Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Suspendisse varius enim in eros elementum tristique. Duis cursus, mi quis viverra ornare, eros dolor interdum nulla, ut commodo diam libero vitae erat. Aenean faucibus nibh et justo cursus id rutrum lorem imperdiet. Nunc ut sem vitae risus tristique posuere.
Portland, antes vista como um dos melhores lugares para se viver no país, viu seus problemas com moradores de rua e abuso de drogas explodirem.
Esse cenário caótico começou no final de 2021, após os eleitores do Oregon aprovarem a lei sobre drogas mais liberal dos Estados Unidos, a Medida 110.
Os impactos da lei progressista na cidade de Portland
A ideia era tratar o vício em drogas pesadas como um problema de saúde, não de polícia.
A posse de pequenas quantidades de drogas, como fentanil e metanfetamina, deixou de ser motivo para prisão.
Em vez disso, a lei previa usar o dinheiro economizado com prisões e a receita de impostos sobre a cannabis para expandir os serviços de tratamento.
O financiamento também teve o objetivo de reduzir os danos e consistiu em “distrubuir remédios para a overdose, troca de seringas, kits de teste para tornar o uso de drogas "mais seguro".
A inspiração vinha principalmente de países como Portugal, que criaram abordagens focadas na saúde para a questão das drogas.
Policial perto de barracas embaixo de um viaduto em Portland. Imagem: The New York Times.
Cartéis de drogas e viciados começaram a se mudar para a cidade
Poucos meses após a lei entrar em vigor, cartéis mexicanos intensificaram o envio de fentanil pela rota da rodovia I-5, inundando a cidade com pílulas a menos de um dólar.
O fentanil é um analgésico sintético 50 vezes mais potente que a heroína, apenas 2 miligramas podem ser letais.
Ao mesmo tempo, a pandemia de COVID-19 aprofundava o desespero, e os protestos pela morte de George Floyd levaram a meses de conflitos violentos no centro da cidade.
Com a polícia muitas vezes de mãos atadas ou desviando o olhar, Portland virou um ímã para viciados locais e de outros estados em busca de droga barata e liberdade para usar.
"Foi como uma tempestade perfeita que nos trouxe de um centro vibrante e incrível para um destino turístico para usuários de drogas", diz Rick Graves, porta-voz dos bombeiros de Portland à Rolling Stone.
As consequências foram devastadoras: mortes por overdose, furtos em lojas e homicídios dispararam a níveis recordes.
O número de crimes violentos registrados na cidade aumentou 17% entre 2020 e 2022, segundo a revista Newsweek.
Além disso, a mesma fonte aponta que a quantidade de mortes por overdose cresceu 75% na cidade, enquanto a média nacional cresceu apenas 18% no mesmo período.
Um levantamento da Portland Street Medicine afirma que a quantidade de moradores de rua em Portland cresceu mais de 30% entre 2019 e 2023.
Atualmente a estimativa é de que a cidade tenha cerca de 7 mil pessoas morando nas ruas.
Overdose serve como “selo de qualidade” para usuários
O cenário fez com que as equipes de emergência e autoridades ficarem sobrecarregadas:
"Nós reanimávamos as mesmas pessoas, e reanimávamos de novo e de novo", conta Dave Friedericks, paramédico veterano.
A estação de Friedericks chegou a atender 36 chamados de overdose em 48 horas no verão de 2023.
Para quem está preso no vício em fentanil, a overdose é vista como um sinal de que o produto seria mais potente.
Os usuários chegam a procurar traficantes específicos que acreditam ter acesso a drogas mais puras:
"Eles procuram aquele traficante porque, nas palavras deles, 'essa é da boa'", o paramédico Justin de Jesus explicou para a revista Rolling Stone.
O estado voltou atrás com a tentativa de descriminalizar as drogas
A situação ficou insustentável. Em janeiro de 2024, a governadora do Oregon declarou estado de emergência de 90 dias para combater a crise do fentanil.
Meses depois, os legisladores estaduais votaram pela revogação da Medida 110, acabando com o experimento de quase quatro anos com a descriminalização.
Atualmente, quem é pego com drogas ilícitas e não tem mandados pendentes pode escolher entre ir para a cadeia, ou ser enviado para tratamento comunitário.
Até o final de fevereiro de 2024, apenas 267 pessoas haviam entrado no programa de tratamento.
A maioria dos presos por posse de drogas acabou na cadeia por outros crimes ou mandados já existentes.
Além disso, nada impede que a pessoa simplesmente vá embora do centro de triagem logo após ser deixada pela polícia.
"Eles nem terminaram o processo de registro e já estão saindo", relata a policial Cristina Serrano.
Depois de 30 dias, o infrator pode ser enviado novamente para tratamento caso seja preso.
Para os traficantes, o cenário parece ainda menos arriscado. A policial Serrano afirma que a grande maioria dos traficantes de rua presos são imigrantes ilegais ligados a organizações criminosas.
Eles geralmente dão nomes falsos e não comparecem ao tribunal. Se a pressão policial aumenta, mudam para outro estado.
Mesmo com a recriminalização, a pena para posse é branda, e muitos são liberados em horas:
"Não há nenhum desincentivo para traficar fentanil na cidade", admite Brian Hughes, comandante da polícia do centro.
A falta de policiais agrava o quadro, a cidade de Portland tem 785 agentes em serviço, mas precisaria de pelo menos 1.100.
Mortes por overdose superam mortes nas guerras do Vietnã, Iraque e Afeganistão juntas
Embora as mortes por overdose nos EUA tenham caído de um pico de quase 114 mil, a quantidade de casos segue alta, cerca de 87 mil ao ano, até setembro de 2024.
Esse número é maior que as baixas americanas somadas nas guerras do Vietnã, Afeganistão e Iraque.
O jornalismo da Brasil Paralelo existe graças aos nossos membros
Como um veículo independente, não aceitamos dinheiro público. O que financia nossa estrutura são as assinaturas de cada pessoa que acredita em nossa causa.
Quanto mais pessoas tivermos conosco nesta missão, mais longe iremos. Por isso, agradecemos o apoio de todos.
Seja também um membro da Brasil Paralelo e nos ajude a expandir nosso jornalismo.