No pôr do sol do dia 1º, a rotina dos Judeus se transforma. Aviões deixam de decolar, estradas ficam vazias e sinagogas se enchem.
Durante 25 horas, a vida coletiva desacelera diante de uma das datas mais importantes do judaísmo: o Yom Kippur, conhecido como Dia da Expiação.
Considerado o dia mais sagrado do calendário judaico, o Yom Kipur encerra os Dez Dias de Penitência, iniciados no Rosh Hashaná, o Ano-Novo judaico.
Segundo a tradição Judaica, é o momento em que Deus sela o julgamento sobre o destino das pessoas para o ano seguinte. Por meio do jejum, da oração e da caridade, fiéis buscam alterar esse veredito espiritual.
O Yom Kippur está associado a um episódio narrado na Torá. Após receber os Dez Mandamentos no Monte Sinai, Moisés desceu e encontrou o povo adorando o bezerro de ouro.
"No décimo dia do sétimo mês afligirás tua alma e não trabalharás, pois neste dia, a expiação será feita para te purificar; perante Deus serás purificado de todos teus pecados.", de acordo com a Torá.
O profeta quebrou as tábuas e pediu perdão a Deus em favor de Israel. O dia em que o perdão foi concedido ficou marcado como o início da celebração.
No calendário hebraico, o Yom Kippur ocorre em 10 de Tishrei, geralmente entre setembro e outubro no calendário ocidental.
O dia é marcado por restrições que vão além do jejum de comida e bebida. Muitos judeus evitam banhos de prazer, perfumes, sapatos de couro e relações sexuais. O objetivo é “afligir a alma” e concentrar-se no aspecto espiritual.
As sinagogas se tornam o centro da vida comunitária. São realizadas cinco orações ao longo do dia o maior número do ano judaico. Entre elas:
O toque do shofar, o chifre de carneiro, encerra o período de restrições e anuncia o fim do jejum, geralmente quebrado em família.
O Yom Kippur é celebrado em diferentes intensidades. Judeus ortodoxos seguem as normas mais rígidas, enquanto correntes conservadoras e reformistas adaptam a tradição.
Mesmo judeus que não praticam regularmente a fé costumam ir à sinagoga nesse dia, reforçando o caráter identitário da data.
Além do aspecto religioso, o Yom Kippur tem dimensão civil em Israel. Transportes públicos e emissoras de televisão param quase por completo. Ruas ficam praticamente desertas e o espaço aéreo é fechado.
O silêncio coletivo transforma o país num cenário incomum para uma sociedade marcada pela intensidade da vida urbana.
Rabinos descrevem o Yom Kippur como um momento de balanço espiritual e social. Os pecados são confessados em comunidade, reforçando a ideia de responsabilidade coletiva. Muitos vestem branco, cor que simboliza pureza e mortalha ao mesmo tempo.
Mais do que pedir a remissão de erros, o dia é interpretado como uma oportunidade de purificação da alma e de renovação das relações com Deus e com a comunidade.
A data também entrou para a história recente. Em 1973, durante o jejum, uma coalizão de países árabes lançou um ataque-surpresa contra Israel.
O conflito ficou conhecido como Guerra do Yom Kippur e marcou a política do Oriente Médio nas décadas seguintes. Desde então, a data carrega também essa memória nacional.
O Yom Kippur atravessou séculos e permanece central na vida judaica. É um dia que combina silêncio, reflexão e rituais coletivos, funcionando como um marco cultural e religioso para milhões de judeus no mundo.
Hoje, o Yom Kippur é observado por comunidades judaicas em todo o mundo e, em Israel, paralisa serviços públicos, transportes e até o espaço aéreo.
Seja nas orações coletivas nas sinagogas ou no silêncio das ruas, a data segue como o ponto mais marcante do calendário judaico.
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