Por décadas, El Salvador figurou entre os países mais violentos do planeta. Em 2015, El Salvador tinha uma taxa de homicídios de 103 por cada 100.000 habitantes.
As gangues dominavam bairros inteiros e a taxa de homicídios rivalizava com zonas de guerra. Os números apontavam a um média de 30 assassinatos diários, ou seja, 1 assassinato a cada 15 minutos.
Essa imagem começou a mudar em 2019, quando um empresário entrou na política com um programa político diferente da tradição do país. Nayib Bukele chegou à Presidência prometendo romper com o sistema tradicional e restaurar a segurança.
Cinco anos depois, o país vive uma transformação profunda, celebrada pela maioria da população e criticada por organismos internacionais.
O país sob a gestão Bukele recentemente atingiu o recorde de 1000 dias sem um homicídio.
De origem palestina, Bukele iniciou sua carreira como empresário e publicitário. Em 2012, entrou na política como prefeito de Nuevo Cuscatlán. Sua gestão na pequena cidade o consolidou o suficiente para vencer nas eleições à prefeitura da capital, San Salvador.
“O dinheiro alcança quando ninguém rouba”, foi um lema que repetiu como prefeito da capital.
Seu estilo gerou tensões com seu partido, o FMLN, de esquerda, que se alternava no poder com o ARENA, o partido tradicional de direita de El Salvador.
Após sua gestão como prefeito de San Salvador, decidiu entrar na corrida presidencial em 2019. Com apenas 38 anos, Bukele alcançou a presidência do país com 53% dos votos. Foi nesse momento que o famoso modelo de governo estaria prestes a ser criado.
O que Bukele fez em El Salvador?
Nayib Bukele assumiu o poder com o objetivo de restaurar a segurança no país também conhecido como a “capital mundial do crime”. Durante o primeiro ano, Bukele reduziu radicalmente o tamanho do Estado salvadorenho.
Nos dois anos seguintes, Bukele tentou aprovar seu famoso plano de segurança e navegar em paralelo à pandemia do COVID-19.
Em 2022, um massacre de 87 mortos em 72 horas ordenado pelas gangues MS-13 e Barrio 18 provocou um apoio institucional ao plano de Bukele, já apoiado pelo povo.
O plano que tinha sido rejeitado pela Assembleia Legislativa, foi aprovado por 80% dos seus deputados. Desde então, cerca de 76 mil pessoas foram presas, incluindo líderes das maras, as gangues mais perigosas do país, com presença internacional.
CECOT, o presídio especial para o crime organizado
Uma das políticas mais relevantes do governo Bukele foi a inauguração do maior presídio das Américas, o CECOT (Centro de Confinamento do Terrorismo), com capacidade para 40 mil detentos.
O CECOT recebe só criminosos ligados ao crime organizado. Nele, o detento recebe 0,6 metros quadrados de espaço e uma cama de metal que deixa só por 30 minutos ao dia para treinar (com seu próprio corpo).
Os prisioneiros comem com as mãos, pois "qualquer utensílio pode ser transformado em uma arma mortal”, segundo o diretor do CECOT.
Os números transformaram o país em uma das nações mais seguras do continente, segundo dados oficiais. Essa virada fez com que Bukele tenha uma aprovação de 85%.
O povo de El Salvador apoia Bukele?
Organizações internacionais e de Direitos Humanos criticam o governo Bukele desde seu começo. Anistia Internacional disse sobre o governo:
“[Bukele] está submetendo o povo a uma tragédia”.
Human Rights Watch defende ações diretas de organizações não eleitas pelos salvadorenhos contra seu próprio governo.
“A UE deve agir contra o desmantelamento da democracia em El Salvador”.
No entanto, pesquisas da Gallup mostram que 95% dos cidadãos apoiam suas políticas de segurança, 91% apoiam as medidas contra os criminosos, e a Polícia de El Salvador é uma das 15 polícias no mundo que possuem mais confiança.
El Salvador também é considerado um dos países mais seguros para se andar à noite.
Se você quer conhecer mais sobre o que está acontecendo no pequeno país da América Central, a Brasil Paralelo foi até lá em busca da verdade. Em breve, você poderá assistir ao documentário sobre El Salvador.