No Irã, leis baseadas na interpretação religiosa do islamismo regulam desde a forma como as mulheres se vestem até o direito de viajar e trabalhar.
A "polícia da moralidade" fiscaliza suas roupas, elas precisam de permissão do marido para sair do país ou aceitar um emprego.
Além disso, seus testemunhos e direitos herdados valem metade do que os dos homens. Essas regras são pilares de um sistema de desigualdade legal que molda o cotidiano feminino no país.
O Irã passou por uma revolução que levou líderes religiosos a assumirem o comando do Estado em 1979.
A situação das mulheres no país mudou muito desde então, o regime xiita criou uma série de medidas baseadas em sua interpretação da lei islâmica (sharia).
Um dos exemplos mais emblemáticos disso é o uso obrigatório do hijab, o véu usado pelas mulheres muçulmanas para cobrir a cabeça e o pescoço.
No Irã, essa não é uma escolha religiosa, mas uma imposição legal para todas as mulheres a partir dos nove anos de idade.
O não cumprimento do código de vestimenta, que proíbe roupas justas ou que mostrem o corpo, pode levar a multas e até prisão.
A fiscalização é feita pela "polícia da moralidade", chamada Gasht-e Ershad, por milícias do Estado e grupos de vigilantes.
Além da vigilância nas ruas, um relatório da ONU apontou que o regime iraniano ampliou o uso de tecnologias para monitorar as mulheres.
Isso inclui o uso de drones em Teerã para verificar se as mulheres estão vestidas em conformidade com a lei.
Também estão sendo utilizadas tecnologias de reconhecimento facial e até aplicativos como o "Nazer", que permite a qualquer cidadão registrar a placa de um veículo em que uma mulher foi vista sem o hijab.
Além disso, o regime também obriga que as mulheres tenham autorização de seus maridos para trabalhar e para obter um passaporte de viagens.
De acordo com o Código Civil do país, um homem pode proibir sua esposa de exercer certas profissões se as considerar "contrárias aos valores familiares".
Além disso, uma mulher casada não pode obter um passaporte ou viajar para fora do país sem a permissão por escrito do marido, que pode revogar essa permissão a qualquer momento.
A repressão às mulheres no Irã se estende por diversas áreas da vida civil e legal, tratando-as como cidadãs de segunda classe.
Segundo reportagem da BBC, isso se apresenta de diversas formas, como:
Uma das medidas mais polêmicas autorizadas pelo regime é o casamento de meninas a partir dos 13 anos de idade. A idade já foi de 9 anos, mas aumentou nas últimas décadas.
Matrimônios antes dessa idade também são permitidos, desde que autorizados pela Justiça, o que não é raro, segundo matéria da Gazeta do Povo. A idade já foi de 9 anos, mas aumentou nas últimas décadas.
Dados do Centro Nacional de Estatísticas do Irã indicam que, entre 2021 e 2022, mais de 33.240 meninas com menos de 15 anos se casaram no país.
A ONG "Girls Not Brides" afirma que essa prática é motivada por "tradições nocivas, honra familiar e deslocamento forçado", e que os impactos podem ser devastadores, gerando abusos e mortes.
"A República Islâmica permite que meninas se casem aos 13 anos e não as protege de maridos violentos e abusivos — e depois as condena à morte quando cometem atos desesperados para escapar dos crimes cometidos contra elas", afirmou a Diretor Executivo do Centro de Direitos Humanos no Irã (CHRI), Hadi Ghaemi, à página de Direitos Humanos do Irã (Iran Human Rights).
Segundo a BBC, casamentos com menores de idade são mais comuns nas zonas rurais do país e costumam ser mal vistos pelos setores mais escolarizados da sociedade.
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