


Roma vive seus dias mais cruéis. O imperador Nero transforma o medo em política e faz da perseguição aos cristãos um espetáculo público. É nesse cenário que Paulo aguarda o fim da própria vida, preso, enfraquecido pelo tempo, mas sustentado por uma fé que não cede.
O filme acompanha esse último período do apóstolo enquanto ele revisita sua trajetória ao lado de Lucas, o evangelista. As conversas entre os dois não são apenas relatos do passado, mas testemunhos de uma transformação radical: a passagem de um perseguidor violento para um homem disposto a entregar tudo por aquilo em que acredita.
Paulo: Apóstolo de Cristo não segue uma narrativa linear nem se apoia em grandes discursos. A força do filme está no silêncio, nos gestos contidos e no contraste entre a brutalidade do mundo ao redor e a convicção interior dos que permanecem fiéis. A fé não aparece como triunfo imediato, mas como resistência diária em meio ao sofrimento.
Enquanto a comunidade cristã romana enfrenta prisões, perdas e mortes, o espectador é levado a contemplar o sentido da esperança quando todas as saídas parecem fechadas. O filme convida a olhar para além da violência visível e perceber como escolhas individuais podem atravessar o tempo e moldar a história.
Dirigido por Andrew Hyatt, o longa oferece uma experiência sóbria, intensa e profundamente humana. Não é apenas um retrato de Paulo, mas um mergulho em um dos momentos mais decisivos do cristianismo — e na pergunta que atravessa o filme do início ao fim: o que vale a pena sustentar quando tudo pode ser perdido?