Da rua para à retomada dos estudos
Walmerinston deixou a escola aos 17 anos, quando cursava o 8º ano. Desde então, viveu por décadas em situação de rua na Região Metropolitana de Belém, trabalhando em atividades informais para sobreviver.
Ele contou que, nesse período, era frequentemente associado ao crime e ao uso de drogas por causa da aparência e da condição social, percepções que, segundo ele, reforçaram o sentimento de exclusão.
O incômodo com esses julgamentos o levou a recolher livros descartados no lixo e a estudar por conta própria enquanto continuava catando recicláveis.
A mudança começou quando Walmerinston ingressou na EJA.
- Ensino fundamental – concluído na Escola Estadual Gregório de Almeida Brito, em Ananindeua.
- Ensino médio – finalizado na Escola Estadual Luiz Nunes Direito, no bairro do Coqueiro.
Ele relatou que voltar à sala de aula depois de tantos anos trouxe vergonha e dificuldade de acompanhar colegas mais jovens, mas que insistiu até concluir todas as etapas.
Em 2025, conseguiu a aprovação na UFPA e ingressou oficialmente na universidade em março.
A vida universitária aos 64 anos
Quase um ano após o ingresso, Walmerinston segue frequentando as aulas e participando da rotina acadêmica. Ele afirma que a vaga representa a chance de reorganizar a própria vida e ampliar suas possibilidades profissionais.
Os planos são claros: concluir o curso de Letras, atuar como professor e, no futuro, escrever um livro contando sua história.
A Secretaria de Educação do Pará considera a história de Walmerinston um exemplo do impacto social da EJA.
Mesmo diante das dificuldades, Walmerinston afirmou que voltar a estudar “renova o espírito” e que considera o conhecimento um “tesouro” capaz de abrir novas portas.
Ele diz que pretende seguir até o fim da graduação e reforça que, na visão dele, sempre existe tempo para retomar os estudos.