de telefonema feitos por Lula em abril.
Isso seria uma resposta direta de Kiev à decisão do presidente brasileiro de prestigiar a parada militar russa.O diálogo entre os dois presidentes já estava desgastado. A última conversa pessoal ocorreu em setembro de 2023, durante a Assembleia-Geral da ONU.
Em janeiro de 2025, no Fórum Econômico Mundial em Davos, Zelensky declarou que Lula "não é mais um 'player' relevante" nas negociações de paz.
"Hoje eu acho que o trem do Brasil, para ser sincero, passou. Falei com Lula, nos encontramos e pedi que ele fosse um parceiro para acabar com a guerra. Agora ele não é mais um 'player'. Ele também não será um 'player' para Trump”, respondeu a uma repórter da Globo.
Lula, por sua vez, rebateu as críticas, sugerindo que Zelensky deveria focar em uma solução diplomática para o conflito:
"Se ele fosse esperto, ele diria que a resolução é diplomática, não militar. Mas isso depende da capacidade de sentar e conversar, ouvir o contrário e tentar chegar em um acordo para que o povo ucraniano tenha sossego na vida. É isso", declarou o presidente brasileiro.
A situação se complicou em março deste ano. Durante uma visita ao Vietnã, Lula anunciou que pretendia conversar com Zelensky, mas também o acusou de não querer dialogar sobre o fim da guerra.
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