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Atualidades
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O cientista que projetou a bomba mais letal da história e lutou para conter seus efeitos

Richard Garwin criou a primeira bomba de hidrogênio aos 23 anos, mas passou mais de 50 anos em silêncio sobre sua autoria. Conheça sua história

Por
Redação Brasil Paralelo
Publicado em
22/5/2025 18:13
AP

Com informações do The New York Times.

Em novembro de 1952, um teste militar no Pacífico marcou a explosão da arma mais poderosa já criada pelo homem até aquele momento.

Batizada de Ivy Mike, a bomba de hidrogênio destruiu completamente uma ilha e gerou uma nuvem atômica de mais de 160 km de largura.

O projeto por trás dessa super arma havia sido elaborado um ano antes, por um jovem físico de apenas 23 anos: Richard Garwin.

Filho de um professor de eletrônica, Garwin nasceu em Cleveland, nos Estados Unidos, em 1928. Ainda criança, desmontava e remontava eletrodomésticos com facilidade.

Joel Shurkin, na biografia de Garwin, revelou que o jovem, aos 19 anos, já estava formado em física, e logo ingressaria em um doutorado orientado por Enrico Fermi, prêmio Nobel e um dos fundadores da era nuclear.

Foi Fermi quem levou Garwin para Los Alamos, o centro de pesquisa onde a primeira bomba atômica havia sido desenvolvida

Na década de 1950, o desafio era outro: desenvolver uma arma termonuclear baseada no princípio da fusão, o mesmo processo que alimenta as estrelas.

Garwin transformou um esboço técnico dos cientistas Edward Teller e Stanislaw Ulam em um projeto viável. Segundo o próprio Teller, “aquele primeiro design foi feito por Dick Garwin”.

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Garwin não revelou seu papel de destaque na criação da bomba

Garwin manteve em segredo seu papel central na criação da bomba H por mais de 50 anos. Nem mesmo sua família sabia.

O motivo, segundo ele, era a preocupação com segurança nacional: receava que parentes desavisados pudessem se tornar alvos de espionagem.

A revelação pública só veio em 2001, após a divulgação de uma gravação de Edward Teller, em que o cientista confirmava a autoria técnica de Garwin no projeto da bomba.

Teste Ivy Mike. Imagem: reprodução Youtube
Teste Ivy Mike. Imagem: reprodução Youtube

A notícia surpreendeu até colegas próximos, que jamais haviam ouvido essa história diretamente do físico.

O arrependimento passou a vida de Garwin

Em 1954, nos últimos dias de vida de Enrico Fermi, Garwin visitou o mentor e ouviu dele uma confissão que mudaria o rumo de sua vida. Fermi lamentava não ter se envolvido mais nas grandes decisões políticas ligadas à ciência.

A fala ficou marcada em Garwin. A partir de então, ele passou a atuar como conselheiro informal de líderes políticos, participando da formulação de políticas públicas e do controle de armas.

Ao todo, auxiliou 13 presidentes dos Estados Unidos, sempre nos bastidores.

“Se eu pudesse fazer a bomba H desaparecer com uma varinha, eu faria”, disse Garwin em uma de suas últimas entrevistas.

Seu ativismo pela não proliferação nuclear passou a guiar sua atuação, mesmo sem jamais negar que o desenvolvimento da bomba seria, segundo ele, “inevitável”.

Um cientista de muitos talentos

Apesar de sua atuação marcante no campo militar, Garwin também contribuiu significativamente para outros campos da ciência.

  • Trabalhou com física de partículas, astronomia, computação, ondas gravitacionais e engenharia elétrica.

Participou do desenvolvimento de tecnologias que iam de reconhecimento orbital a detectores de ondas gravitacionais, como os que confirmaram a teoria de Einstein em 2015.

Costumava dizer aos mais jovens que era possível realizar algo importante ou receber o crédito por isso, raramente ambos.

Seu biógrafo, Joel Shurkin o chamou de o cientista mais influente que você nunca ouviu falar”.

O tamanho de sua criação

A bomba de hidrogênio projetada por Garwin era quase mil vezes mais potente do que a que devastou Hiroshima.

Estimativas da Guerra Fria sugeriam que uma versão ampliada do projeto poderia destruir um país inteiro. Era, de fato, um novo tipo de arma: de capacidade ilimitada.

Mesmo assim, Garwin não assumia responsabilidade moral direta pela invenção.

“Talvez eu tenha acelerado seu desenvolvimento por um ano ou dois. Isso é tudo”, afirmou.

Acreditava que, cedo ou tarde, outra equipe teria chegado à mesma conclusão.

Mais do que o poder destrutivo da bomba, Garwin temia a multiplicação dos arsenais nucleares. 

O verdadeiro perigo está em haver tantas armas. Isso aumenta os riscos de erro, roubo ou uso acidental”, disse.

Mesmo após o reconhecimento, viveu seus últimos anos de modo discreto

Richard Garwin morreu em 13 de maio de 2024, aos 97 anos. Mesmo reconhecido por seu brilhantismo e conselheiro de presidentes, viveu com discrição e evitou se projetar como figura pública.

Recusou-se a escrever memórias. “É um trabalho impossível”, disse em sua última entrevista.

Sua trajetória foi marcada por um paradoxo raro: foi o criador da arma mais destrutiva da história, mas lutou por décadas para evitar que ela fosse usada. Modelou-se no arrependimento de Fermi, e dedicou a vida a evitar que outros cientistas precisassem, um dia, sentir o mesmo.

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