O MC Pozi do Rodo assumiu ter ligação com o Comando Vermelho (CV) após ser preso por apologia ao crime e suspeitas de tráfico de drogas.
Além das acusações de ligação com o tráfico, Poze do Rodo também é investigado por tortura e cárcere privado e acumula dez anotações criminais.
Ao preencher a ficha de triagem no Complexo de Gericinó, o cantor marcou a opção CV no campo "ideologia declarada".
No tópico, os detentos informam a qual facção pertencem para evitar conflitos entre facções nas unidades.
Com isso, ele foi encaminhado para a Penitenciária Serrano Neves, conhecida como Bangu 3, presídio que abriga outros membros do grupo.
No documento, o MC tinha nove opções na ficha:
A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) confirmou o procedimento:
"Durante os procedimentos de triagem, o citado declarou não ter problemas em conviver com a facção criminosa Comando Vermelho (CV). Em razão disso, foi direcionado à unidade prisional onde estão custodiados outros membros da mesma facção, conforme protocolo de segurança adotado pela pasta."
A prisão de Poze do Rodo é resultado de investigações que apontam para uma forte relação entre o artista e o Comando Vermelho.
A Justiça manteve sua prisão temporária por 30 dias após audiência de custódia. Ao ser transferido para a Polinter, Poze do Rodo afirmou que sua prisão era uma perseguição:
"Isso é perseguição, mané. Cara de pau, isso aí é perseguição. É indício, mas não tem prova com nada. Manda provar aí".
O MC também declarou que a polícia deveria ir atrás de criminosos nas comunidades, e não dele.
A Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) acusa Poze de utilizar suas músicas e shows para fazer "clara apologia ao tráfico de drogas e ao uso ilegal de armas de fogo".
Além disso, suas músicas "incitam confrontos armados entre facções rivais, o que frequentemente resulta em vítimas inocentes".
Os shows do funkeiro, em áreas dominadas pelo Comando Vermelho seria usado pela facção para aumentar seus lucros com a venda de entorpecentes.
Esse dinheiro seria revertido para a compra de mais drogas e armamentos. A Polícia Civil do Rio reforçou que as letras das músicas de Poze fariam apologia ao crime:
"[As letras das músicas] extrapolam os limites constitucionais da liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas."
O advogado de Poze, Fernando Henrique Cardoso Neves, classificou as acusações como "uma narrativa antiga":
"Queremos entender o motivo dessa nova prisão. Essa é uma narrativa já antiga. Se ele não for liberado, vamos entrar com um habeas corpus."
Em outra nota, o advogado negou as acusações da polícia:
"Negam-se todas as conclusões feitas, já que não há acusação formal, e que jamais poderia ser feita, já que peças artísticas não podem sequer serem cogitadas para averiguação de letras ou significados permitidos ou proibidos."
Poze do Rodo já admitiu seu envolvimento com o CV. Em uma entrevista à Globo, ele falou sobre essa fase de sua vida:
"Já troquei tiro, fui baleado e preso também. E eu pensei: vou querer ficar nessa vida aqui ou viver uma vida tranquila? Então, eu foquei em viver uma vida tranquila, batalhei e hoje em dia eu passo isso para a molecada: o crime não leva a lugar nenhum."
Em novembro do ano passado (2024), ele e sua então esposa, Viviane Noronha, foram alvo da Operação Rifa Limpa, que investigava sorteios ilegais nas redes sociais.
Na ocasião, carros de luxo e joias foram apreendidos, mas a Justiça determinou a devolução meses depois.
Após a decisão, Poze postou em suas redes sociais: "Eu só quero o que é meu, e o que Deus generosamente me dá."
A investigação que causou a prisão de Poze foi intensificada após a viralização de vídeos de um baile funk na Cidade de Deus, que aconteceu cerca de 15 dias antes.
Nas imagens, Poze se apresentava enquanto criminosos exibiam fuzis abertamente, sem qualquer receio de identificação.
Esse show ocorreu dias antes da morte do policial civil José Antônio Lourenço, da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), em uma operação na mesma comunidade.
A polícia também apura se a gravadora Mainstreet Records, que produz artistas como MC Cabelinho e Oruam, estaria sendo utilizada para apologia ao tráfico e lavagem de dinheiro.
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