O primeiro-ministro do Nepal, Khadga Prasad Sharma (K. P.) Oli, renunciou ao cargo na manhã desta terça-feira (9). Em carta enviada ao presidente Ramchandra Paudel, afirmou que sua saída poderia facilitar uma “solução política”.
“Considerando a situação extraordinária que prevalece no país e a fim de facilitar novos esforços em direção a uma solução política constitucional e à resolução do problema, renuncio ao cargo de Primeiro-Ministro, com efeito imediato, nos termos do Artigo 77(1)a da Constituição”.
A renúncia acontece após uma semana de forte turbulência. O governo determinou o bloqueio de 26 redes sociais sob a justificativa de que as plataformas não haviam se registrado nem se submetido à regulação do Estado.
A medida levou milhares de jovens às ruas da Capital Katmandu. Forças de segurança abriram fogo contra manifestantes, deixando 19 mortos e cerca de 400 feridos.
A escalada de violência resultou em ataques a prédios públicos e residências de autoridades. O complexo do Parlamento foi incendiado, assim como as casas do próprio Oli e do presidente Ramchandra Paudel.
O aeroporto de Katmandu chegou a ser fechado, e helicópteros do Exército foram usados para retirar autoridades para locais seguros.
Khadga Prasad Sharma Oli nasceu em 23 de fevereiro de 1952, no leste do Nepal. Ingressou na militância comunista na juventude e foi preso diversas vezes durante o regime monárquico.
Entre 1973 e 1987, cumpriu 14 anos de prisão, incluindo quatro em confinamento solitário. Após anistia real, retomou a atividade política e ascendeu no então Partido Comunista do Nepal.
É filiado ao Partido Comunista do Nepal (Marxista-Leninista Unificado) — CPN-UML —, que preside desde 2014. Foi primeiro-ministro em três períodos: 2015-2016, 2018-2021 e 2024-2025.
Foi primeiro-ministro em 3 oportunidades.
Oli se identifica como marxista-leninista e nacionalista. Defende “democracia multipartidária popular”, soberania nacional e ênfase em desenvolvimento econômico e estabilidade.
Ganhou apoio interno ao resistir a pressões externas, sobretudo durante o bloqueio de fronteira com a Índia em 2015, e adotou retórica de forte autonomia do Nepal.
Com a Índia, a convivência alternou cooperação e atritos, especialmente após 2015, quando houve o bloqueio das fronteiras, disputas territoriais e discursos alimentaram tensões diplomáticas.
Com a China, Oli aprofundou vínculos econômicos e de infraestrutura, buscando reduzir a dependência histórica de rotas indianas e atrair investimentos.
Sharma permanece como presidente do CPN-UML e figura influente na oposição. A sucessão passa por articulação entre partidos, avaliação do presidente Paudel e calendário constitucional.
A renúncia de K. P. Sharma Oli encerra um terceiro mandato marcado por nacionalismo, aposta em novos alinhamentos externos e forte turbulência interna.
O gatilho imediato foi o bloqueio de 26 plataformas e a repressão aos protestos, que deixaram mortos e feridos e levaram a atos contra prédios públicos e residências.
O Nepal entra, agora, em fase delicada de transição, com desafios simultâneos de segurança, legitimidade política e recomposição institucional.
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