O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, de 63 anos, foi executado a tiros na noite desta segunda-feira (15/9), em Praia Grande, no litoral paulista.
A principal suspeita é de que o crime tenha sido ordenado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que ele investigou desde os anos 2000.
Segundo a Polícia Militar, Fontes dirigia seu carro quando foi alvejado. O veículo perdeu o controle, bateu em um ônibus, capotou e parou em meio à via.
Em seguida, criminosos que vinham em outro carro desceram e dispararam várias vezes contra o delegado. Uma câmera de segurança registrou a ação.
As imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que os criminosos perseguiram o carro do ex-delegado. Ele tentou fugir, mas acabou sendo atingido por mais de 20 disparos
Duas pessoas que estavam próximas também ficaram feridas. Uma mulher sofreu ferimentos leves e recebeu alta ainda na noite de segunda-feira. Já um homem segue internado, mas sem risco de morte.
Fontes atuou por 40 anos na Polícia Civil e foi um dos primeiros a investigar o PCC, quando chefiava a Delegacia de Roubo a Bancos do Deic, no início dos anos 2000.
Ele tornou-se delegado-geral na gestão de João Doria (2019-2022). Era considerado especialista na facção criminosa por coordenar investigações e indiciar seus principais líderes.
Em 2019, após a transferência de Marcola e de outras 15 lideranças do PCC para presídios federais, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou que a cúpula da facção havia jurado sua morte.
A promotora Sílvia Vieira Marques listou Fontes entre os três principais alvos da organização.
A Polícia Civil encontrou na época um recado assinado pela cúpula do PCC ordenando sua execução.
Além da carreira na segurança, Fontes acumulava especializações em Administração Pública, Antidrogas e Antiterrorismo, tendo feito cursos na França e no Canadá.
Foi professor de Criminologia e Direito Processual Penal na Universidade Anhanguera e instrutor da Academia da Polícia Civil de SP.
Em janeiro de 2023, deixou a Delegacia-Geral depois que Tarcísio de Freitas nomeou o Dr. Artur José Dian para o cargo, de livre indicação do Governador. Desde então, passou a comandar a Secretaria de Administração de Praia Grande, onde permaneceu até ser morto.
Meses antes do atentado, em entrevista, o ex-delegado afirmou que temia por sua vida.
“Eu tenho proteção de quem? Eu moro sozinho, vivo sozinho na Praia Grande, que é no meio deles. Pra mim é muito difícil. Se eu fosse um policial da ativa, eu tava pouco me importando, teria estrutura para me defender, hoje não tenho estrutura nenhuma”.
Após o crime, o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, anunciou o envio de mais de 100 policiais ao litoral e a criação de uma força-tarefa para capturar os envolvidos.
Dois suspeitos de participação no crime já foram identificados. Durante o velório de Fontes, o secretário Guilherme Derrite afirmou que um deles já havia sido detido outras vezes.
“É um indivíduo que já foi preso várias vezes pelas forças policiais. Foi preso por roubo duas vezes, por tráfico duas vezes, foi preso quando era adolescente infrator”
A Prefeitura de Praia Grande e a Secretaria da Segurança Pública lamentaram a morte. Segundo a PM, o carro utilizado pelos criminosos já foi localizado, e a cena do crime foi preservada para a perícia.
O governador Tarcísio de Freitas afirmou em suas redes sociais que concentra esforços para identificar e prender os criminosos.
O ex-delegado já havia sido jurado de morte pela cúpula do PCC depois de investigar a facção no início dos anos 2000. Sua morte expõe, mais uma vez, o alcance do crime organizado no Brasil.
Essa realidade é tema de Entre Lobos, a maior investigação já feita sobre segurança pública no país. O documentário revela como as facções cresceram, como operam dentro e fora das prisões e o impacto direto dessa guerra na vida dos brasileiros.
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