Relembre o caso
O caso teve início em 2018, quando Pedro, diagnosticado com DGC (doença granulomatosa crônica), foi internado para transplante de medula. A condição genética compromete a capacidade do organismo de combater infecções.
De acordo com o Ministério Público, o bebê recebeu uma dose de timoglobulina e logo apresentou sinais de dor. Os sintomas se agravaram: choro intenso, gritos, palidez e aumento do volume abdominal.
Os pais afirmam que chamaram médicos diversas vezes, mas a equipe só teria ido ao quarto após uma parada cardiorrespiratória. Mesmo assim, relatam, Pedro não foi levado imediatamente à UTI por falta de vagas.
Ele recebeu duas doses de morfina, passou por uma segunda parada cardiorrespiratória e morreu na manhã seguinte.
Para os advogados da família houve negligência. Eles afirmam que a médica foi avisada diversas vezes pela enfermagem, mas não compareceu ao quarto, não solicitou exames e não acionou outro plantonista.
A desembargadora Isaura Barreira, relatora do processo, afirmou que os sinais clínicos exigiam intervenção imediata e que, com atuação médica adequada, o sofrimento prolongado poderia ter sido evitado.
A magistrada reforçou que houve tentativas reiteradas dos pais de obter ajuda e acionamentos tardios da equipe de resposta.
Em nota, os advogados da médica, Douglas Goulart e Rinaldo Lagonegro Jr., afirmaram que a decisão “não seguiu o costumeiro acerto” e desconsiderou provas testemunhais e documentais que isentariam Alessandra.
Eles argumentam que a médica é especialista reconhecida e que estava fora da unidade após longo plantão, sem acesso a informações que indicassem agravamento do quadro.
A defesa também sustenta que o tribunal ignorou registros de enfermagem que, segundo eles, não apontavam alteração nos sinais vitais.
Afirmam ainda que a perita judicial declarou ser impossível atribuir responsabilidade individual ao caso, que poderia resultar de uma fatalidade da própria doença.
Os familiares afirmam não compreender por que o Cremesp ainda não concluiu o procedimento administrativo sobre a conduta da médica.
Segundo eles, tudo ocorre sob sigilo e não há informações claras sobre o andamento.