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Papa Leão XIV à esquerda e Papa Leão XIII à direita.
No dia 5 de maio de 1888, às vésperas da assinatura da Lei Áurea, o Papa Leão XIII dirigiu-se diretamente ao Brasil com uma mensagem clara e inédita: a escravidão precisava acabar.
Foi nessa data que ele enviou aos bispos brasileiros a carta apostólica In Plurimis, escrita exclusivamente para o país, em um dos momentos mais decisivos de sua história.
A carta não era apenas um apelo moral, era um gesto político, pastoral e simbólico. Leão XIII elogiava o avanço do Brasil rumo à abolição e chamava a escravidão de uma “mancha” a ser apagada:
“Vós, ilustres irmãos, tendes a glória de ter contribuído de modo importante para apagar essa mancha da escravidão do vosso país.”, diz o documento.
Uma denúncia pública da escravidão
Ao longo do documento, o Papa foi incisivo. Condenou a escravidão como uma prática contrária ao direito natural e divino, denunciando a transformação de seres humanos em mercadorias. Ele escreveu que os escravos eram “coisas” sem direitos, sujeitas à compra, venda, punição e até morte:
“As multidões de escravos eram consideradas somente como bens, não pessoas, mas coisas, privadas de todo direito... Era lícito aos donos trocar, vender, deixar em herança, bater, matar os escravos.”, afirmou o papa Leão XIII.
Leão XIII continuou:
“Com a vinda de Jesus Cristo, todos os que estavam sob o jugo da escravidão do pecado foram chamados à dignidade sublime de filhos de Deus.”
Papa Leão XIII também elogiou o processo de abolição no Brasil
Diferente de outros países, onde a abolição veio acompanhada de guerra civil e ruptura violenta, o Papa destacou a singularidade brasileira: a libertação ocorreu sem sangue, com festa popular e conciliação. Era, segundo ele, um motivo de orgulho nacional:
“O Brasil pode se vangloriar de ter agido com moderação e justiça: sem guerras civis, sem represálias, com festas, as correntes caíram.”, disse ele na Bula In Plurimis.
Esse olhar atento ao contexto local, segundo o pesquisador Ivanaldo Santos, revela o peso político do documento. A carta foi lida em igrejas, publicada em jornais e repercutida entre os aliados da monarquia, incluindo dom Pedro II e a princesa Isabel. Era, nas palavras do autor, “uma doutrina católica da libertação dos escravos”.
Leão XIII também propôs mudanças
Além de condenar o passado escravista, Leão XIII propôs um futuro. Pediu que a abolição não se tornasse fonte de novos conflitos, mas oportunidade para reconstruir o país em bases mais fraternas:
“Devem estabelecer, pacificamente e de maneira cristã, todos os acordos a tomar, para que seja suprimida e cancelada a escravidão... sem nenhuma violação do direito humano e divino.”, disse.
Um marco na história da abolição
A In Plurimis é um dos documentos mais importantes da história da abolição no Brasil e da doutrina social da Igreja. Nela, um Papa olhou diretamente para o país, reconheceu sua luta e abençoou o fim da escravidão com palavras firmes, teológicas e históricas.
Contudo, a escravidão no Brasil acabou por uma soma de fatores complexos e que envolveu diferentes pessoas. Desde militares egressos da guerra do Paraguai, políticos no parlamento, escravos e ex-escravos.
Esse período é analisado com mais profundidade no documentário da Brasil Paralelo sobre História do Brasil. Assista ao primeiro episódio logo abaixo:
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