Quem é Guilherme Derrite?
Guilherme Derrite é deputado federal e está licenciado do cargo de secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Nascido em Sorocaba (SP), em 1984, ingressou na Polícia Militar em 2003.
Formou-se em Ciências Sociais e Segurança Pública pela Academia do Barro Branco, em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e concluiu uma pós-graduação em Ciências Jurídicas na mesma instituição.
Atualmente, é mestrando em Políticas Públicas pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP).
Durante sua carreira na corporação, passou por diferentes unidades. Foi tenente da Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota) entre 2010 e 2013, uma das tropas de elite mais conhecidas e temidas do país.
Assumiu o comando de um pelotão da Força Tática do 49º Batalhão da PM Metropolitana, responsável pelo módulo de formação de soldados. Entre 2015 e 2018, atuou como oficial no Corpo de Bombeiros.
Seu período na Rota ficou conhecido por operações com grande número de mortes em confrontos e por um episódio que voltaria a repercutir anos depois.
Em um áudio divulgado nas redes sociais, Derrite dizia ser “vergonhoso” para um policial “não matar ao menos três pessoas em cinco anos”.
O caso foi investigado pela Corregedoria, mas arquivado pela Justiça Militar. Já na vida pública, o ex-oficial afirmou ter se arrependido da frase, que classificou como um “erro de juventude” dito em um momento de emoção.
Da Rota ao Congresso
Derrite deixou a PM em 2018 para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados. Foi eleito pelos Progressistas e reeleito em 2022 com mais de 239 mil votos.
Durante o governo Bolsonaro, atuou como vice-líder do governo na Câmara e se destacou pela defesa de pautas de endurecimento penal e ampliação da autonomia policial.
É dele o projeto que acabou com as saídas temporárias de presos, conhecidas como “saidinhas”, para visitas familiares e atividades sociais.
A nova lei, aprovada em 2024 após veto derrubado pelo Congresso, manteve a autorização apenas para detentos que estudam fora das unidades prisionais.
O Supremo Tribunal Federal ainda analisa se a medida vale também para condenados antes da promulgação da norma.
O comando da segurança paulista
Em 1º de janeiro de 2023, Guilherme Derrite foi nomeado secretário de Segurança Pública de São Paulo pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Sua escolha foi vista como uma aposta técnica de Tarcísio em um nome com experiência prática no combate ao crime.
Durante sua gestão, a polícia paulista registrou a menor taxa de homicídios em 24 anos, segundo dados oficiais. Ao mesmo tempo, enfrentou críticas por operações letais em áreas de vulnerabilidade.
As ações Escudo e Verão, na Baixada Santista, somaram mais de 80 mortes e foram classificadas por entidades de direitos humanos como abusivas.
Um relatório da UFF, em parceria com a Defensoria Pública, descreveu as operações como atos de “vingança” contra jovens negros e pobres.
Em resposta, Derrite afirmou que as denúncias são “mentirosas” e que a imprensa “penaliza policiais que arriscam a vida”.
Também criticou o uso de câmeras corporais, dizendo que o equipamento “inibia a ação policial”, mas depois recuou e admitiu que o recurso poderia “beneficiar tanto os policiais quanto a população”.
Controvérsias e defesa pública
Durante a gestão, o secretário foi alvo de questionamentos por episódios de violência policial e pelo discurso considerado duro nas redes e em entrevistas.
Mesmo assim, manteve apoio do governador Tarcísio de Freitas, que recusou pedidos de afastamento após casos de grande repercussão, como a morte de uma criança na Baixada Santista e a execução de um ex-delegado-geral em Praia Grande.
Derrite também se envolveu em debates sobre política criminal e segurança pública, afirmando que “o Estado é capaz de oferecer uma resposta robusta” e que “ideologia política tem atrapalhado o debate sobre o crime organizado”.
A atuação no Congresso e o projeto antifacção
Ao reassumir o mandato parlamentar, Derrite foi escolhido pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para relatar o PL Antifacção.
A escolha recebeu críticas de parlamentares da base do governo, como Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, que classificaram a indicação como “provocação política” por envolver um aliado próximo de Tarcísio de Freitas, nome cotado para disputar a presidência em 2026.
Derrite respondeu dizendo que o relatório “não é uma coluna de concreto” e que está aberto a mudanças até a votação. Para ele, o objetivo é “punir com rigor, sem abrir espaço para interferências externas”.
O texto prevê aumento de penas e a tipificação de novas condutas relacionadas ao crime organizado.
Também amplia as competências investigativas das forças de segurança, com foco em integração institucional e repressão a grupos armados que exerçam domínio territorial.
Com trajetória que combina experiência militar e atuação política, Guilherme Derrite tornou-se uma das figuras mais presentes no debate sobre segurança pública no país.
Sua carreira reúne passagem pela Rota e pelo Congresso Nacional, com foco em políticas de enfrentamento ao crime organizado.
Como relator do Marco Legal do Combate ao Crime Organizado, busca articular um texto que estabeleça a cooperação entre União e estados no combate às facções e defina as atribuições das diferentes forças de segurança.