As consequências sociais do coronavírus são extensas e afetam a sociedade em diversas áreas. Vidas, economia, direitos e liberdades individuais são afetados pelas decisões dos governantes que tentam combater o que julgam perigoso.
Após um ano de convívio com o novo coronavírus, o que mudou na vida das pessoas?
O que mais afeta a sociedade: o ser humano ou o vírus?
Durante a Primeira Guerra Mundial, morreram aproximadamente 20 milhões de pessoas. Na Revolução Russa, os números variaram entre 20 e 60 milhões. Na Segunda Guerra Mundial, a estimativa aponta 60 milhões de mortos. Como um último exemplo, a Guerra Fria as revoluções que causou foram responsáveis por 80 milhões de mortes.
Em um levantamento do número de mortos por doenças virais, comuns em todo o mundo, percebem-se outros números.
A Gripe Espanhola foi responsável por aproximadamente 50 milhões de mortos. A AIDS foi responsável por 2,8 milhões. Sarampo, H2N2 e H3N3 juntos somam aproximadamente 5,2 milhões de mortos.
Estes dados não servem como justificativa para a desvalorização das vidas. Antes, são uma fonte para a conclusão: o próprio ser humano causa mais mortes do que os vírus.
Por esta razão, entende-se que os governantes tiranos são mais preocupantes do que as doenças, sem que estas deixem de ser importantes.
Mais uma vez na história, as pessoas vivem problemas políticos vinculados a problemas de saúde.
Entenda melhor o assunto assistindo o documentário abaixo, no qual a Brasil Paralelo faz 7 denúncias envolvendo o caso Covid-19.
Quais as consequências sociais do coronavírus?
O coronavírus causa prejuízo coletivo pela sequência de mazelas que causa. Muitas pessoas são infectadas e, decorrentemente, a sociedade inteira padece, seja na economia, no trabalho ou no sistema de saúde.
Esta é uma descrição da realidade. Diante dela, a reflexão proposta é saber até que ponto é viável propor sanções individuais como o único caminho para impedir o prejuízo coletivo.
O tema em questão passa a ser sobre as formas de obrigar um comportamento padrão aos outros.
As formas de coerção mais comuns na história são o uso do diálogo ou da força. Porém, como as sociedades se organizam em torno das autoridades que as governam, surge outra possibilidade.
Pessoas podem ser obrigadas a agir de um certo modo quando se requer que governantes usem o poder da lei. Entretanto, ao pedir a coerção do Estado, corre-se o risco de impor sanções erradas.
É completamente possível que leis erradas sejam impostas. Ao defender que o governo invada a liberdade, abre-se um precedente para que se intensifiquem as intervenções nas vidas de cada cidadão.
Em algum momento futuro, um governante que não possuir a aprovação da população poderá continuar a impor leis devido a autoridade que seus antecessores receberam.
Este é um dos problemas enfrentado ao abrir precedentes para a imposição de algo que se considera bom em um dado momento.
A respeito das consequências sociais do coronavírus, por exemplo, percebe-se que é natural que algumas pessoas tomem cuidados e outras não; que algumas empresas fechem e outras não.
O problema do coletivismo
Quando o governo adota um combate ao problema de forma coletivista, está determinando que todos devem fazer o mesmo. Os governantes alegam emitir decretos pelo bem comum e que supostamente representam todos os indivíduos.
Outro problema é a corrupção. O medo infligido conduz a população a aumentar o poder de um governante. Este, por sua vez, pode parar de agir pelo bem comum e agir pelos próprios interesses.
Quando o Estado recebe muitos poderes, é possível que comece a aproximar suas ações do modus operandi dos governos totalitários da história.
Diante dos problemas gerados pelo coronavírus, o mundo inteiro assistiu, constantemente, à violação dos direitos fundamentais.
Para vencer um vírus, é válido tirar o direito ao trabalho e a tentativa dos cidadãos sustentarem a própria família?
Autoridade da ciência e o coronavírus
O ser humano não é científico em si mesmo. As pessoas não agem de maneira científica, porque, afinal, a ciência é apenas um entre vários métodos de pesquisa.
O ser humano não é imparcial como pretende o método científico. Não separa-se das pessoas suas paixões, pontos de vista, interesses, desejos e afins.
