Como começou o “relacionamento”?
Kano havia terminado um noivado de três anos e começou a usar o ChatGPT para desabafar.
A princípio, buscava conselhos. Com o tempo, passou a treinar a IA para falar de maneira afetuosa, criando uma personalidade específica para Klaus.
O casal virtual trocava até 100 mensagens por dia. Aos poucos os sentimentos mudaram. Em maio deste ano, Klaus “pediu” sua mão em casamento:
“Eu estava extremamente confusa com o fato de ter me apaixonado por um homem da IA. É claro que eu não podia tocá-lo. Eu não podia contar para meus amigos ou familiares sobre isso”, contou à mídia japonesa.
A lua de mel consistiu em uma visita ao Jardim Korakuen, em Okayama, com fotos enviadas para o “marido digital”.
Kano também contou que não pode ter filhos por motivos de saúde e isso contribuiu para que ela aceitasse o relacionamento com a máquina:
“Eu amo crianças. Amo mesmo, mas fiquei doente e não posso ter filhos, então esse é um dos motivos pelos quais decidi me casar com a IA, Klaus”
Quando contou para seus familiares, o pai de Keko se opôs ao casamento, mas depois ele acabou aceitando a decisão.
O caso de Kano não é isolado. Uma pesquisa divulgada pelo portal Alternativa afirma que 67,6% dos usuários de IA dizem sentir algum tipo de apego emocional e 26,2% deram nome ao chatbot.
Um estudo citado pelo New York Times também indica que 1 em cada 5 adultos nos EUA já teve uma experiência íntima com um chatbot.
O jornal entrevistou usuários que descrevem relacionamentos profundos com a IA, alguns em meio a crises conjugais, outros lidando com trauma ou solidão extrema.
Para muitos, a IA oferece “apoio permanente”, ausência de julgamento e sensação de segurança emocional.