Conheça Claudia Sheinbaum, a primeira mulher eleita presidente na história do México

Quem é Claudia Sheinbaum?

A futura presidente do México nasceu na capital do país no ano de 1962. Seus pais são filhos de judeus que se mudaram para a América Latina para fugir das perseguições étnicas e religiosas que aconteciam na Europa.

Seu pai, Carlos Sheinbaum, era um químico e empresário e sua mãe, Annie Pardo, era uma importante bióloga e médica. 

As figuras paternas também partilham das tendências políticas da filha, tendo participado da militância de esquerda na época em cursavam o ensino superior.

Cláudia teve uma infância confortável em um bairro de classe média alta na zona sul, na região de Tlalpan. 

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Ela cresceu em um ambiente muito politizado. Os pais sempre falavam sobre o assunto desde que ela era muito nova. A presidente eleita narra ter visitado na prisão amigos da família detidos por seu papel na militância.

Sua formação começou no Colégio Manuel Bartolomé Cossío, que promove um modelo alternativo de aprendizado baseado na autonomia individual dos alunos.

Seu ensino superior foi na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), onde estudou física e fez seu mestrado e doutorado na área de Engenharia Energética e Ambiental.

Na década de 1980, a jovem Sheinbaum participava dos grandes protestos da esquerda estudantil contra o avanço do liberalismo econômico no país. Foi em meio às manifestações que encontrou seu primeiro marido, com quem teve uma filha.

Cláudia passou a se aproximar da política após as eleições de 2000, quando Obrador assumiu a prefeitura da Cidade do México. 

O então prefeito buscava alguém para ocupar a Secretaria de Meio Ambiente e recebeu uma indicação de um professor de matemática, que lhe apresentou Sheinbaum.

Em sua gestão na Secretaria, a física conseguiu desenvolver com relativo sucesso um projeto  para reduzir a poluição extrema em uma das cidades mais populosas do mundo

Após o final do mandato de Obrador em 2005, Sheinbaum integrou o Painel Internacional para Mudanças Climáticas (IPCC), órgão da ONU que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 2007.

Nos anos seguintes, Cláudia participou de três campanhas fracassadas do partido de Obrador para a presidência e ganhou, em 2015, a subprefeitura do distrito em que nasceu e cresceu.

Em 2018, enquanto López Obrador era alçado à presidência do país, Sheinbaum venceu a eleição para administrar a Cidade do México. Foi a primeira mulher a exercer o cargo na capital mexicana.

Durante a pandemia de Covid-19, em 2020, a então prefeita agiu na contramão do presidente, orientando sobre os riscos do vírus e usando máscaras em público. Ainda assim, não impôs medidas restritivas para o funcionamento da megalópole.

O que esperar do próximo governo

A vencedora das eleições do dia dois esteve sempre ideologicamente alinhada a seu padrinho político, Andrés Manuel López Obrador. 

Ao longo da campanha eleitoral, Cláudia sempre falou em dar continuidade ao movimento político conhecido como Quarta Transformação.

Na narrativa construída pelo atual presidente, o país teria passado por três grandes reviravoltas políticas e sociais. 

A primeira transformação teria sido a independência mexicana, que resultou de um conflito armado contra a coroa espanhola que durou de 1810 a 1821 e acarretou no surgimento do país.

A segunda seria o resultado das reformas que decorreram da vitória das facções liberais, sob o comando de Benito Juárez, sobre as forças conservadoras após guerras civis que ocorreram entre 1858 a 1861. Foi neste período que o país passou pela separação entre Estado e Igreja.  

A terceira transformação teria ocorrido após a revolução mexicana, quando o ditador Porfírio Díaz foi derrubado por um grande movimento popular que durou entre 1910 e 1917 e acarretou na expansão dos direitos civis no país.

Para Obrador, a quarta transformação aconteceria sob a liderança de seu partido, o Movimento de Regeneração Nacional (MORENA), e traria reformas jurídicas e legais para o país.

Apesar do discurso radical, o governo Obrador adotou uma postura pragmática e buscou a aproximação com os EUA. 

As duas nações assinaram o tratado de livre comércio na América do Norte intitulado USMCA, e que tornou a China o principal parceiro econômico americano. 

O político aceitou as exigências americanas para dificultar a passagem de imigrantes pelo país, o que tornou a passagem pelo México um impeditivo para a imigração ilegal nos EUA.

O governo MORENA criou a Guarda Nacional, instituição que dá a membros do exército poder de polícia para combater organizações criminosas. Apesar disso, a violência e o poder dos carteis não sofreram reduções durante o mandato.

O governo também aumentou os gastos públicos e impôs diversas medidas de redistribuição de renda, apesar disso o governo afirma manter a austeridade fiscal.

Outro ponto de preocupação é o suposto aparelhamento de instituições e centralização do poder por parte de Obrador, que tentou alterar a formação do tribunal responsável por fiscalizar as eleições para que os juízes responsáveis fossem eleitos e o número de fiscais reduzidos.

O MORENA também propõe que todos os ministros da Suprema Corte sejam eleitos pelo voto popular, projeto abraçado pela sucessora de Obrador.

Ao longo da campanha, Cláudia demonstrou simpatia pelas medidas tomadas por Obrador e se apresentou como continuadora de suas políticas. 

A candidata também deu foco para pautas ambientalistas, como renovação da matriz energética mexicana por uma mais limpa e sustentável.

O presidente também deve seguir influenciando as decisões de sua afilhada política e de seu partido, que conseguiu formar maioria no Legislativo. 

Apesar disso, a candidata ainda tem muitas diferenças em seu estilo de governo, mais técnico e próximo ao setor privado.