Para o cientista, ser imparcial, racional e capaz de análise do observado é a exceção.
Segundo Daniel Kahneman, ganhador do Prêmio Nobel:
“A máquina de criar sentido produz interpretações coerentes e simples do mundo, e o faz através da negação da ambiguidade que realmente existe, já que quando ocorre a ambiguidade você escolhe uma interpretação do mundo em particular em detrimento de outras interpretações possíveis. Nesse sentido, vivemos subjetivamente em um mundo muito mais simples do que ele realmente é”.
Naturalmente, as pessoas substituem perguntas difíceis por perguntas simples, usando exemplos que conheçam para definir fatos desconhecidos e agir como se o que soubessem fosse tudo o que existe, na hora de prever aquilo que seria imprevisível.
O método científico envolve:
Estudo;
Experimento;
Descrição;
Clareza das variáveis;
Reprodução de experimentos;
Produto: inalterabilidade dos resultados.
Não é possível submeter toda a realidade dentro desse método. No entanto, atualmente, a ciência é usada como a autoridade que emite uma opinião conclusiva sobre os assuntos.
Trata-se de uma fantasia, porque a comunidade científica é descentralizada, possui intenso debate sobre quase a totalidade dos pontos. Cientistas podem ser financiados por governos e empresas e pesquisas podem ser enviesadas.
A ciência é uma busca e não uma conclusão.
Não existe unidade na ciência. Até mesmo grandes cientistas discordam entre si. Até mesmo temas banais, como os benefícios e malefícios de alimentos como ovos e café, seguem sendo permanentemente debatidos por especialistas.
Em meio às consequências do coronavírus e aos argumentos usados em nome da ciência, é necessário relembrar que cientistas não estão livres de serem parciais e falíveis.
A ciência é imparcial apenas depois da revisão de pares e dos papers acadêmicos.
No caso da Covid-19, os cientistas não dominam todas as variáveis do novo vírus. O cenário ainda é de incerteza e desconhecimento.
A instrumentalização política da ciência
Políticos precisam demonstrar certeza, controle e domínio. Durante o último ano, usaram o pretexto da ciência para obter esses efeitos, o que gera uma contradição. As decisões às quais o país assistiu e viveu foram escolhas de gestores públicos, não decisões científicas propriamente ditas.
Não compete aos cientistas tomar decisões globais. O método científico convive necessariamente com a dúvida e não emite certezas absolutas.
Em 2020 e em 2021 muitos governadores e prefeitos, por exemplo, buscaram legitimar suas decisões usando uma mentira: a de que exista uma unidade científica.
Quando se diz que algo éfeito em nome da ciência, significa dizer que algo é bom ou ruim, provado ou não?
Até mesmo a OMS (Organização Mundial da Saúde) não apresentou, desde o início das consequências do coronavírus até os dias atuais, uma explicação totalmente consistente.
Um forte exemplo dos problemas graves gerados pelos governantes que alegam representar a vontade geral do povo, pode ser visto na Revolução Francesa. Um governante, naquela época, podia representar todo o corpo social.
As consequências foram a proibição de partidos políticos, de veículos de imprensa, da Igreja, de livros, e 40 mil pessoas guilhotinadas em menos de um ano.
A frase abaixo, por exemplo, é de Hitler:
“O povo alemão é um só corpo, mas sua integridade está ameaçada. Para manter a saúde do povo, é preciso curar o corpo infestado de parasitas”.
Com a enviesada interpretação da teoria evolucionista (pretensamente científica), os nazistas decretaram que havia uma raça superior para a qual era preciso um território para se expandir. A classe médica era a com maior representação de todas dentro do Partido Nazista.
Em 1933, 44,8% dos médicos já estavam filiados ao partido. Eram eles que davam o diagnóstico Lebensunwerrtes leben (vida indigna de viver) aos recém nascidos de outras “raças”.
Com isso, pretendia-se significar que estava cientificamente provado que eram indignos de viver. O vice-líder do Partido Nazista afirmava que o nazismo consistia na biologia aplicada.
Esses exemplos, embora distantes no tempo, revelam similaridades em relação às consequências do coronavírus.
Quando um político arroga para si o poder de agir em nome da ciência, de Deus ou da vontade do povo, através da proliferação do medo ou da ausência de debate, é preciso ter cuidado.