O governo do Nepal nomeou a ex-presidente da Suprema Corte Sushila Karki como primeira-ministra interina.
Ela é a primeira mulher a ocupar o cargo e terá a missão de conduzir a transição política depois de uma semana de protestos que derrubaram o governo.
A posse aconteceu nesta sexta-feira (12). Karki já havia sido juíza-chefe entre 2016 e 2017, tornando-se a única mulher a liderar a Suprema Corte do país.
Nesse período, participou de julgamentos importantes sobre justiça de transição e chegou a enfrentar um processo de impeachment, retirado após forte pressão popular.
Nascida em Biratnagar, a 400 km da capital Katmandu, Karki estudou Ciência Política e Direito antes de iniciar a carreira jurídica. É casada com Durga Prasad Subedi, ex-líder da ala jovem do Parlamento.
Com a renúncia do premiê K.P. Sharma Oli e o toque de recolher decretado pelos militares em Katmandu, a busca por um novo líder realizada em um ambiente inesperado: o Discord.
Jovens ativistas e membros da organização cívica Hami Nepal usaram a plataforma para criar uma espécie de convenção nacional digital. O encontro foi acompanhado pela televisão e transmitido em sites de notícias.
“O Parlamento do Nepal agora é o Discord”, disse Sid Ghimiri, 23, criador de conteúdo da capital.
Nas salas virtuais, participaram nomes como Sagar Dhakal, ex-candidato político, e Kul Man Ghising, ex-diretor da Autoridade de Eletricidade.
Após longos debates e votações online, o grupo chegou a um consenso: propor o nome de Sushila Karki ao Exército, que concentra o poder de decisão durante a transição.
Oli, 73 anos, líder do Partido Comunista, deixou o cargo na terça-feira (9) em meio à escalada de violência.
Em carta ao presidente, disse que sua saída tinha como objetivo “facilitar novos esforços em direção a uma solução política constitucional”.
Durante os atos, manifestantes incendiaram o Parlamento, prédios públicos e casas de ministros, incluindo a residência de Oli e a do próprio presidente.
O aeroporto de Katmandu chegou a ser fechado, e helicópteros militares foram usados para retirar autoridades.
O estopim foi a decisão do governo de bloquear 26 redes sociais, como Facebook, WhatsApp, YouTube e X. A justificativa oficial foi a falta de registro das plataformas junto ao Estado.
Mesmo após o desbloqueio, a repressão policial manteve a indignação nas ruas. Pelo menos 51 pessoas morreram desde a última segunda-feira (8), e mais de 400 ficaram feridas.
Jovens lideraram os protestos com gritos como: “Punam os assassinos do governo. Parem de matar crianças”.
A crise se agravou com o desemprego entre jovens, que chega a 20% na faixa de 15 a 24 anos, segundo o Banco Mundial, e pelo baixo PIB per capita, de US$ 1.447 (R$ 7.800).
A instabilidade também levou a fugas em massa: cerca de 13.500 presos escaparam de cadeias em todo o país. Até quinta-feira (11), apenas 200 haviam sido recapturados, deixando mais de 12 mil foragidos.
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